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domingo, 20 de setembro de 2009

Florestas plantadas - novamente

Certa vez, em um blog que o PoPa costuma ler pela manhã, havia um comentário sobre o que o blogueiro fazia quando iniciava seu dia. Ele não lia nenhum blog, para não ser influenciado em seus comentários. Queria ser direto e honesto com seus leitores, sem o risco de plágio ou o que fosse.

Pois o PoPa faz exatamente o contrário. Lê todos os blogs que pode, indo depois ler os jornais de papel e virtuais para então, se achar interessante ou necessário, fazer seu próprio comentário. Este é um dos motivos que leva o PoPa a comentar pouco e ser menos lido, ainda...

E também porque o PoPa às vezes, toca em assuntos antigos, que nem interessam tanto à imprensa local ou regional. Como as florestas plantadas, por exemplo. Pessoas sem o menor conhecimento técnico são contra o plantio de florestas, alegando diversas bobagens mas deixando de reconhecer o óbvio: para cada hectare plantado, são poupados 10ha de florestas nativas. Este é um ponto técnico definitivo e que vale para todo o Brasil. E é, ao contrário do que divulgam, um grande empregador de mão de obra. Muito mais que a pecuária, por exemplo, embora esta seja uma atividade importante, também. Esta conta, simplista, tem uma realidade ainda mais dramática para a floresta nativa, pois - se deixarem, obviamente - ela demora, para recuperar-se, bem mais que os sete anos necessários para uma nova produção da floresta plantada.

Com a retomada da atividade industrial, teremos o "desabafamento" de muitos altos fornos do Brasil Central e Norte, para a produção de ferro gusa. E de onde vem o carbono para a produção deste ferro? De florestas nativas, em sua grande maioria. Os fornos empresariais que estão operando, utilizam, em sua maioria, floresta plantada.

O PoPa, por óbvio, preocupa-se muito mais com a situação da Metade Sul do RS que com a situação da Amazônia, mas entende que a floresta pode ser autosustentável, sem que haja devastação. É uma decisão de governo, portanto, aceitar a exploração e coordená-la, sem imediatismo, pensando no futuro.

Aos que são contra o plantio de florestas na MS do RS, o PoPa recomenda - não, suplica! - que se interem do assunto, que façam as contas sob vários ângulos, como o balanço de carbono, o aproveitamento da mão de obra do interior, a criação de divisas e renda, o desenvolvimento regional.

Aos que fazem a pergunta "você come papel?", o PoPa responde: Sim, comemos papel! Na embalagem, na documentação, na escrituração, no planejamento de toda a cadeia produtora e comercializadora do alimento. E também na lista do supermercado, na revista e no jornal que publicam os comerciais dos produtos. Sim, vestimos papel, nos fios de viscose, usamos em nossa higiene pessoal, nos nossos estudos e leituras - para os que acham que isso importa. Quando se fala em floresta plantada, se fala em celulose, presente em todos os momentos de nossa vida. Os que são contra a floresta plantada são a favor que esta celulose venha de uma floresta nativa? Ou abririam mão de todo o conforto moderno?

domingo, 3 de maio de 2009

Três projetos para o Rio Grande


A RBS está fazendo uma campanha interessante: quer, pelo voto de seus leitores, eleger três projetos para apadrinhar. Para esta escolha, será feita uma série de reportagens sobre os "candidatos" pré-escolhidos pela empresa.

Parece meritória, a ação, pois pretende fazer com que a sociedade discuta o que mais lhe interessa e compromete-se a fazer pressão pelos três projetos escolhidos.

Mas o PoPa ficou imaginando de onde saiu a lista apresentada. Qual foi o critério utilizado para definir quais seriam os projetos a serem votados? Aparentemente, são projetos bem antigos, alguns até fazendo parte do PAC. Não há novidades e todos já foram exaustivamente discutidos pela sociedade.

O PoPa não tem condições de falar sobre todos eles, mas os que se incluem a Zona Sul do Estado são velhos conhecidos.

Começando pela duplicação da ponte do Guaíba e do trecho Porto Alegre/Rio Grande, dois dos projetos pré-elencados pela RBS:

A travessia e a BR116/392 estão, com certeza, saturados. Milhares de veículos transitam por ali todos os dias, levando produtos e pessoas. O PoPa conhece bem este trecho, pois viaja por ali, frequentemente, há quase 40 anos.

