Vamos desenvolver melhor este raciocínio. Cordeiros têm um “prazo de validade”, como suínos e aves, e precisam ser comercializados no momento certo. Sem tecnologia, os partos acumulam-se na mesma época, pois a ovelha tem o cio influenciado pela duração do dia, principalmente nas raças lanares (animais de dias curtos), sendo as coberturas naturais feitas ao final do verão e no outono. Assim, temos uma superprodução de cordeiros no final do ano, mas reduzindo-se drasticamente nas outras épocas. Mercado é coisa séria, quer qualidade e regularidade e ainda não estamos conseguindo isto. O que a tecnologia já tem para reverter este quadro, é a sincronização do cio, através de tratamentos tópicos, com hormônios e boa alimentação.
O que tem acontecido ao longo do tempo com o mercado da carne ovina? Os consumidores, principalmente no centro do País, não conheciam a carne ovina para distinguir cordeiros de animais velhos. Ao entrar com carne de cordeiro, o mercado apreciava e pedia mais. Quando se encerrava a safra de cordeiros, os marchantes gaúchos mandavam capões e ovelhas velhas. Claro que mesmo sem conhecer em detalhes a diferença, os consumidores repudiavam o produto e foi sendo criada uma reação à carne ovina. Atualmente, os exigentes mercados do centro do País já conhecem bem a carne de cordeiro, comprando-a do Uruguai, principalmente.
Bem, já sabemos que a Metade Sul não sabe produzir cordeiros, não recebe o valor adequado quando produz e que o setor está totalmente à mercê dos compradores de carne, estes sim, exploradores dos ovinocultores e não da ovinocultura. Que falta faz um sistema como o de aves e suínos de Santa Catarina, ou como o sistema do fumo em Santa Cruz, para que o produtor seja um parceiro da indústria e não simplesmente um fornecedor esporádico.
Imagem: cordeiros uruguaios (Vet-UY)
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