quarta-feira, 1 de agosto de 2007

O orgulho de fazer a "coisa certa"

O PP andou pesquisando, para saber o que a UFPel estava dizendo sobre sua decisão de criar um curso especial para os assentados do MST. Pois não parecem muito orgulhosos do feito, já que apenas uma pequena nota apareceu no site, nas notícias - já desapareceu da primeira página:

20/07/07 Conselho Universitário aprova Veterinária para assentados e agricultores familiares - O Conselho Universitário da UFPel, órgão deliberativo máximo da instituição, aprovou nesta sexta-feira(20) a instalação do curso de graduação em Medicina Veterinária para assentados da reforma agrária e agricultores familiares. O curso será vinculado ao Centro de Capacitação e Desenvolvimento Rural Sustentável da UFPel e será realizado em convênio com o Incra e com o Ministério do Desenvolvimento Agrário(MDA). Foram 36 votos a favor, 20 contra e nenhuma abstenção.

Chamou a atenção do PP, o fato de falarem em "agricultures familiares". Mas, procurando mais informações sobre o assunto no site do Incra, a verdade. No Manual de Operações do PRONERA (Projeto de formação profissional em nível superior para jovens e adultos em áreas de reforma agrária) explicitamente diz que são somente os oriundos dos assentamentos, devidamente autorizados pelo próprio movimento, como o amém do Incra, que poderão participar do curso.


Do site do INCRA:

O Conselho Universitário da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) aprovou, na última sexta-feira (20), a instalação do curso de graduação em Medicina Veterinária para assentados da reforma agrária e agricultores familiares. Ele será realizado em convênio com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e destinado aos filhos de assentados, aos agricultores familiares e seus dependentes. (PP: novamente citam agricultores familiares, mas o "Manual do PRONERA" explicita que somente os oriundos dos assentamentos podem participar. A quem eles querem enganar?)

A criação desse curso visa suprir a necessidade de mão-de-obra de médicos veterinários para trabalhar dentro dos assentamentos da reforma agrária, afirma o superintendente do Incra no Rio Grande do Sul, Mozar Artur Dietrich. “Nós não estamos conseguindo fazer a contratação de médicos veterinários para trabalhar dentro dos assentamentos da reforma agrária no Brasil inteiro. Conseguimos a contratação de engenheiros agrônomos e de técnicos agrícolas, mas há uma grande carência de médicos veterinários que queiram trabalhar dentro dos assentamentos. Em função disso, é que está sendo aberto esse curso”, explica Dietrich.

Convênios para infra-estrutura e educação

Para viabilizar a execução do curso foram celebrados dois convênios entre o Incra/MDA e a UFPel. O primeiro deles, assinado no ano passado, foi firmado para a criação do Centro de Capacitação e Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), que será construído dentro do Campus Universitário.

Esse convênio assegura à Universidade um recurso de R$ 3,5 milhões que será aplicado em obras de infra-estrutura. Segundo o superintendente do Incra/RS, o atual prédio é bastante precário e afastado do campus (PP: serve para os demais estudantes, mas é precário para o MST). “Com a construção do novo prédio para o curso de Medicina Veterinária a faculdade como um todo será beneficiada”, afirma.

O recurso disponibilizado também será utilizado na compra de equipamentos clínico-cirúrgicos novos, na construção de uma área de lazer, de uma creche para estudantes que tenham filhos e na construção de um alojamento novo (PP: não há alojamento antigo no campus) com capacidade para 100 pessoas. Esse espaço será reservado para que os assentados possam se instalar dentro do campus durante a graduação.

O segundo convênio foi firmado com o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) - desenvolvido pelo Incra - e destina R$ 150 mil para financiar o curso. O recurso será utilizado para custear a realização do vestibular (PP: pra quê?), a contratação de professores e a aquisição de material de expediente.

Seleção dos candidatos

A proposta prevê a oferta de 60 vagas para assentados credenciados pelo Incra. A previsão é que as provas sejam realizadas até setembro, em Pelotas (RS). Qualquer assentado ou filho de assentado inscrito no Incra pode se candidatar às vagas desde que tenha sido indicado pelo assentamento onde mora e obtenha, do superintendente regional do Instituto, uma carta de anuência para poder se inscrever.

O vestibular para seleção dos candidatos terá conteúdo idêntico aos demais concursos da Universidade. Haverá uma primeira prova para pré-selecionar 80 candidatos, que farão um estágio de vivência de um mês no Campus Universitário. Depois, serão submetidos a um novo exame e, a partir daí, serão identificados os 60 primeiros alunos que farão o curso.

Parece que o MEC não tem nada a dizer sobre este projeto...

Um comentário:

PoPa disse...

Tem mais um detalhe interessante neste curso: se acaso houver algum aluno desistente, por qualquer motivo, o movimento social poderá colocar outro no lugar até o segundo semestre...