quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Assentamento Modelo

O PoPa tem ouvido muita coisa à respeito de um assentamento modelo aqui no RS. Trata-se da antiga Fazenda Anonni, que seria uma espécie de oásis no deserto que são todos os demais, onde produção é coisa (muito) rara. Outra coisa que o PoPa descobriu, é que é muito difícil encontrar dados de produção e produtividade de assentamentos. Não existem dados oficiais que possam clarear este tipo de dúvida. Os que se encontram são propalados por blogs e ongs nada confiáveis.

Mas, pesquisando bastante, o PoPa encontrou uma tese de mestrado do jornalista Nelson Barreto, que a defendeu perante a Universidade de Brasília (UnB), no curso de jornalismo e que trata da "reforma agrária" brasileira, mais especificamente, o MST.

Para tal trabalho, Barreto viajou mais de 20 mil km pelo Brasil, do Nordeste ao Rio Grande do Sul, visitando muitos acampamentos e assentamentos tidos como "modelos". Entre outras coisas, Barreto afirma: Por exemplo, há um assentamento "modelo" no Rio Grande do Sul, de nome Annoni (nome do antigo proprietário), que já produziu até um filme, "Terra de Rose", que ganhou prêmio da CNBB. Porém, ao conhecer a realidade, Barreto afirmou que apenas 11% das famílias ficaram com o "filé mignon", pois têm cooperativa, máquinas agrícolas modernas e até um mercado, tudo adquirido com dinheiro do INCRA. O restante dos assentados estão na miséria, vivendo na maior favela rural da América Latina. A principal fonte de renda desses miseráveis é a extração indiscriminada de madeira, promovendo uma devastação sem limites. Caminhões com toras foram vistos por Barreto, cujos colonos fugiram quando viram a máquina fotográfica. O tal supermercado, propagandeado pelo MST e pelo INCRA como uma espécie de "Pão de Açúcar" rural, com gôndolas e tudo, na verdade não passa de um armazém precário, num espaço de 6x6 metros, com os produtos expostos em precárias prateleiras...

Ironicamente, o mito da reforma agrária foi montado totalmente durante o governo FHC. Foi quando houve uma grande quantidade de assentamentos e quando os recursos abundaram, sem que a qualidade de vida dos assentados tenha melhorado na mesma proporção. Dados estatísticos inexistiram no período e inexistem agora. Ninguém quer mostrar a realidade dos fatos, e o MST usurpa-se dos dados históricos de produção das pequenas e médias propriedades rurais brasileiras, para justificar sua presença na luta por terra. Mas, se lutam por terra, o que fazem invadindo e destruindo plantações de eucaliptos? Por que mantém a idéia fixa na Coqueiros, como se fosse a terra prometida? O PoPa não se importa com a família Guerra e com os gastos que ela tem para garantir sua segurança, mas se importa - e muito - com os gastos que toda a sociedade arca para tentar impedir um ato criminoso.

A tese de Barreto está em um livro que pode ser adquirido pela internet. Talvez o PoPa se dê ao trabalho de ler o que já sabe.

Imagem: Reforma Agrária - O Mito e a Realidade. Livro de Nelson Barreto.

6 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Pampa, o Brasil perdeu o trêm da reforma agrária defendida pelo MST. Até mesmo o Stédile já admite isso. A reforma agrária defendida pelo MST era para ter sido feita no século XIX ou início do século XX. Agora é tarde demais. A agricultura familiar não prende a família na terra. Os filhos querem ir para as cidades e para as grandes cidades. Esse é o fluxo natural. O que se tem de fazer? Desenvolver as médias e pequenas cidades do Brasil. Dar incentivos, gerar serviços, fazer circular capital. Simples como água morna.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Pampa, vi que vc recomenda, com restrições, o Blog do REinaldo Azevedo. Eu concordo. Às vezes (quase sempre) ele pega pesado. Mas continuo um leitor do Blog dele. Ele escreve bem, tem bons assuntos, mas não consegue se controlar. Uma das armas do blogueiro é luva de pelica.

PoPa disse...

Maia, minha restrição - se é que posso restringir alguma coisa! - é que ele é um católico por demais fervoroso, muitas vezes perdendo o rumo do assunto por isso, e, além disso, criticou duramente um escritor que gosto demais, chamando-o de velho babão. Reclamei, mas ele censurou.

Mas também gosto de ler o que ele escreve, pois - na maioria das vezes - é muito inteligente.

Letícia Losekann Coelho disse...

O MST não tem foco e nem objetivo! Se perderam na estrada! O movimento é tão partidarizado que chega a dar nojo! Ganham terras e depois vendem... e existe sim uma divisão de classes fantásticas dentro dos acampamentos.
beijo

Charlie Foxtrot disse...

O MST é um grupelho proto-guerrilheiro esperando o momento certo pra tacar fogo em tudo. O problema (deles, claro) é que no Brasil este tipo de coisa não pega. Sem um mínimo de apoio popular guerrilha nenhuma sobrevive. Fora das universidades, sindicatos e militantes esquerdopatas, quem apóia o MST?

Anônimo disse...

Prezado PobrePampa, lamento profundamente seu comentário declarando que não se importa com a família Guerra. Pensar dessa forma individualista é justamente uma das principais causas que nos fez chegar como sociedade à situação em que estamos. A democracia e a liberdade no Brasil estão desmoronando, a passos cada vez mais rápidos. O que hoje acontece com nosso vizinho, em breve será conosco também.