sexta-feira, 15 de junho de 2007

Lobo-guará e florestas de eucaliptos

Hoje, dia 15, procurei no jornal A Razão, de Santa Maria, informações sobre a audiência pública sobre o zoneamento florestal. Acho que foi muito boa, pois não tinha uma linha sobre o assunto no jornal da RBS. Mas tinha um interessante texto, escrito pelo professor de história, Vitor Biasoli:
Recebi e-mail de um amigo, informando que a situação do lobo-guará no Rio Grande do Sul é preocupante. O lobo-guará ainda não é um animal em extinção, mas está em declínio. Sua população diminuiu 50% nos últimos dez anos e existem pouco mais de 10 mil exemplares da espécie. Os dados foram retirados de uma publicação do IBGE e meu amigo comentou que a extinção de animais não causa grande comoção na sociedade rio-grandense e é encarado apenas como mais um índice das mudanças ambientais inevitáveis...

...Aproximando essa discussão para perto de nós, a questão ambiental que se coloca não é a emissão de gases poluentes, pois não constituímos uma área industrial. No momento, o assunto mais relevante quanto ao meio ambiente é a expansão das florestas de eucaliptos. Um cultivo que altera a paisagem do pampa e, em especial, o lençol freático da região. Isto é, os eucaliptos consomem bastante água e, ao se expandir na Campanha, consumirão boa parte da água existente. As florestas de eucaliptos parecem ser uma boa alternativa econômica para os proprietários de terra da região, mas, seguramente, não é a melhor alternativa para o conjunto da população, pois vai faltar água para o consumo humano. Em Bagé, onde o problema da água é sério, vai ficar pior.
Qualquer coisa como o que acontece com o lobo-guará acontece com a paisagem do pampa. A Campanha não está em vias de alteração drástica, mas está perto disso. Só que, nesse caso, felizmente, provoca grande comoção social e intensas polêmicas. O que permite ter esperanças de que, ao contrário do lobo-guará, o pampa será preservado.

Duas coisas me chamaram atenção no texto do professor: a de que seria uma boa alternativa para os proprietários de terras da região e que vai faltar água para consumo humano. Cita, inclusive, que Bagé ficará pior do que está, se plantarmos eucaliptos. Fico constrangido em ver que professores têm um posicionamento contra algo que, obviamente, desconhecem totalmente. Não vou falar de consumo de água, pois isto é ridículo, mas que é uma boa alternativa para os proprietários de terras? E para os milhares que conseguirão emprego? e para o Estado que vai arrecadar divisas de onde hoje nada sai? Estes recursos não irão beneficiar o "conjunto da população"? Provavelmente da metade norte, sim...

E Bagé tem o abastecimento através de barragens defasadas, que governantes não resolvem pois não investem nisso nunca. Não é abastecida com águas subterrâneas (deveria e poderia, mas não é) mas por barragens que precisam ser ampliadas ou multiplicadas há várias décadas. Não tem nada a ver com o assunto, mas o professor de história parece não saber disso. E seu jornal não noticia o que deve ser contrário a interesses outros que não o desenvolvimento da região. Ou tem medo da patrulha...

Aliás, por falar em patrulha, no site do PTSul está esclarecido que a audiência foi positiva, pois eles só reclamaram! Bom ver que a região aprendeu muito com o sistema do PT de fazer política. Leiam e entendam porque.

Imagem: Bad Wolf de Walt Disney e Lobo Guará. Na Metade Sul, há uma grave ameaça aos Lobos Guarás: uma espécie exótica que se espalha rapidamente e sem controle e, com apoio governamental, abate ovelhas (que também alimentam o Lobo Guará), matos, cultura, o que estiver na sua frente. Eucaliptos parecem ter atraído a ira desta espécie pois podem proteger áreas importantes para o Lobo Guará. Esta espécie odeia áreas produtivas.

