sexta-feira, 2 de novembro de 2007

O Leite


No Brasil, a legislação informa que o leite entregue às indústrias pode ter até um milhão de unidades formadoras de colônias por mililitro (1.000.000 UFC/ml). Um mililitro é alguma coisa como uma grande gota de leite. Então, temos que pode ter um milhão de bactérias nesta gota... Isto é determinado em lei. Em 2011, teremos um máximo de 100.000 UFC, que é o parâmetro europeu da década de 70.

A lei também permite até um milhão de células somáticas por mililitro, enquanto uma vaca saudável apresentará, no máximo, 300.000 ccs/ml. O que são estas células, afinal? São células epiteliais, que normalmente se desprendem do úbere e ficam no leite e as células de defesa, leucócitos, que são liberados para combater alguma infecção. Ou o conhecido "pús". Ou seja, a lei admite leite de animais infectados com algum tipo de doença, principalmente a mamite. Na Europa, este nível máximo é de 400.000ccs/ml, o que deverá estar acontecendo no Brasil em 2011, também. O excesso destas células não é motivo de perigo para a saúde, mas evidencia o cuidado inadequado com a saúde dos animais.

O leite tipo C, pasteurizado, deverá ter, no máximo, 80mil UFC/ml. Apenas para exemplificar, o leite tipo A tem, no máximo, 10mil UFC/ml, ANTES da pausterização. É o padrão Europeu. Uma vez, na década de 70, técnicos canadenses estiveram visitando uma importante cooperativa da Metade Sul do RS. Após a visita, insistidos para darem seu depoimento eles falaram, constrangidos, que o chamado leite tipo C, no Brasil, não seria oferecido nem aos animais, no Canadá e que os padrões determinados para o produto já pasteurizado, não eram aceitos para o leite cru... De lá para cá, mudou muita coisa e o leite melhorou bastante, mas ainda está léguas de um produto saudável. O longa vida, por outro lado, trouxe a possibilidade de esterelizar melhor o produto, a partir de uma matéria prima inadequada.

O que ocorre agora? Esta fórmula maligna, detectada tardiamente pela fiscalização, já é de uso corrente há mais de 20 anos. Trata-se do jeitinho brasileiro de prolongar a vida do produto cru e possibilitar a sua industrialização tardia. Portanto, não pensem que o problema está restrito ao longa vida! Está no tipo C, nos derivados, no leite em pó e talvez até no tipo B. É a crise ética brasileira, atingindo o leitinho das crianças...

Um comentário:

Letícia Losekann Coelho disse...

É permitido por lei ingerir merda...nodda essa eu não sabia!
beijo :)