domingo, 18 de janeiro de 2009

Formaturas...

Esta é uma época em que muitos pais, orgulhosos, vão à formatura de seus filhos. Uma pessoa muito chegada ao PoPa deslocou-se até Rio Grande para assistir a formatura de seu filho na FURG, uma universidade federal, pública.

Assistiu, consternado, ao discurso de um dos homenageados, que roubou o momento dos formandos para fazer um equivocado discurso político (melhor dizer ideológico). Para fazer um discurso destilando ódio, preconceito e rancor. Iniciou falando até bem, pois ao dizer que não tinha conseguido escrever um bom discurso para os formandos, resolveu escrever uma carta a Paulo Freire, educador brasileiro morto há mais de dez anos. Como confessou-se um ateu, não se sabe como Freire iria escutá-lo, mas este não é o problema. Ele disse, a Paulo Freire, que professores não deveriam apanhar da polícia - com o que o PoPa e seu amigo concordam - mas não disse que professores não deveriam fazer greve em pleno final de ano letivo. Disse que uma aluna pichou o muro de uma universidade federal com uma frase que ele - Freire - concordaria. Mas também disse que outros alunos não concordaram com a tal frase e criticou-os, negando àqueles que discordaram, do mesmo direito que outorgava à pichadora.

Para encerrar, disse que a Faixa de Gaza estava sendo vítima de ataques da direita internacional, mas não citou os mais de 300 mil mortos no Sudão, cujos mortos são vítimas de seu próprio - deles - governo. Disse que, ano passado, dezenas de trabalhadores brasileiros foram resgatados de trabalho escravo, mas não disse a definição de trabalho escravo, quais regiões isto aconteceu e por que, deixando entender que o Brasil ainda é uma imensa senzala.

Ao final, foi aplaudido por alguns e vaiado por outros. Pais que foram ver um momento importante na vida de seus filhos, foram obrigados a escutar bobagens ditas por um professor de história. O que este professor passou a seus alunos durante seu curso? Ensinou a odiar alguns e idolatrar outros? Não teve a preocupação de analisar os fatos da história desapaixonadamente e sem tomar partido, como um bom historiador deve fazer? Ou passou sua falha de caráter para todos? Descontração é algo bom, mas ir a formatura, como homenageado, com tênis de grife, também não pareceu adequado...

Perdeu, o professor, uma excelente oportunidade de dar às pessoas ali presentes, uma boa lição de história, respeitando a diversidade de opiniões que, certamente, ali estavam representadas.

Perdeu a universidade, ao deixar claro que ali se tenta formar professores de história - que irão ensinar nossos filhos e netos - com orientação ideológica. Se esta orientação está certa ou errada, não é o caso. Ideologia pode até servir para nossas vidas, mas não pode ser inserida no curriculo de mentes em formação. A estas mentes, deverá ser dado o direito de opinar, de questionar, de conhecer todos os lados de uma mesma história. Aos professores, a obrigação de ensinar cidadãos a respeitar diferenças, a serem críticos com tudo que está errado, seja de que lado for. Que os reacionários respeitem os revolucionários e vice-versa. Precisamos disto, pois a história está plena de aproveitadores - de direita e de esquerda - que usam este tipo de ação para seu benefício.

Ao final, o reitor falou da importância da universidade pública e que os formandos devem, à sociedade, sua formatura. O PoPa concorda com isto, tanto que acha que, formados em universidades públicas, estas pessoas deveriam prestar serviços à sociedade que os sustentou durante este importante período de suas vidas. Ou, não querendo isto, que paguem o sustento de outro aluno em igual período e custo, após formados. O PoPa já relatou sobre isto, como neste post: http://pobrepampa.blogspot.com/2007/07/ensino-superior-ser-mesmo.html.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lamentável. Transformar o palco de uma formatura em palanque político é algo que só um bitolado da esquerda consegue fazer sem ficar constrangido.
Cursei História durante algum tempo, e lembro de um dia em que resolvi ir de carro para não atrasar. Meus colegas me viram chegar naquele carrinho popular 1.0 e não perderam a oportunidade: chegou o pequeno-burguês. Colou! Fiquei conhecido como o pequeno-burgês da faculdade. Mesmo que todos ali fossem classe média e todos tivessem seu carrinho na garagem...

São palhaços. Palhaços sem graça.