terça-feira, 12 de junho de 2007

CONSULTA PÚBLICA EM PELOTAS

A Consulta Pública sobre o zoneamento ambiental lotou o teatro Guarani em Pelotas. O Pobre Pampa, viajando pelo rico Nordeste não pode participar, eu também não. Mas nas noticias que colhi junto ao Diário Popular tudo ocorreu dentro da mais perfeita normalidade e a grande maioria dos presentes defendeu o desenvolvimento com responsabilidade ambiental, que no final é o que todos queremos. Houve poucas manifestações contra o plantio de eucaliptos, sendo uma das mais destacadas a do MTD, Movimento dos Trabalhadores Desempregados, que, não sei por que razão, são contra uma ação que, entre outras coisas, vai trazer emprego. Eles devem ter sido favoráveis a expulsão da Ford também. Outra manifestação contrária foi da ong CEA, Centro de Estudos Ambientais, que acusou as fábricas de celulose de iniciarem os plantio sem respeitar as leis ambientais. Como já foi muitas vezes discutido aqui o que não se respeitou foi um zoneamento capenga, sem poder de lei, que agora está sendo transformado no grande vilão da Metade Sul

Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

Quando falamos de qualquer coisa que envolva tecnologia, é preciso ouvir quem entende do assunto e fez estudos, análises e trabalhos sobre o assunto, sem a paixão dos dogmas.

E o IPEF (está no site deles), mediante forte parceria com o Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo, há quase quatro décadas, oferece condições para o desenvolvimento de pesquisa e tecnologia, na direção da melhoria da qualidade, produtividade e utilização das florestas, contribuindo para o desenvolvimento do setor florestal, de forma economicamente viável, ambientalmente adequada e socialmente justa (o grifo é do Pobre Pampa). Claro que este instituto é mantido pelas empresas de celulose, mas é importante salientar a parceria que mantém com a ESALQ, uma das mais importantes entidades de ensino e pesquisa deste País.

O Pobre Pampa conheceu este site através de um amigo portoalegrense, também preocupado com os rumos que este assunto tem tomado, aqui no RS. O texto a seguir foi selecionado para os leitores do PP:

O eucalipto precisa de muita água?

Fibra - Jornal da Cenibra - Nº 217 - Novembro de 2003

Uma das críticas que se costuma fazer ao eucalipto é que ele precisa de muita água durante a fase de crescimento. Isto é desmentido por estudos recentes, que têm mostrado não haver muita diferença entre o consumo de água de diversas espécie florestais e o eucalipto.

Isso também é verdade em comparação com a agricultura: ele apresenta consumo parecido com o do café e menor do que o da cana-de-açucar. Em países com pouca disponibilidade de água, como Espanha, Itália, Israel e Marrocos, grandes áreas estão sendo usadas para o plantio de eucaliptos, sem problemas. No caso de Israel, inclusive áreas de deserto estão sendo usadas para agricultura, depois do cultivo do eucalipto por períodos entre 20 e 30 anos.


Cultura Consumo de água (mm)
Cana-de-açúcar 100-2000
Café 800-1200
Citrus 600-1200
Milho 400-800
Feijão 300-600
Eucalipto 800-1200

Obs: 1 mm (milímetros) corresponde a 1 litro por metro quadrado.
Fonte: CALDER, et al, 1992 e LIMA, W. De P., 1992

Pelo fim do preconceito

Falar de eucalipto é uma coisa que, como se diz “dá pano pra manga”. Uns defendem, outros ainda atacam. Mas esta discussão parece estar chegando ao fim, já que, hoje, o eucalipto vem sendo visto com outros olhos. Isso porque, muitas acusações contra ele vêm sendo sistematicamente desmentidas por pesquisadores que o estudam em todo o mundo. É justamente para aprofundar essa discussão que o Fibra passa a publicar, a partir dessa edição, uma série de matérias sobre o eucalipto, esperando contribuir para o esclarecimento de dúvidas e para acabar de vez com o preconceito que se costuma ter contra ele.

Imagem: capa do folder do IPEF

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Integração Produtor/Agroindústria - Os Pêssegos de Pelotas



O pessegueiro (Prunus persica) é originário da China e muito cultivado na região de Pelotas. É uma espécie exótica, mas de grande importância para as pequenas propriedades da região. Na China, é utilizado até mesmo como árvore ornamental.

