domingo, 3 de maio de 2009
Três projetos para o Rio Grande
A RBS está fazendo uma campanha interessante: quer, pelo voto de seus leitores, eleger três projetos para apadrinhar. Para esta escolha, será feita uma série de reportagens sobre os "candidatos" pré-escolhidos pela empresa.
Parece meritória, a ação, pois pretende fazer com que a sociedade discuta o que mais lhe interessa e compromete-se a fazer pressão pelos três projetos escolhidos.
Mas o PoPa ficou imaginando de onde saiu a lista apresentada. Qual foi o critério utilizado para definir quais seriam os projetos a serem votados? Aparentemente, são projetos bem antigos, alguns até fazendo parte do PAC. Não há novidades e todos já foram exaustivamente discutidos pela sociedade.
O PoPa não tem condições de falar sobre todos eles, mas os que se incluem a Zona Sul do Estado são velhos conhecidos.
Começando pela duplicação da ponte do Guaíba e do trecho Porto Alegre/Rio Grande, dois dos projetos pré-elencados pela RBS:
A travessia e a BR116/392 estão, com certeza, saturados. Milhares de veículos transitam por ali todos os dias, levando produtos e pessoas. O PoPa conhece bem este trecho, pois viaja por ali, frequentemente, há quase 40 anos.
A travessia é um problema? Com certeza, mas não tanto pelo tráfego e mais pelo risco de pane no sistema elevadiço da ponte principal, que deixaria uma grande região com dificuldade de acesso à capital e vice-versa. É um projeto tão interessante, que a própria concessionária da rodovia (e da ponte atual) tem interesse em construí-la. Logo, é um projeto factível, mesmo sem a presença do governo. Mas uma grande parte do fluxo de veículos nesta travessia, dirige-se à cidade de Guaíba. A travessia com barcas é factível e dispensa grandes investimentos oficiais, pois poderia ser feita pela inicativa privada, desde que concedida com regras específicas, como foi feito com as rodovias. Interessa ao governo? Parece que não.
A duplicação da BR116 e 392 é uma necessidade? Aí, começamos a ter algumas opções interessantes, que sequer foram cogitadas pela RBS. Qual o grande problema da BR116, no trecho Guaíba/Pelotas? O grande fluxo de veículos, principalmente caminhões. Mas não é uma rodovia de grandes curvas ou desníveis, o que a torna bem mais segura que outras similares, em grande parte de sua extensão. O PoPa não acredita na necessidade de duplicação de toda a rodovia, pois são apenas alguns trechos que apresentam problemas, como a passagem pelas cidades de Camaquã e Pelotas. Duplicando-se estes trechos, a rodovia seria bem mais segura. A adição de uma terceira faixa em outros trechos, como a Esquina de Tapes, também teriam um reflexo imediato na segurança geral.
Mas, ainda falando no sistema BR116 e 392, o que mantém um grande número de caminhões nestas rodovias, é a falta de um ramal ferroviário que ligue a Estação Luz até Pelotas, fazendo com que cargas da região metropolitana não tenham condições de chegar ao Porto de Rio Grande por trem. Um investimento desta ordem, que poderia inclusive transportar pessoas, também teria um reflexo imediato no fluxo da rodovia, garantindo segurança, economia e rapidez para a produção gaúcha. Este projeto sequer é discutido no governo do Estado, por quem quer que seja, nem pela ALL, atual concessionária das ferrovias da Região Sul.
A logística do Estado está velha, arcaica e sem perspectivas de futuro, pois nem sequer uma empresa jornalística levanta este tipo de discussão, preferindo alinhar-se ao que já está aí proposto. A RBS parece mais uma subsidiária do PAC, servindo como porta-voz do governo aos "anseios" populares. Ao final, será dada uma idéia de que estes projetos são, não só de interesse do povo, mas que dele saíram.
O PoPa lembra de como era feita a consulta popular no governo Olívio. Projetos eram definidos pelo governo do Estado e lançados às comunidades que "escolheriam" os melhores. Caravanas lançavam-se na estrada, para estarem em todas as assembléias no interior, para eleger tais projetos e garantir que a escolha cairia sobre os já definidos como melhores pelo governo e seus burocratas. O PoPa foi testemunha ocular disso.
Imagem: da proposta de trens regionais do BNDES, para transporte de passageiros.
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