sábado, 20 de junho de 2009

Jornalismo de diploma

A recente decisão do STF de negar a necessidade de diploma para exercer a profissão de jornalista, sacudiu algumas cabeças, alterando neurônios. Na ZH de hoje, o PoPa pescou:

Quem viveu as décadas de 50 e 60, sabe como os jornais melhoraram (presidente da ARI). É, melhoraram um pouquinho, também, a medicina, a odontologia, a veterinária, a eletrônica... Os jornais deixaram de ser feitos em linotipos, as máquinas de datilografia sumiram das redações, as máquinas com filme desapareceram e com elas os clichês [artefatos feitos para imprimir uma foto em uma linotipo]. É, dá para dizer que melhoraram muito os jornais.

Existem habilidades específicas do jornalista, que passam por questões éticas e técnicas, que outros profissionais não têm (diretora da PUCRS). Ética se ensina na faculdade?

...forte pressão de empresas de comunicação que querem poder contratar qualquer pessoa, sem pensar na formação crítica e ética... (Coordenadora UFRGS). Tá, as empresas querem incompetentes em seus quadros. E, novamente, a questão da "formação ética". Do que esta gente está falando?

A melhor declaração: ...com esta decisão, torna-se cada vez mais necessário formar um bom profisional, para ele ser competitivo... acreditamos que os melhores jornalistas vão ser encontrados nos bancos acadêmicos (Elisangela Mortari, da UFSM). Com esta, o PoPa concorda, pois bons profissionais sempre vão encontrar seu espaço e as empresas não são burras. O que vai acabar, é a reserva de mercado para os jornalistas [de diploma] medíocres.

Tudo isso teve início, quando as entidades e sindicatos começaram a tentar impor a presença de diplomados em todas as instâncias da área jornalística, incluindo blogs, jornalecos, apresentadores de tv e outras coisinhas. Tantaram muito e perderam tudo.

O PoPa é contra qualquer tipo de reserva de mercado. Por exemplo, por que uma farmácia que trabalha apenas com remédios lacrados e os vende com receitas médicas, precisaria de um farmacêutico de plantão? Por que um bacharel em direito precisa fazer um exame para entrar no mercado? E por que existe um mercado fechado para advogados, mesmo quando as partes não precisam deles?

Uma das reclamações dos jornalistas diplomados, é que os médicos, por exemplo, precisam de diploma. Mas eles estão errados! Médicos também tem uma profissão desregulamentada, pois um guri que sai da faculdade, pode ser um cirurgião plástico sem que tenha um diploma específico. Pode ser um cardiologista, também. Mas, no geral, o mercado não permite isso e os cursos de especialização são exigidos, mesmo sem a obrigação legal.

Em tempo: leiam o post "blogueiro tem que ser jornalista!" neste blog - contraditorium.com, baseado em um texto do "Martelada"

Imagem: do Chrysler Museum in Norfolk, Virginia - o PoPa pegou neste site.

4 comentários:

Marcos Pontes disse...

Muitos dos jornalistas históricos brasileiros não tinham diploma, mas lhes sobrava competência. Gostei da mudança.

Charlie disse...

Uma das melhores notícias dos últimos tempos.

Diego disse...

Leis 'básicas' de mercado tinham que ser ensinadas no jardim de infância.

Tomara que eles sigam essa linha e desistam de fazer isso com a física.

Roberto disse...

É isso aí, Popa. Cada vez que vejo os exageros cometidos em nome do ‘bom’ desempenho profissional atravé dos mecanismos da reserva de mercado, que servem apenas para impedir o livre exercício das inúmeras profissões formais existentes (numa das quais eu me incluo), não posso deixar de pensar na situação que vigorava na Europa mediaval. Nos nossos velhos tempos do colégio custumávamos fazer chacota quando algum professor falava sobre as comunidades profissionais daquele tempo, que eram verdadeiros feudos. Só podia trabalhar o couro quem fosse sapateiro, só podia curar doentes quem fosse médico ou curandeiro, trabalhar o aço era reservado ao ferreiro, ... Cada comunidade era hermética e as profissões passavam dos pais para os filhos, geração após geração. A julgar pelo que fazemos hoje, dá para ver que não evoluimos muito.
Tá certo que alguma regulamentação deve existir, desde que não engesse a sociedade.