Também aqui na Zona Sul, temos um sistema de integração produtor/indústria, como o que já falamos de aves, suínos, fumo e outros. Mas aqui, infelizmente, não se explora a produção e sim o produtor. Historicamente vemos empresas que não são multinacionais - não são sequer regionais - explorando à morte os produtores de pêssego. E, pasmem, muitas delas de propriedade de pessoas oriundas da região da colônia. Ou seja, a exploração do produtor independe da nacionalidade do industrial e sim de sua ética. O Pobre Pampa é contra generalizações e reconhece que existem empresas sérias no setor, mas que não conseguem fazer com que os produtores em geral, tenham a merecida remuneração (como concorrer com predadores?).

O sistema público de pesquisa, desde sempre, busca a fruta ideal para a indústria, sem pensar em uma fruta para consumo in natura. Dizem ter variedades de duplo propósito mas estas, como diz um agrônomo local, não são totalmente adequadas nem para indústria, nem para consumo...

Esta situação, que se arrasta há décadas, é culpa da oligarquia rural? Do latifúndio? Do capitalismo internacional? O que o Pobre Pampa quer dizer, é que a exploração de produtores não é uma condição do porte da empresa ou do fato dela ser nacional ou multinacional. Na busca pelo lucro fácil, muitos acabam liquidando seu parceiro fornecedor - e afundando junto, como temos vários casos aqui mesmo na região.

Imagem: pessegueiro em parque na China.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Eucaliptos em Fogo

No seminário "O Rio Grande do Sul no Contexto das Mudanças Climáticas", realizado na Assembléia Legislativa, e promovido pela Secretaria do Meio Ambiente, ouviu-se novamente algumas afirmações sobre eucaliptos, ditas por técnicos.

Doutor em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin e pesquisador do INPE de São Paulo, José Antonio Marengo Orsini declarou, segundo a EcoAgência: "Eucalipto, para mim, sinceramente, é uma praga". "o eucalipto empobrece o solo, pega fogo rapidamente e afeta o microclima".

Empobrecer o solo é uma afirmação que não estranho, pois parte de um especialista em meteorologia e não agronomia. Mas é importante que, mesmos leigos, saibam que qualquer atividade agropecuária afeta a solução do solo, seu pH, seu nível de macro e micronutrientes e até a micro flora e fauna que lá existem. Para isto, existe toda uma análise científica dos solos e a reposição dos nutrientes retirados, através de adubações, que podem ser minerais, orgânicas ou organo-minerais. Como exemplo, cito a cana-de-açúcar, tida como a cultura mais agressiva para os solos e que hoje é largamente cultivada no estado do Dr. Marengo, sem que se tenha notícias de altas degradações do solo;

Pega fogo rapidamente, é uma afirmação inverídica, pois o eucalipto não mantém fogo de copa, como outras árvores e não tem seiva inflamável como o pinus. No site da UFFRJ/Instituto de Tecnologia, o Pobre Pampa encontrou uma análise das causas de incêncios florestais, onde é afirmado: "Em plantações de eucaliptos, após as árvores atingirem certo porte, o fogo pode ser usado para evitar a competição de espécies vegetais indesejáveis no sub-bosque, pois a maioria das espécies de Eucalyptus são resistentes ao fogo...". Claro que o Pobre Pampa é contra qualquer tipo de "fogo controlado" na agropecuária.

Afetar o micro-clima é verdade. Qualquer um que entre em um mato de eucaliptos sente um ambiente agradável e fresco. Alterar o micro-clima não é necessariamente ruim, e precisamos salientar que qualquer atividade humana altera o micro-clima. Até mesmo os porto-alegrenses sabem disso, pois o centro da capital é muito mais quente que os bairros.

No site da SEMA/RS apenas consta a participação dele falando sobre o aquecimento global. Por isto, o Pobre Pampa sempre busca várias fontes de notícias. O que uns dizem, outros calam.

Imagem: eucaliptos em fogo na Austrália. Claro que ele queima, como qualquer madeira, mas é muito resistente ao fogo, não podendo ser dito "pega fogo rapidamente".

quarta-feira, 6 de junho de 2007

De porcos, frangos e eucalíptos

Uma das grandes sacadas da produção agroindustrial, foi a implantação dos regimes de produção integrada produtor/agroindústria. Neste sistema, as grandes (ou pequenas) empresas e cooperativas apoiam o produtor que, em troca, apresenta o produto final nas condições e prazos previamente acordados. Assim é com os porcos, com os frangos, com o fumo e vai ser com os eucaliptos. Onde está o erro?

