quarta-feira, 13 de maio de 2009

A poupança do pobre vai ser poupada?

Em suas leituras matinais, o PoPa andou lendo sobre a história da poupança, já comentada em blogs de respeito, como o Alerta Brasil, da Gusta e o Coturno Noturno. No Estadão de hoje, esta matéria: BRASÍLIA - O governo pode anunciar hoje a cobrança do Imposto de Renda (IR) das cadernetas de poupança acima de R$ 50 mil a partir de 2010. A nova regra será acompanhada de um corte temporário, válido apenas este ano, na tributação dos fundos de investimento. Essas propostas serão levadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, insistiram, mais uma vez, que o governo não vai prejudicar o pequeno poupador. O objetivo, segundo eles, é inibir a migração de recursos dos fundos de investimento para a poupança, atraídos pelo melhor ganho.

Qual a definição de "pequeno poupador"? 50 mil reais parecem muito dinheiro? Ele refere-se ao valor da poupança ou a seu rendimento? Se for ao valor poupado, pode até parecer muito, mas pode também, representar a poupança de uma vida inteira de uma família buscando a casa própria. Pode representar um pai de família que lutou a vida inteira para que o filho pudesse formar-se e montar um consultório dentário, por exemplo. Sabe-se lá quantas privações passaram para chegar a um valor como este, dito pelo governo como de propriedade de especulador.

E o que isto irá representar de ganho para o governo? O PoPa leu os cálculos do que ele vai deixar de arrecadar com a folga nos fundos (dois bilhões até o final do ano, segundo a Receita Federal), mas não sabe o quanto vai arrecadar a mais com a poupança. Não seria lógico que esta informação também estivesse na proposta? Quem hoje está na poupança não é especulador, pois aceitou a regra de menor ganho, em troca de menor risco e maior facilidade. Estes serão taxados ou poupados? Existem pessoas que sobrevivem com heranças ou valores poupados durante toda a vida. 50 mil reais deixam algo em torno de 300 reais de rendimento mensal. É um monte de grana, não é mesmo? Se for 50 mil reais de rendimento anual, aí realmente poderia ser caracterizada uma ação contra a especulação. Vai ser isso mesmo? O PoPa gostaria de acreditar nisso.

O grande problema existente por trás desse imbroglio todo, é a dívida interna do Brasil, que atinge valores astronômicos. Mais dia, menos dia, alguém vai dar um calote generalizado, pois é insustentável. Agora, arriam as calças para os especuladores, DANDO dois bilhões de reais até o final do ano. Para "compensar", vão tungar o bolso do pequeno poupador, sob a alegação - furada, claro - de que os especuladores poderiam sair do fundo para a poupança. Mas, sairiam por que, já que estão sendo favorecidos?

3 comentários:

Rejane (Mel) disse...

Caro PoPa,

O café de hoje tá amargo, né?
Respondi lá e replico aqui:

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Creio que o imposto incindirá sobre o saldo.
Vamos aguardar pra ver.

De qualquer forma.. tão tirando a graninha dos aposentados, das famílias que fizeram poupança em benefício dos filhos, de quem recebe pensão alimentícia, e de todos que juntaram um dinherinho em décadas de economia...

Mas claro.. os altos investidores receberão descontos, benefícios, reduções.

E NENHUM banqueiro perderá seu lucro......

Charlie disse...

Lancei o tópico entre amigos e não faltou quem defendesse a medida. "É preciso estimular o consumo". Que tal?

PoPa disse...

Que tipo de incentivo ao consumo isto poderia causar, Charlie? O que teus amigos estão bebendo? Pequenos poupadores vão tirar o dinheiro de lá para gastar? A grande sacada é que isto vai vigorar somente ano que vem, enquanto o desconto nos fundos vai ser imediato! Com qual critério? Alguém deixaria de aplicar nos fundos para ir para a poupança? Mas então, porque dar desconto até o final do ano para os fundos e criar um imposto sobre a poupança após o final do ano? Onde está a coerência?

Café amargo, mesmo, Rejane!