A travessia é um problema? Com certeza, mas não tanto pelo tráfego e mais pelo risco de pane no sistema elevadiço da ponte principal, que deixaria uma grande região com dificuldade de acesso à capital e vice-versa. É um projeto tão interessante, que a própria concessionária da rodovia (e da ponte atual) tem interesse em construí-la. Logo, é um projeto factível, mesmo sem a presença do governo. Mas uma grande parte do fluxo de veículos nesta travessia, dirige-se à cidade de Guaíba. A travessia com barcas é factível e dispensa grandes investimentos oficiais, pois poderia ser feita pela inicativa privada, desde que concedida com regras específicas, como foi feito com as rodovias. Interessa ao governo? Parece que não.

A duplicação da BR116 e 392 é uma necessidade? Aí, começamos a ter algumas opções interessantes, que sequer foram cogitadas pela RBS. Qual o grande problema da BR116, no trecho Guaíba/Pelotas? O grande fluxo de veículos, principalmente caminhões. Mas não é uma rodovia de grandes curvas ou desníveis, o que a torna bem mais segura que outras similares, em grande parte de sua extensão. O PoPa não acredita na necessidade de duplicação de toda a rodovia, pois são apenas alguns trechos que apresentam problemas, como a passagem pelas cidades de Camaquã e Pelotas. Duplicando-se estes trechos, a rodovia seria bem mais segura. A adição de uma terceira faixa em outros trechos, como a Esquina de Tapes, também teriam um reflexo imediato na segurança geral.

Mas, ainda falando no sistema BR116 e 392, o que mantém um grande número de caminhões nestas rodovias, é a falta de um ramal ferroviário que ligue a Estação Luz até Pelotas, fazendo com que cargas da região metropolitana não tenham condições de chegar ao Porto de Rio Grande por trem. Um investimento desta ordem, que poderia inclusive transportar pessoas, também teria um reflexo imediato no fluxo da rodovia, garantindo segurança, economia e rapidez para a produção gaúcha. Este projeto sequer é discutido no governo do Estado, por quem quer que seja, nem pela ALL, atual concessionária das ferrovias da Região Sul.

A logística do Estado está velha, arcaica e sem perspectivas de futuro, pois nem sequer uma empresa jornalística levanta este tipo de discussão, preferindo alinhar-se ao que já está aí proposto. A RBS parece mais uma subsidiária do PAC, servindo como porta-voz do governo aos "anseios" populares. Ao final, será dada uma idéia de que estes projetos são, não só de interesse do povo, mas que dele saíram.

O PoPa lembra de como era feita a consulta popular no governo Olívio. Projetos eram definidos pelo governo do Estado e lançados às comunidades que "escolheriam" os melhores. Caravanas lançavam-se na estrada, para estarem em todas as assembléias no interior, para eleger tais projetos e garantir que a escolha cairia sobre os já definidos como melhores pelo governo e seus burocratas. O PoPa foi testemunha ocular disso.

Imagem: da proposta de trens regionais do BNDES, para transporte de passageiros.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

O Ataque ao Aquífero Guarani...

O Pobre Pampa leu, em alguns blogs, uma entrevista do nosso velho conhecido, professor Buckup. O biólogo, que parece entender de muita coisa mas quase nada de eucaliptos, apresenta mais alguns motivos para não querer as florestas plantadas na Metade Sul do RS. Utiliza-se das técnicas de Schopenhauer (O Cineman vai ter que explicar isto em um tópico específico), para fazer valer seu ponto de vista. A entrevista foi publicada pela revista ADverso, da ADufrgs (Associação de Docentes da UFRGS), em seu número 147.

A entrevista é longa, mas o Pobre Pampa selecionou os "melhores momentos":

Lamentavelmente, o governo tem mostrado que não está a fim de fazer isso, liberando plantios em qualquer lugar e de qualquer maneira.

Os plantios respeitam os códigos florestais federal e estadual, logo não são plantios de qualquer maneira. O licenciamento está sendo feito sob a legislação em vigor e com cautela técnica pela FEPAM.

O zoneamento é uma exigência da lei, o Código Estadual de Meio Ambiente determina que ninguém pode promover uma atividade agrícola, que implica em profundas modificações ambientais, sem licenciamento. E não pode haver licenciamento sem um trabalho que identifique as zonas do Estado mais ou menos aptas para receber investimentos de natureza silvicultural.

