Mauro Paré é psicanalista, consultor, professor e comunicador. Mas é mais que isso, é alguém que conhece profundamente as raízes do negro brasileiro, suas dificuldades, sua arte, sua alma. O livro busca mostrar os caminhos que a psicanálise tem que trilhar para entender a mente dos afro-descententes que são, por verdades históricas e culturais, diferentes dos euro-descendentes.
Mauro Paré é a favor das cotas para negros nas universidades. Neste ponto, o Pobre Pampa diverge dele, mas não dá para negar o peso dos argumentos que ele utiliza, como a resposta a um padre que disse, em um programa de rádio, que se envergonharia de estar entre os cotistas, se fosse negro: "já imaginaram se o MST fosse um movimento de negros? Os integrantes do MST aqui no sul, descendentes de europeus, são aquinhoados com expressivas somas de dinheiro, doadas pelo Governo Federal, para os chamados assentamentos. E não se envergonham. Será que os negros teriam o mesmo tratamento? Vejam, o MST pode receber fortunas. Pode invadir prédios e propriedades... E aqueles que podem pagar universidades particulares para seus filhos e preferem as públicas porque são gratuitas e ainda fazem campanha pela gratuidade? Eles não deveriam se envergonhar?"
Mauro Paré cita a evasão escolar causada - muitas vezes - pelos conteúdos curriculares que diminuem a influência do negro na história, alimentam o racismo e baixam a auto-estima das crianças.
Enfim, um belo livro, com conceitos que nos fazem pensar sobre a nossa sociedade em branco e preto. Há que ter muito cuidado, nestes novos tempos, com o "politicamente correto". É prato cheio para alimentar uma fogueira que estava só nas brasas e precisava de ações que jogassem água, não gasolina.
Sobre a universidade gratuita, o Pobre Pampa tem uma posição final: NÃO É GRATUITA! E nem pode ser, pois custa muito à sociedade. Leia aqui, o que o PP pensa à respeito.
Imagem: capa do livro "Afro-descendente Um olhar psicanalítico"
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