sábado, 25 de maio de 2013

Postos de gasolina, novas "casas noturnas"?

Esta semana, duas notícias chamaram a atenção do velho PoPa. A primeira falava de uma ação da prefeitura de Pelotas que irá fechar a quadra na frente da Universidade Católica, para acabar com o barulho causado pelos jovens naquele ponto da cidade. A outra, sobre um promotor de justiça que quer proibir a venda de bebidas alcoólicas nos postos de combustíveis da cidade.

Ora, tanto uma como a outra ação não deverão ter nenhum efeito prático e ainda dá mostras que o agente público não sabe quais suas atribuições e não controla nenhum tipo de situação diferenciada. Quanto à primeira, bloquear uma quadra para evitar barulho é uma piada! Se carros estão lá com som alto, é só fazer o que se deve fazer: fiscalizar! Ou como será feito o bloqueio para os carros? sem fiscalização não é possível, obviamente. E se estarão lá para perturbar os outros que nada tem com isso, por que não fiscalizar o som, simplesmente?

A segunda exige um pouco mais de raciocínio. Sim, é verdade que os jovens reúnem-se nos postos de combustível para confraternizar, ouvir música, beber. Vamos ver... proibir os postos de vender bebidas irá melhorar o negócio de várias lojas que funcionam 24horas vendendo... bebidas! E eles voltarão para os postos para... beber! Então, ao ver que a estratégia não funcionou, provavelmente irão querer que os postos fechem à noite. E que coloquem correntes para evitar que haja aglomeração. Mais uma vez, falha o pensamento dos que não pensam.

Olhando por outro ângulo, no entanto, o PoPa acredita que há uma certa vantagem em termos os jovens confraternizando em pontos específicos e não espalhados pela cidade. Eles estão mais seguros em locais como estes. A segurança da cidade, por outro lado, pode ser até melhorada, pois os pontos para fazer algum tipo de fiscalização estão perfeitamente demarcados. Consumo de drogas, álcoolizados ao volante? Bem, se não coibirem estando todos em lugares conhecidos e limitados, como farão quando estiverem espalhados pela cidade?

Pensem um pouquinho, nobres autoridades! Não dói e pode ter resultados surpreendentes!

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Pena maior para traficantes. Castigo para o criminoso ou folga para a sociedade?

Em suas leituras matinais, o PoPa leu na ZH sobre a aprovação da lei sobre drogas aprovada na Câmara. Agora irá para o Senado onde, obviamente, sofrerá mais algumas alterações. O projeto original do deputado Osmar Terra sofreu alterações, mas mantém o aumento da pena mínima (embora a máxima continue nos 15 anos).

Pois bem, a pena mínima passaria de cinco para oito anos, o que é muito pouco, considerando as tais progressões de pena que ainda estão no nosso código penal. Mas o interessante é que um advogado, professor de Direito Penal da PUCRS e, portanto, quem faz a cabeça dos jovens advogados, alega que "aquele que cometia o crime com a pena mínima de cinco anos não vai deixar de cometê-lo porque virou oito". Ele está certo nesta afirmação mas não dá-se conta de que a sociedade vai ficar sem este vago por mais tempo! Esta é a raiz da punição a criminosos: afastá-los da sociedade o maior tempo possível! Se não, por que condená-lo a cinco anos? O juiz dá uma bronca e pronto. Solta o vago... parece ser isso que as pessoas querem acreditar, que bandidos, traficantes, assassinos possam retornar ao convívio social como exemplares cidadãos. Alguns até podem, mas é um longo caminho. Que passa, necessariamente, pela prisão por um bom tempo.

Pensem nisso!

domingo, 19 de maio de 2013

A Medicina Humilhada

A Medicina Humilhada 

Milton Simon Pires

Durante toda a última semana a mídia inteira tem se preocupado com o tema dos médicos cubanos. É um desses raros momentos em que se percebe aquela que, em texto anterior, defini como uma das maiores características do brasileiro – a arte de falar sobre o que não sabe. Senão, vejamos: apresentadoras loiras de programas de TV, comentaristas de futebol, prefeitos... Não importa quem você seja mas basta invocar o “sofrimento do povo” para ter o direito de enfurecer-se com a situação de saúde no Brasil. 

Houve um tempo em que os medíocres sabiam (mesmo na sua mediocridade) permanecer em silêncio. Reconhecia-se a história das pessoas, seu esforço, e seu trabalho. Não ensinava-se uma sociedade inteira a pensar que pobreza e miséria eram reflexo de uma luta de classes e nós vivíamos muito mais próximos da ideia de que colhemos o que plantamos.