Correto, professor, mas os técnicos da Fepam não tiveram a preocupação de fazer este zoneamento, apenas restringir o plantio. Por exemplo, não utilizaram as bacias hidrógráficas, mas Unidades de Paisagens Naturais, como deveriam ser há 500 anos e não são mais...

O zoneamento é um excelente documento, foi feito por pessoas qualificadíssimas, baseado em informações altamente confiáveis e referenciais bibliográficos incontestáveis.

A PROPOSTA de zoneamento apresentada pelos técnicos da FEPAM, levou em consideração o índice pluviométrico da Amazônia, a precipitação média de Bagé e outros referenciais absurdos para a configuração do documento. Onde estão as informações altamente confiáveis?

O zoneamento mostra que o Estado possui nove milhões de hectares disponíveis para plantar eucalipto. Sim, nos Campos de Cima da Serra e no Noroeste do Estado. Nada na Metade Sul...

A natureza sabe que, em função dos nutrientes disponíveis, do solo e da quantidade de água, a paisagem (do pampa) deve ser de campo. O eucalipto tem uma enorme taxa evapotranspiratória, ou seja, chupa muita água. Ele vai buscar água no solo e nos arroios, rios e lagos. A secagem completa de fontes de água já foi descrita com detalhes em publicações científicas importantes e aconteceu em lugares como o sul da África, na Península Ibérica e em um lugar próximo daqui, o pampa argentino.

Imaginem que raiz deve ter esta planta para ir até os arroios, rios e lagos! Neste ponto da entrevista, o professor cai em um ato falho, citando: Aliás, nem é preciso apelar para a ciência, qualquer habitante do interior sabe que plantar eucalipto é ótimo para secar banhado.

...depois que a terra das pessoas está cheia de eucalipto, não tem mais serviço. Vai fazer o que durante oito anos até o abate? Ele vai ter que sair do campo.

O professor acredita que as empresas vão plantar eucaliptos apenas um ano! A conta certa é que vão plantar, para cada unidade fabril, 15.000ha/ano, o que vai gerar empregos para a preparação de mudas (muita mão-de-obra especializada, pois não pode ser mecanizada), para o plantio e colheita, mesmo que mecanizado (mão-de-obra qualificada), para os cuidados dos três primeiros anos (mão-de-obra não qualificada), para os motoristas que transportarão, para o pessoal que prepara a alimentação e transporte dos trabalhadores, sem falar na área industrial. Ou seja, muito trabalho para uma região que não oferece emprego para ninguém! Além disso, o zoneamento pretende proibir o plantio próprio das empresas, nas terras delas! Qual o argumento para isto?

As empresas estão buscando apoio científico nas universidades. É muito mais fácil e barato uma empresa alcançar um recurso a um pesquisador, que fica feliz com o dinheiro que recebe. Porque se a empresa for contratar o indivíduo, terá que pagar salário, décimo terceiro, férias, previdência, montar laboratório.

Hehe, essa nem merece comentário...

O Rio Grande do Sul tem 28 milhões de hectares; a metade sul, 14 milhões. Destes 14 milhões, tire a Lagoa dos Patos, a Mirim, toda faixa arenosa onde não se planta nada e as áreas já utilizadas pela agricultura que somam quatro milhões de hectares. No final, 24% da metade sul do Estado ficará coberta de eucalipto, o que é muita coisa.

EPA! que conta maluca, sem a memória de cálculo do nobre professor, não dá para entender o raciocínio!!!!

(na Austrália, onde o professor esteve pesquisando), o eucalipto vive em forma de mata de savana, uma paisagem de campo com arbustos e árvores esparsas que nem sempre tocam suas copas. Na média, são 60 eucaliptos por hectare. Aqui vão plantar 1,7 mil por hectare.

1.700 árvores por hectare? onde foi feita esta conta???? com o espaçamento de 3mx3m, não cabem mais que 1.300 árvores por hectare, sendo que cerca de 50% da área não será plantada, então a conta deve ficar em 650 árvores, em média, por hectare, por propriedade. E lá, apesar de ser nativo, também se faz monocultura deles, nos mesmos moldes do proposto por aqui.

