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Interessante trabalho da
Academia Brasileira de Ciências relata grandes problemas do ensino superior brasileiro. Com a mudança de enfoque – o sistema de cotas – praticamente ninguém discute a qualidade do ensino, sua formatação e o investimento do Estado.
Apenas para exemplificar, o Pobre Pampa separou alguns dos itens marcados pela ABC, embora recomende a leitura de todo o trabalho, pois vale a pena.
A EDUCAÇÃO SUPERIOR NÃO SE RESTRINGE AO ENSINO UNIVERSITÁRIO – A ABC recomenda que cursos profissionalizantes, com duração de até dois anos, sejam também incluídos na discussão;
RECURSOS DO ORÇAMENTO – Segundo a ABC, o Brasil investe apenas 4% do PIB na educação, enquanto outros países atingem 6%, sendo 21% deste, destinado ao ensino superior, (Nota do PP: outros autores alegam que mais de 70% do orçamento público federal fica com as universidades, que congregam um universo de somente 2% do público estudante).
A DISTRIBUIÇÃO DE MATRÍCULAS POR ÁREA DE CONHECIMENTO PRECISA SER CORRIGIDA - Este é um tópico muito interessante, pois demonstra que não há um real interesse no desenvolvimento do País e da sociedade brasileira como um todo, mas apenas a criação de cursos superiores: 69% das matrículas em instituições de ensino superior no Brasil situam-se em ciências humanas e sociais, apenas 13% em ciências da saúde, 11% em engenharias e ciências tecnológicas, 4% em ciências exatas, 2% em ciências agrárias, e 1% em outras áreas. Não que cursos em ciências humanas não sejam necessários, mas é óbvio que proliferam por precisarem de menor investimento para sua implantação.
A INCLUSÃO SOCIAL E A DIVERSIDADE DEVEM SER INCENTIVADAS SEM PREJUÍZO DA QUALIDADE. A melhor maneira de favorecer a inclusão social por meio de iniciativas ao alcance de instituições de educação superior é o incentivo a cursos noturnos e a atividades de reforço da educação em nível médio para comunidades carentes, a diversificação de instituições públicas de educação superior e a intensificação da formação de professores para o ensino público fundamental e médio. Deve-se considerar também que, sem um reforço substancial do ensino público de nível médio, não será possível atingir o objetivo de expansão com qualidade da educação superior no Brasil.
CONCLUSÕES DO POBRE PAMPAA quantidade de universidades e cursos não é garantia de desenvolvimento. Isto, já aprendemos aqui na Metade Sul. Das cinco universidades federais do RS, quatro estão na Metade Sul, o que não têm garantido o desenvolvimento local. Ao mesmo tempo, Pelotas conta com um ensino secundário municipal de qualidade superior à media estadual. Para se ter uma idéia, o número de professores municipais pelotenses é superior, em número absoluto, ao de Porto Alegre.
Ao incentivar a criação do sistema de cotas, o Governo Federal desvia a atenção dos problemas que a educação enfrenta no Brasil. Agora, garantindo a presença de alunos oriundos do ensino médio público nas universidades federais, parece não ser mais necessária nenhuma melhoria no ensino médio.
O Pobre Pampa é contra as cotas de qualquer tipo. O Pobre Pampa é contra o ensino gratuito nas universidades públicas ou particulares. A sociedade brasileira não pode arcar com estes custos. Como, então, facilitar o acesso dos pobres e, ao mesmo tempo, conseguir recursos importantes para a sociedade?
Simples! Cada aluno, ao se formar em uma universidade pública, fica devedor da sociedade. Pagará os custos de sua formação de duas maneiras possíveis: Ou sustenta outro aluno de igual curso e igual duração, pagando mensalmente o valor estabelecido deste custo ou presta serviços à comunidade – dentro da especialidade cursada – em função remunerada e temporária. Com isto, estará feita a justiça social: os ricos pagarão para estudar ou prestarão serviços comunitários (mais provavelmente, iriam para as universidades particulares). Os pobres e os da classe média poderão ter a oportunidade de ter seus estudos custeados pela sociedade, ao mesmo tempo em que darão uma importante contribuição à mesma. Quem tem filhos egressos de faculdades, sabe que não basta um diploma para entrar no mercado de trabalho. Com este sistema, o aluno terá um início de carreira garantido pelo Estado, o que é tão ou mais importante que o diploma.
Aliás, o ensino superior está tendo um desproporcional foco na discussão sobre a educação brasileira (lembrem-se: 2% do público estudante, 75% do orçamento). E os governos estão criando barreiras para as carreiras tradicionalmente de ensino médio, retirando, desta maneira, a possibilidade dos menos favorecidos economicamente, de entrar no serviço público! Concursos que não necessitavam curso superior, já o estão exigindo! QUALQUER curso superior! Qual a intenção?
Imagem: Albert Einstein em um momento de descontração. Ao entrar nos EUA como imigrante, precisou fazer constar a raça no documento. Sua resposta: human race...