Alguns dias atrás escrevi sobre a responsabilidade de certos colegas na ideia de trazer os cubanos para o Brasil. Mostrei quem eram estas pessoas dentro das faculdades de medicina. Estabeleci o “perfil”, como gostam de dizer os psicólogos, deste tipo de gente e desmascarei a hipocrisia da “new left brasileira”. Hoje o recado é mais curto: abrindo uma destas coleções de anúncios comerciais, reportagens sobre o aquecimento global e apologia do homossexualismo que são os jornais brasileiros me deparei com o “comentário perfeito” sobre a vinda dos cubanos ao país – um sujeito aqui de Porto Alegre que é apresentado como “formador de opinião” foi o seu autor. Disse esse cidadão aquilo que considero uma “pérola” do lugar comum em termos de manifestação sobre o tema – … Mas tem de haver médicos em todos os locais, até nos indesejados pelos médicos brasileiros. Entonces, que vengan los cubanos! Porque o que importa é a Saúde.

Querem saber por que uma frase assim é capaz de fazer tanto sucesso? Explico: é por que quem a pronuncia afirma, aos brados e cheio de razão, que qualquer atendimento é melhor do que nenhum! Vocês, que gastaram seu tempo me lendo até aqui, têm dúvida de que isso é verdade? Faço uma proposta para resolver a questão: imaginem que estão às 2h da manhã de um dia de semana, esperando quase 12 horas para serem atendidos numa dessas espeluncas chamadas pronto-atendimentos e com um filho doente nos braços. Pergunto a cada um  – vocês acham que seu filho, pai ou mãe (só para não citar vocês mesmos) ficariam conformados com “qualquer atendimento” ou buscariam aquilo que há de melhor na medicina local? Aí está a resposta – “qualquer atendimento” é melhor do que nada para os “outros”; jamais para nós e nossas famílias, né? Até onde eu sei, para nós mesmos e para aqueles que amamos, queremos sempre o melhor possível. Negar o mesmo às outras pessoas vai muito mais longe do que ser contra os médicos – é negar a própria natureza cristã da sociedade em que vivemos.  

Jamais esqueçam disso quando lerem a escória da imprensa brasileira defendendo, ao lado dos seus patrões federais, a vinda dos médicos de Cuba. Não tenham também a tentação de cair na armadilha daqueles que afirmam – mas meu amigo, nem toda população pode ter o que há de melhor na Medicina a seu dispor. Esse tipo de gente não tem o compromisso legal de dizer onde está o “melhor” e quando esse “melhor” vai fazer a diferença. A ralé que defende a importação de médicos não tem o mínimo interesse na vida das pessoas doentes. É aos próprios doentes e aos médicos brasileiros que essa questão diz respeito. Imploro como médico formado há quase 20 anos: não fiquem contra nós! Vocês não precisam do “papai Lula” e da “mamãe Dilma” para cuidar do vocês quando ficarem “dodói”. Tudo isso é mentira e desespero político de gente que viu que, no seu delírio comunista, acabou com a estrutura hospitalar do país, que não pode mais esconder que as pessoas estão morrendo, e que nós médicos temos MEDO de trabalhar fora das grandes cidades.

Foi  provavelmente um médico brasileiro quem primeiro olhou para vocês quando nasceram e quem, se Deus quiser, vai estar com vocês na hora da morte. Não aceitem a mentira do Governo e dos prefeitos mesmo que estejam esperando atendimento há anos. Trazendo os cubanos  vocês NÃO VÃO ter seus problemas atendidos e a nossa medicina vai ser humilhada perante todo o resto do mundo..

Porto Alegre, 16 de maio de 2013.

Comentário do PoPa:

Este texto, escrito pelo Dr. Milton, mostra exatamente o que o PoPa pensa, mas que não tinha condições de escrever, por falta de conhecimento mais aprofundado do assunto. No entanto, qualquer pessoa de bom senso percebe que não faltam médicos para o Brasil, faltam condições de trabalho. Enquanto o governo faz concurso para professores, policiais, promotores, juízes e todos os profissionais ligados ao atendimento do público, a saúde é tratada de maneira diferente. Médicos não são concursados, não tem carreira no SUS e, nos interiores deste imenso país, não dispõem do mínimo para dar assistência às pessoas: equipamentos, auxiliares, laboratórios, hospitais... Aqui mesmo, na cidade do PoPa, que não é das menores, o sistema de saúde é caótico, com um PS que beira a insanidade, com hospítais carentes de tudo, menos de profissionais capacitados. Mas o que eles podem fazer sem as condições mínimas de trabalho?