Mas o melhor está por vir: Você imagina 1,7 mil tocos de eucalipto no meio do campo? O toco começa a se decompor depois de dez anos. Para arrancar, só com correntes e tratores. E quem paga isso? A Stora Enso não vai pagar e o proprietário da terra não terá dinheiro (provavelmente, as empresas não pagarão pelas árvores...). No plantio de eucalipto, não se faz o destocamento, planta-se outras mudas entre os tocos. Ou seja, em 14 anos, são 3,4 mil tocos de eucalipto no chão.

Árvores de sete anos têm um toco muito fino e que não vão começar a se decompor somente após dez anos. É possível fazer o rebaixamento do toco, com equipamento especial, a um custo aproximado de R$ 400,00/ha. É um custo relativamente alto, mas muito menor que o uso de tratores e correntes, coisa utilizada para arrancar tocos com mais de 30 anos. E, ao final do segundo ciclo, não existirão mais os primeiros tocos. E volto ao ponto inicial: e porque impedir o plantio em áreas próprias das empresas?

E, finalizando: A última coisa que deveria ser investigada pelos órgãos públicos, até pelo Conselho de Segurança Nacional, é que estas empresas estão comprando terras exatamente sobre o Aqüífero Guarani. Em dez anos, água será mais importante que celulose. Será que queremos comprar água potável destas empresas? Como se pode ver, são muitas lâmpadas vermelhas acesas no painel do cuidado ambiental.

Estas sórdidas empresas estão utilizando o eucalipto para tomar conta do Aquífero Guarani!!!

Chega! Sem mais comentários...

Imagem: O Pampa visto pela Nasa

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Às vezes, vale à pena...

O Pobre Pampa ficou emocionado com o teor do texto da Ecoagência sobre as audiência públicas da PROPOSTA de Zoneamento Florestal: Audiência Pública pra quê? Depois de três horas esta é a dúvida que surge sem que se apresente uma resposta objetiva durante a audiência pública do Zoneamento Ambiental para a Atividade da Silvicultura no Rio Grande do Sul. A quarta e última, sem que Porto Alegre fosse contemplada com uma, apesar dos apelos de ambientalistas.
Esta, realmente, é ótima! O Governo do Estado não ouviu Porto Alegre sobre o plantio de eucaliptos na Metade Sul do RS!
Sobre a reunião em Santa Maria: Os estudantes críticos das plantações de eucalipto, ao entrarem com nariz de palhaço, foram fortemente vaiados e tiveram que retirar seus narizes por ordem do condutor da audiência. Os ambientalistas pediram, então, que os bonés brancos com a frase ‘A Força traz o verde’ fossem retirados também, o que não foi acatado.
Os estudantes de Santa Maria, preocupados com o plantio de eucaliptos na Metade Sul? Será que eram do curso de engenharia florestal?
O Pobre Pampa é contrário ao tipo de manifestação desenvolvido pela Força Sindical. Mas a Metade Sul conhece bem este sistema de pressão, pois vivenciamos isto durante o OP do Governo Olívio. É difícil provar do próprio veneno...
O que não está na matéria e ninguém diz, é que a proposta de zoneamento é falha em termos legais e técnicos. Dito por um grupo técnico da SEMA, nomeado ainda pela antiga secretária e cujo parecer está no site da SEMA. Incrivelmente, a FEPAM, com seu excelente quadro técnico, utilizou dados de evapotranspiração da Amazônia para calcular a demanda hídrica das florestas plantadas de eucaliptos. Usou a precipitação média de Bagé, sabidamente a cidade com maiores problemas hídricos da Metade Sul, extrapolando estes dados para toda a Metade Sul. Ou seja, utilizou-se de dados errados conscientemente. Dá para confiar neste trabalho?
Imagem: Skrik (O Grito) de Edvard Munch, pintura de 1893, que retrata a suprema angústia, com todo o cenário distorcido, à exceção da ponte de concreto. Genial!

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Lobo-guará e florestas de eucaliptos

Hoje, dia 15, procurei no jornal A Razão, de Santa Maria, informações sobre a audiência pública sobre o zoneamento florestal. Acho que foi muito boa, pois não tinha uma linha sobre o assunto no jornal da RBS. Mas tinha um interessante texto, escrito pelo professor de história, Vitor Biasoli:
Recebi e-mail de um amigo, informando que a situação do lobo-guará no Rio Grande do Sul é preocupante. O lobo-guará ainda não é um animal em extinção, mas está em declínio. Sua população diminuiu 50% nos últimos dez anos e existem pouco mais de 10 mil exemplares da espécie. Os dados foram retirados de uma publicação do IBGE e meu amigo comentou que a extinção de animais não causa grande comoção na sociedade rio-grandense e é encarado apenas como mais um índice das mudanças ambientais inevitáveis...