Este sistema é muito criticado - por vezes com muita razão - pois prende o produtor a um único comprador e suas exigências. Em contrapartida, tem uma remuneração adequada. É só olhar o Oeste Catarinense, que vamos ver o desenvolvimento nas pequenas propriedades daquela região. São explorados? É provável, mas também têm um nível de vida muito superior aos das famílias de pequenos produtores aqui da Metade Sul do RS. E são também, muito mais organizados.

Alguma ONG já tentou eliminar a produção suinícola do Oeste Catarinense (que podemos chamar de monocultura, apesar de ser pecuária)? Pois deveriam, porque esta atividade é extremamente poluidora e está concentrada em uma região com grandes dificuldades de se promover a neutralização destas enormes quantidades de dejetos. Só para se ter uma idéia, cerca de 50% da produção de carne suína brasileira vem desta região. Após a contaminação dos rios, tentou-se o uso destes dejetos como fertilizante in natura, o que já foi demonstrado pela Embrapa, que é extremamente poluente ao lençol freático não sendo, portanto uma opção adequada, embora torne os dejetos invisíveis momentaneamente. Além disso, em grande parte, aquela região não é adequada à produção agrícola. Resta o tratamento dos dejetos, que é complicado, mas não é impossível e já existem trabalhos neste sentido. E, para instalar-se nos mercados mais exigentes, é necessária a norma ISO 14000, que diz que somente pode ser considerado como de tecnologia limpa, o sistema que não cause danos ambientais em nenhuma fase do processo desde a sua produção até o destino de seus resíduos. Mas estamos longe disso e já temos uma produção de suínos em grande escala se desenvolvendo na região Centro-Oeste.

Levamos vantagem com o projeto de eucaliptos na Metade Sul do RS. É uma atividade primária muito menos agressiva ao ambiente e sua implantação já leva em conta os avanços da tecnologia na preservação ambiental. Não por vontade das empresas, claro, mas porque a celulose resultante deverá estar enquadrada nas normas ambientais mais exigentes, pois estará sendo exportada para o mercado europeu. Isso inclui, não só o cuidado ambiental, mas o cuidado com a mão-de-obra empregada. Nestes projetos, os trabalhadores têm carteira assinada, refeições quentes, transporte adequado, plano de saúde. Bem diferente do que se vê em projetos florestais pelo Brasil afora. Também tem garantida no Registro de Imóveis, a APP respectiva. Além disso, corredores ecológicos e, no máximo, 50% da área total com florestas plantadas.

Imagem: Interessante equipamento para quem visitar o Oeste Catarinense

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Pra não dizer que não falei de flores...

As flores de eucalipto dão um mel que somente quem já provou pode saber do que estou falando. E, segundo especialistas, tem propriedades medicinais superiores as do mel comum. Há um projeto em andamento, junto com as empresas de celulose, de montar cooperativas de produtores para trabalhar as florestas e produzir mel de eucalipto em quantidade suficiente para abastecer o mercado interno e até para exportação.

Não queria voltar ao assunto das florestas, mas parece que não há limites para a ignorância acadêmica sobre o assunto, principalmente quando os acadêmicos são da UFRGS. Em Santa Maria, houve um seminário regional sob o título sugestivo de “rumos na luta contra o deserto verde”. Na abertura, o professor da UFRGS, Paulo Brack, criticou duramente as universidades. Segundo ele, uma parcela importante da instituição está a reboque de um modelo de pensamento que privilegia o desenvolvimento de uma tecnologia para a exportação, que desconsidera a questão da dependência e a destruição do meio ambiente. Brack criticou o processo que tem levado a uma disseminação da monocultura, que antes se restringia à soja, e agora se estende para o eucalipto. E foi mais longe, disse que “estamos perdendo 150 mil hectares de terras ao ano do bioma pampa para as monoculturas”.

Vamos por partes... "uma parcela importante das universidades". Ele estaria se referindo às universidades da Metade Sul? E não há possibilidade desta "parcela importante" estar certa?