Há alguns anos, o PoPa sofreu um acidente automobilístico sério e foi parar no PS. Mesmo com os contatos certos, com o conhecimento do próprio diretor do PS, ficou algumas horas esperando um prosaico raio X para ser liberado para um hospital. Se houvesse uma hemorragia interna...

Saúde é coisa séria e não deveria ser tratada de maneira fútil por políticos, sejam eles de que cor partidária forem. Aliás, saúde não deveria ser matéria a ser tratada por políticos.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Vamos tocar caxirola, irmão


Fernando Gabeira, em que pese o PoPa não ser um fã, é um grande escritor. E este texto, publicado no dia 07/05, no Estadão, é a essência do que a grande maioria dos brasileiros pensa. Talvez não é o que pensa a minoria barulhenta, a que parece maioria pelo alarido.
Mas vamos ao texto.

Vamos tocar caxirola, irmão

Fernando Gabeira
Na economia, a galinha pousou e ainda cacareja com estridência, sob o impulso do contato com o solo. Na política, o edifício dominante começa a mostrar suas rachaduras. O PSB, por meio de Eduardo Campos, parte para a carreira solo; dentro do governo, tremem os alicerces da fraternidade.
Alguns petistas acham que Dilma Rousseff, com os olhos verdes desenhados para a nova temporada, protege Erenice Guerra, seu ex-braço direito, e o ministro Fernando Pimentel. Em contrapartida, Dilma, segundo eles, persegue Rosemary Noronha e mantém certa frieza ante os condenados pelo mensalão. É um delicado tipo de fissura. Os acusados amigos de Lula são tratados com rigor, os acusados amigos de Dilma seguem sua trajetória milionária. Erenice é um pouco, no governo Dilma, o que foi José Dirceu no governo Lula: ela articula inúmeros negócios na área de eletricidade, representa poderosos grupos estrangeiros.
A essência dessa intrincada luta interna não é estranha à História do Brasil: ou todos se locupletam ou restaure-se a moralidade. O ideal é de que todos se locupletem, não exista nenhuma distinção entre trambiqueiros da cota de Lula e da cota de Dilma. São todos irmãos, bro.
Como se não bastassem os ácidos humores internos, a aliança do governo embarcou numa aventura contraditória. O PT quer se vingar do Supremo Tribunal Federal (STF). O PMDB pede paz. Por que tanta briga, se podemos continuar comendo de mansinho?
O embate contra o STF era previsível. E não só pelas tintas bolivarianas que ainda colorem os sonhos da esquerda no poder. A tese de que o mensalão nunca existiu não deixa margem de manobra. É preciso desarticular o Poder que escreveu a narrativa do episódio. O edifício está condenado pela Defesa Civil. No entanto, a experiência das andanças pelas áreas de risco mostra que um edifício condenado nem sempre cai ou é abandonado pelos ocupantes.
Surge aí o papel da oposição. Será capaz de se unir, apresentar uma alternativa, enfrentar a dura luta cotidiana contra um esquema que estendeu seus braços como um polvo, abraçando tudo o que lhe oferece ainda alguma resistência?
Vamos tocar caxirola, irmão. Chegamos aos grandes eventos esportivos, uma aventura do novo Brasil mostrando ao mundo sua capacidade de organização, sua pujança. O edifício vizinho, o da cúpula esportiva, está literalmente ruindo. João Havelange deixou a presidência da honra da Fifa, em segredo. Ricardo Teixeira gasta seus dólares em Miami. Sobrou apenas José Maria Marin, enrolado com gravações em que estigmatiza Vladimir Herzog e prega em defesa da família brasileira.
Alguns patriotas que defendem a família costumam pintar os cabelos e beliscar a bunda das secretárias, em Brasília. Marin só pinta os cabelos e rouba medalhinhas em eventos esportivos. É inútil esperar que as tribos de cabelo acaju e negro como as asas da graúna entrem em conflito mortal, numa batalha que tinja a verde grama da Esplanada.
Vamos tocar caxirola! Soldados vestidos com capa de chuva protegerão nossa sinfonia na seca de Brasília, em estádio que nos custou os olhos da cara.
A aventura política parte do mito de que somos os melhores no futebol. Os alemães, entre outros, têm mostrado como o nosso esporte precisa de uma renovação de craques, técnicos e dirigentes. Quando o edifício da cúpula esportiva cair, e com ele o mito de que somos os maiorais, vamos jogar caxirola, irmão. O impacto se fará sentir no outro edifício condenado.
A caxirola é uma granada de plástico que explode no chão fazendo ploft. Toda uma tentativa de driblar a História, de transitar pelo atalho do consumo na economia, de trilhar os caminhos revoltantes do cinismo na política será reduzida à sua verdadeira dimensão.
O Rio de Janeiro tem três prédios conhecidos como “balança, mas não cai”. Estão ali para lembrar que as previsões só se podem cumprir se houver uma vontade ampla de achar outros rumos para o País. O edifício pode não cair no próximo teste. Nosso único consolo será ver a presidenta do Brasil tocando de novo sua caxirola, símbolo de uma visão de mundo, de povo, de festa: caxirola, cartolas, a base do governo, tudo com mordomos a R$ 18 mil e garçons a R$ 15 mil por mês. E concluir, resignadamente: venceram, mas da próxima não escapam.
A caxirola passa, o Brasil segue em frente. No momento, a política aparece como uma espetáculo distante e ridículo. Não por caso os programas humorísticos montaram tenda no Congresso. Mas o ano eleitoral necessariamente trará um debate sobre os rumos do País. Já devia ter começado, no momento surgem apenas alguns slogans.
Eleições podem ser uma armadilha. Cortinas de fumaça costumam dar mais votos do que argumentos sérios. Quase ninguém lê programa. Debates na TV, entrevistas ajudam a conhecer as perspectivas dos candidatos, mas ensinam um pouco também sobre o que as pessoas estão pensando sobre o País. Mas as eleições serão uma excelente oportunidade para tomarmos o pulso do Brasil, esperando constatar, como na canção, que o pulso ainda pulsa.
Vivemos grandes alianças ao longo do processo de democratização: a luta pelas diretas, o impeachment de Collor. Depois foi a vez dos dois grandes partidos experimentarem o poder. O governo Fernando Henrique Cardoso construiu as bases para a estabilidade econômica e a bonança internacional inspirou o PT a dinamizar o consumo.
Em 2008 a crise internacional instalou-se para lembrar que as coisas não seriam mais como antes. E nos colheu ainda com uma educação medíocre, uma infraestrutura tosca e uma gigantesca e dispendiosa máquina administrativa. Para agravar nossos custos, a imensa corrupção, vendida como um mal necessário, uma pequena taxa no banquete do consumo.
Isso já era realidade em 2010. Dilma Rousseff pegou o bonde andando e manteve o rumo, indiferente ao fim da linha. Ela troca com regularidade a cor dos olhos. Mas não consegue ver outro caminho.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Médicos cubanos? Somos assim tão incompetentes?