...Aproximando essa discussão para perto de nós, a questão ambiental que se coloca não é a emissão de gases poluentes, pois não constituímos uma área industrial. No momento, o assunto mais relevante quanto ao meio ambiente é a expansão das florestas de eucaliptos. Um cultivo que altera a paisagem do pampa e, em especial, o lençol freático da região. Isto é, os eucaliptos consomem bastante água e, ao se expandir na Campanha, consumirão boa parte da água existente. As florestas de eucaliptos parecem ser uma boa alternativa econômica para os proprietários de terra da região, mas, seguramente, não é a melhor alternativa para o conjunto da população, pois vai faltar água para o consumo humano. Em Bagé, onde o problema da água é sério, vai ficar pior.
Qualquer coisa como o que acontece com o lobo-guará acontece com a paisagem do pampa. A Campanha não está em vias de alteração drástica, mas está perto disso. Só que, nesse caso, felizmente, provoca grande comoção social e intensas polêmicas. O que permite ter esperanças de que, ao contrário do lobo-guará, o pampa será preservado.

Duas coisas me chamaram atenção no texto do professor: a de que seria uma boa alternativa para os proprietários de terras da região e que vai faltar água para consumo humano. Cita, inclusive, que Bagé ficará pior do que está, se plantarmos eucaliptos. Fico constrangido em ver que professores têm um posicionamento contra algo que, obviamente, desconhecem totalmente. Não vou falar de consumo de água, pois isto é ridículo, mas que é uma boa alternativa para os proprietários de terras? E para os milhares que conseguirão emprego? e para o Estado que vai arrecadar divisas de onde hoje nada sai? Estes recursos não irão beneficiar o "conjunto da população"? Provavelmente da metade norte, sim...

E Bagé tem o abastecimento através de barragens defasadas, que governantes não resolvem pois não investem nisso nunca. Não é abastecida com águas subterrâneas (deveria e poderia, mas não é) mas por barragens que precisam ser ampliadas ou multiplicadas há várias décadas. Não tem nada a ver com o assunto, mas o professor de história parece não saber disso. E seu jornal não noticia o que deve ser contrário a interesses outros que não o desenvolvimento da região. Ou tem medo da patrulha...

Aliás, por falar em patrulha, no site do PTSul está esclarecido que a audiência foi positiva, pois eles só reclamaram! Bom ver que a região aprendeu muito com o sistema do PT de fazer política. Leiam e entendam porque.

Imagem: Bad Wolf de Walt Disney e Lobo Guará. Na Metade Sul, há uma grave ameaça aos Lobos Guarás: uma espécie exótica que se espalha rapidamente e sem controle e, com apoio governamental, abate ovelhas (que também alimentam o Lobo Guará), matos, cultura, o que estiver na sua frente. Eucaliptos parecem ter atraído a ira desta espécie pois podem proteger áreas importantes para o Lobo Guará. Esta espécie odeia áreas produtivas.

terça-feira, 12 de junho de 2007

CONSULTA PÚBLICA EM PELOTAS

A Consulta Pública sobre o zoneamento ambiental lotou o teatro Guarani em Pelotas. O Pobre Pampa, viajando pelo rico Nordeste não pode participar, eu também não. Mas nas noticias que colhi junto ao Diário Popular tudo ocorreu dentro da mais perfeita normalidade e a grande maioria dos presentes defendeu o desenvolvimento com responsabilidade ambiental, que no final é o que todos queremos. Houve poucas manifestações contra o plantio de eucaliptos, sendo uma das mais destacadas a do MTD, Movimento dos Trabalhadores Desempregados, que, não sei por que razão, são contra uma ação que, entre outras coisas, vai trazer emprego. Eles devem ter sido favoráveis a expulsão da Ford também. Outra manifestação contrária foi da ong CEA, Centro de Estudos Ambientais, que acusou as fábricas de celulose de iniciarem os plantio sem respeitar as leis ambientais. Como já foi muitas vezes discutido aqui o que não se respeitou foi um zoneamento capenga, sem poder de lei, que agora está sendo transformado no grande vilão da Metade Sul

Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

Quando falamos de qualquer coisa que envolva tecnologia, é preciso ouvir quem entende do assunto e fez estudos, análises e trabalhos sobre o assunto, sem a paixão dos dogmas.