Se entendi bem, o professor também fala que a monocultura no Estado se restringia à soja! Como, caro professor? Já ouviu falar em lavouras de arroz? nos pomares de maçã? no trigo? na cevada? nos parreirais da serra? (monocultura também está nas pequenas propriedades). Ou, sentado em seu gabinete de Porto Alegre não consegue ver nada disso?

Quando ele fala que estamos perdendo 150 mil hectares anuais para monoculturas (ele fala no plural!), ele assegura que já temos uma agricultura forte e dinâmica na região o que, infelizmente, está longe de acontecer. Se está se referindo ao futuro, é provavel que consigamos plantar uma significativa área com eucaliptos, mas não destruindo o bioma pampa, que já está comprometido e aniquilado em praticamente toda a região. A única chance de alguma recuperação deste bioma, é uma atividade econômica que possa garantir a sobrevivência do que restou.

Mas o seminário foi pródigo em bobagens como mais esta: "o professor Paulo Zarth, do curso de História da Unijuí, fez uma relação entre desertos e latifúndios, segundo ele, algo histórico na Metade Sul do Rio Grande do Sul".

Estes e outros doutores, fazendo a cabeça dos estudantes. É, estamos conversados...

Imagem: foto do Pobre Pampa, próximo a Quaraí. Áreas arenificadas, praticamente sem nenhuma cobertura vegetal. Qual o melhor destino para isto? Assentamentos? Florestas? Deixar como está para ver como fica?

domingo, 3 de junho de 2007

Grana à Vista!!!

Semana passada, o deputado Ronaldo Zulke apresentou um Projeto de Lei, de nº 213/2007, que "Institui as Agências de Região Hidrográfica no Estado do Rio Grande do Sul, regulamentando o disposto no artigo 20 da Lei Estadual nº 10.350 de 30 de dezembro 1994".

Não conheço direito os meandros legais para este tipo de ação, mas me parece que a criação de organismos que atuarão junto ao Governo do Estado, deveriam ser de iniciativa do Executivo. Mas não foi isso que me chamou a atenção. No corpo da proposta do nobre deputado, especificamente em seu Art. 2º, está uma interessante especificidade: "Ficam instituídas as Agências das seguintes Regiões Hidrográficas: da Bacia do Guaíba; da Bacia do Uruguai e das Bacias Litorâneas, todas organizadas sob a forma de Fundação, com personalidade jurídica de direito privado, vinculadas à Secretaria do Meio Ambiente do Estado, integrando o Sistema Estadual de Recursos Hídricos". Leia, na íntegra, a proposta do deputado, neste link (quando a página entrar, clica em "texto" e depois em "justificativas"). É interessante observar que, nas justificativas, o deputado não fala sobre o formato jurídico proposto. Não seria importante este fato?

O formato de fundação, com personalidade privada, é excelente para várias coisas como, por exemplo, a dispensa de licitação, a contratação sem concurso e o fato de que não precisam prestar contas ao Tribunal de Contas do Estado. De quebra, os recursos não vão para o Caixa Único.

EPA!

Imagem: o fantástico Paulo Autran, como "O Avarento".

Um Importante Alerta!

No site da Câmara Federal, uma notícia inquietante: os assentamentos realizados na Amazônia, seriam os responsáveis por 15% do desmatamento da floresta. Não é uma política que iniciou no atual Governo Federal, mas que continua sendo aplicada pelo Incra.

Segundo a matéria, o Deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) denuncia que "sem orientação adequada e sem assistência técnica, eles fazem queimadas para plantar verduras e legumes ou simplesmente derrubam árvores para extrair madeira". E, segundo técnicos do Imazon - Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, a taxa de desmatamento nos assentamentos foi quatro vezes maior que a taxa média de desmatamento na Amazônia (leia o artigo completo, clicando neste link).