Em suas leituras matinais, o PoPa ficou sabendo que o Brasil quer "importar" seis mil médicos cubanos. A notícia, em si, já é intrigante mas ainda tem mais: atualmente, há uma seleção para médicos estrangeiros que queiram trabalhar no Brasil e o exame exigido faz com que apenas 10% dos candidatos consigam esta autorização. Claro que Cuba não enviará seus melhores para o Brasil e, então, deverão vir os que tem a formação básica deles, que é a profilaxia.

O PoPa acha ótimo que existam médicos com esta formação, embora ache que paramédicos possam fazer este serviço com perfeição.

Mas o que poderia, realmente, ser feito para resolver o problema - grave - das comunidades desassistidas, é criar um sistema de cotas pós formatura. Como funcionaria? Médicos (e agrônomos, advogados, professores...) formados pelo sistema público de universidades, deveriam prestar serviços comunitários onde fossem necessários, durante - pelo menos - o período em que foi aluno às custas da sociedade.

Quem não quisesse ter este tipo de trabalho, que estudasse nas faculdades privadas ou pagasse a conta de seu estudo. Bem simples, garantindo a presença do pessoal menos dotado, financeiramente, nas escolas públicas e, de quebra, garantindo a presença de profissionais qualificados nas comunidades necessitadas.

Estamos importando trabalhadores não qualificados do Haiti, médicos de Cuba... quando começaremos a importar engenheiros da Coréia do Norte, enfermeiros do México, topógrafos da China, químicos da Bolívia?

Pensem um pouco nisso.