E o IPEF (está no site deles), mediante forte parceria com o Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo, há quase quatro décadas, oferece condições para o desenvolvimento de pesquisa e tecnologia, na direção da melhoria da qualidade, produtividade e utilização das florestas, contribuindo para o desenvolvimento do setor florestal, de forma economicamente viável, ambientalmente adequada e socialmente justa (o grifo é do Pobre Pampa). Claro que este instituto é mantido pelas empresas de celulose, mas é importante salientar a parceria que mantém com a ESALQ, uma das mais importantes entidades de ensino e pesquisa deste País.

O Pobre Pampa conheceu este site através de um amigo portoalegrense, também preocupado com os rumos que este assunto tem tomado, aqui no RS. O texto a seguir foi selecionado para os leitores do PP:

O eucalipto precisa de muita água?

Fibra - Jornal da Cenibra - Nº 217 - Novembro de 2003

Uma das críticas que se costuma fazer ao eucalipto é que ele precisa de muita água durante a fase de crescimento. Isto é desmentido por estudos recentes, que têm mostrado não haver muita diferença entre o consumo de água de diversas espécie florestais e o eucalipto.

Isso também é verdade em comparação com a agricultura: ele apresenta consumo parecido com o do café e menor do que o da cana-de-açucar. Em países com pouca disponibilidade de água, como Espanha, Itália, Israel e Marrocos, grandes áreas estão sendo usadas para o plantio de eucaliptos, sem problemas. No caso de Israel, inclusive áreas de deserto estão sendo usadas para agricultura, depois do cultivo do eucalipto por períodos entre 20 e 30 anos.


Cultura Consumo de água (mm)
Cana-de-açúcar 100-2000
Café 800-1200
Citrus 600-1200
Milho 400-800
Feijão 300-600
Eucalipto 800-1200

Obs: 1 mm (milímetros) corresponde a 1 litro por metro quadrado.
Fonte: CALDER, et al, 1992 e LIMA, W. De P., 1992

Pelo fim do preconceito

Falar de eucalipto é uma coisa que, como se diz “dá pano pra manga”. Uns defendem, outros ainda atacam. Mas esta discussão parece estar chegando ao fim, já que, hoje, o eucalipto vem sendo visto com outros olhos. Isso porque, muitas acusações contra ele vêm sendo sistematicamente desmentidas por pesquisadores que o estudam em todo o mundo. É justamente para aprofundar essa discussão que o Fibra passa a publicar, a partir dessa edição, uma série de matérias sobre o eucalipto, esperando contribuir para o esclarecimento de dúvidas e para acabar de vez com o preconceito que se costuma ter contra ele.

Imagem: capa do folder do IPEF

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Eucaliptos em Fogo

No seminário "O Rio Grande do Sul no Contexto das Mudanças Climáticas", realizado na Assembléia Legislativa, e promovido pela Secretaria do Meio Ambiente, ouviu-se novamente algumas afirmações sobre eucaliptos, ditas por técnicos.

Doutor em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin e pesquisador do INPE de São Paulo, José Antonio Marengo Orsini declarou, segundo a EcoAgência: "Eucalipto, para mim, sinceramente, é uma praga". "o eucalipto empobrece o solo, pega fogo rapidamente e afeta o microclima".

Empobrecer o solo é uma afirmação que não estranho, pois parte de um especialista em meteorologia e não agronomia. Mas é importante que, mesmos leigos, saibam que qualquer atividade agropecuária afeta a solução do solo, seu pH, seu nível de macro e micronutrientes e até a micro flora e fauna que lá existem. Para isto, existe toda uma análise científica dos solos e a reposição dos nutrientes retirados, através de adubações, que podem ser minerais, orgânicas ou organo-minerais. Como exemplo, cito a cana-de-açúcar, tida como a cultura mais agressiva para os solos e que hoje é largamente cultivada no estado do Dr. Marengo, sem que se tenha notícias de altas degradações do solo;

Pega fogo rapidamente, é uma afirmação inverídica, pois o eucalipto não mantém fogo de copa, como outras árvores e não tem seiva inflamável como o pinus. No site da UFFRJ/Instituto de Tecnologia, o Pobre Pampa encontrou uma análise das causas de incêncios florestais, onde é afirmado: "Em plantações de eucaliptos, após as árvores atingirem certo porte, o fogo pode ser usado para evitar a competição de espécies vegetais indesejáveis no sub-bosque, pois a maioria das espécies de Eucalyptus são resistentes ao fogo...". Claro que o Pobre Pampa é contra qualquer tipo de "fogo controlado" na agropecuária.