Aliás, nenhuma novidade, já que o Incra parece não ter sensibilidade para escolher áreas para assentamentos, colocando milhares de pessoas, no geral de origem urbana, em locais inadequados à agricultura familiar. E, depois de assentadas, são praticamente largadas à propria sorte, sendo mantidas com cestas básicas e vales-esmola. É assim aqui na Metade Sul, onde existem poucas áreas adequadas à agricultura intensiva e as poucas que existem são produtivas e não podem ser, portanto, desapropriadas. Então, o Incra coloca pessoas inabilitadas em áreas inadequadas. Excelente equação, não é mesmo?

sexta-feira, 1 de junho de 2007

PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE

Pobre Pampa está lançando uma campanha estadual de defesa do ambiente em que vivemos. Vamos começar com a poluição da Região Metropolitana que recursos sem fim tem custado à toda a sociedade gaúcha (principalmente o Pró-Guaíba, cuja primeira etapa já consumiu mais de 220 milhões de dólares), sem que se observem resultados significativos para melhoria da qualidade de vida dos habitantes desta terra varonil.

E sobra para nós, aqui em baixo, com nossa belíssima Lagoa dos Patos totalmente poluída com resíduos das cidades "desenvolvidas" de nosso Estado. Está no site do DMAE: "84% da população tem o esgoto coletado. O tratamento de esgoto contempla 27% da população". Portanto, além dos coitados que não têm esgoto coletado (mas ele vai para algum lugar, certamente), Porto Alegre despeja no Guaíba (e, por consequência, na Lagoa dos Patos), 63% do esgoto produzido pelos seus quase quatro milhões de habitantes e estamos falando somente de Porto Alegre! Vamos ampliar isto para a "Grande Porto Alegre", cuja situação de tratamento de esgotos não deve ser melhor, e teremos mais de três milhões de produtores de resíduos sólidos e líquidos que não são tratados ou, em uma conta vulgar, a merda de três milhões de pessoas cai diretamente no rio, todos os dias...

Estima-se que haja uma produção diária entre 180 e 200 litros/pessoa/dia de esgoto. Parece muito? lembrem-se dos banhos, da higiene diária, das descargas, tudo isto regado a muita água, que fica contaminada irremediavelmente. E precisa ser tratada, mas não é, como vimos. Então, a Grande Porto Alegre contribui com algo perto de 600 milhões de litros de água extremamente poluída, entregue aos nossos rios, diariamente. Mas não ficamos por aí, pois temos todo o Vale dos Sinos e a região de Caxias do Sul. 75% do PIB estadual está neste eixo entre Porto Alegre e Caxias do Sul e, provavelmente, muito mais que isto da poluição também. E ainda temos muito esgoto cloacal caindo no pluvial e vice-versa, o que causa um impacto ainda maior no sistema.

Esperem, não falamos da poluição industrial! Do assoreamento dos rios, da destruição das matas ciliares (algum portoalegrense já viu isso de perto?). E temos os lixões industriais, concentrando os detritos de inúmeras indústrias, nem sempre estáveis e seguros, como vimos recentemente.

Vamos a fundo! Vamos criar um "Zoneamento Populacional" e impedir as pessoas de poluírem a água enquanto não tiverem seus esgotos tratados. E um "Zoneamento Industrial", para impedir a concentração de indústrias no eixo Porto Alegre/Caxias do Sul, pois não podemos permitir que a poluição industrial permaneça nos atuais níveis. Como primeira proposta, o imediato fechamento de todas as indústrias das regiões analisadas, até que se faça um estudo de impacto ambiental que mostrem quais podem retornar à produção. Também será necessária a análise dos bairros destas cidades, para saber quais deverão ser evacuados até que se faça a implantação de um sistema de tratamento integral de esgotos que não agrida o meio-ambiente. Infelizmente, as regiões mais pobres serão as mais atingidas, mas isto não deverá preocupar os ecoburocratas.

Vamos buscar apoio nas hostes das ongs preocupadas com o meio-ambiente. O Pobre Pampa tem certeza que sua preocupação terá acolhida nestas instituições! Quem sabe até recursos internacionais para promover passeatas, discursos, montar um documentário e, de quebra, comprar algum político.

Imagem: sujeira no Rio Guaíba. Fonte: FURG, onde também tem o seguinte texto: É estranha a relação que porto-alegrenses mantém com o Guaíba: oscila entre o amor e o ódio. Orgulham-se do pôr-do-sol e se servem dele para matar a sede, mas não hesitam em despejar esgotos domésticos, dejetos industriais e lixo em suas águas.