Afetar o micro-clima é verdade. Qualquer um que entre em um mato de eucaliptos sente um ambiente agradável e fresco. Alterar o micro-clima não é necessariamente ruim, e precisamos salientar que qualquer atividade humana altera o micro-clima. Até mesmo os porto-alegrenses sabem disso, pois o centro da capital é muito mais quente que os bairros.

No site da SEMA/RS apenas consta a participação dele falando sobre o aquecimento global. Por isto, o Pobre Pampa sempre busca várias fontes de notícias. O que uns dizem, outros calam.

Imagem: eucaliptos em fogo na Austrália. Claro que ele queima, como qualquer madeira, mas é muito resistente ao fogo, não podendo ser dito "pega fogo rapidamente".

quarta-feira, 6 de junho de 2007

De porcos, frangos e eucalíptos

Uma das grandes sacadas da produção agroindustrial, foi a implantação dos regimes de produção integrada produtor/agroindústria. Neste sistema, as grandes (ou pequenas) empresas e cooperativas apoiam o produtor que, em troca, apresenta o produto final nas condições e prazos previamente acordados. Assim é com os porcos, com os frangos, com o fumo e vai ser com os eucaliptos. Onde está o erro?

Este sistema é muito criticado - por vezes com muita razão - pois prende o produtor a um único comprador e suas exigências. Em contrapartida, tem uma remuneração adequada. É só olhar o Oeste Catarinense, que vamos ver o desenvolvimento nas pequenas propriedades daquela região. São explorados? É provável, mas também têm um nível de vida muito superior aos das famílias de pequenos produtores aqui da Metade Sul do RS. E são também, muito mais organizados.

Alguma ONG já tentou eliminar a produção suinícola do Oeste Catarinense (que podemos chamar de monocultura, apesar de ser pecuária)? Pois deveriam, porque esta atividade é extremamente poluidora e está concentrada em uma região com grandes dificuldades de se promover a neutralização destas enormes quantidades de dejetos. Só para se ter uma idéia, cerca de 50% da produção de carne suína brasileira vem desta região. Após a contaminação dos rios, tentou-se o uso destes dejetos como fertilizante in natura, o que já foi demonstrado pela Embrapa, que é extremamente poluente ao lençol freático não sendo, portanto uma opção adequada, embora torne os dejetos invisíveis momentaneamente. Além disso, em grande parte, aquela região não é adequada à produção agrícola. Resta o tratamento dos dejetos, que é complicado, mas não é impossível e já existem trabalhos neste sentido. E, para instalar-se nos mercados mais exigentes, é necessária a norma ISO 14000, que diz que somente pode ser considerado como de tecnologia limpa, o sistema que não cause danos ambientais em nenhuma fase do processo desde a sua produção até o destino de seus resíduos. Mas estamos longe disso e já temos uma produção de suínos em grande escala se desenvolvendo na região Centro-Oeste.

Levamos vantagem com o projeto de eucaliptos na Metade Sul do RS. É uma atividade primária muito menos agressiva ao ambiente e sua implantação já leva em conta os avanços da tecnologia na preservação ambiental. Não por vontade das empresas, claro, mas porque a celulose resultante deverá estar enquadrada nas normas ambientais mais exigentes, pois estará sendo exportada para o mercado europeu. Isso inclui, não só o cuidado ambiental, mas o cuidado com a mão-de-obra empregada. Nestes projetos, os trabalhadores têm carteira assinada, refeições quentes, transporte adequado, plano de saúde. Bem diferente do que se vê em projetos florestais pelo Brasil afora. Também tem garantida no Registro de Imóveis, a APP respectiva. Além disso, corredores ecológicos e, no máximo, 50% da área total com florestas plantadas.

Imagem: Interessante equipamento para quem visitar o Oeste Catarinense