quarta-feira, 20 de abril de 2011

Nestes caminhos do Pampa, não se pede passaporte a um paisano de tua estampa!

Como bom crítico, o PoPa foi buscar a informação sobre o tal projeto aprovado na AL do RS. Aquele deputado que demonstrou uma grande necessidade de cuidar o que os gaúchos leem por aí. Mas o PoPa não conseguiu, nem no blog do deputado, saber o conteúdo do tal projeto aprovado. E foi no site da Assembléia para ver seu conteúdo importantíssimo para o desenvolvimento do Estado.

Notem, os dez leitores fiéis do PoPa, que muita coisa está sendo dita sobre este projeto, em especial que trata apenas de publicidade. Não é este o caso. A parte grifada coloca esta obrigatoriedade em qualquer documento escrito no Estado, inclusive, propaganda, publicidade ou meio de comunicação.

Há evidentes exageros em algumas situações. Mas o mercado trata de expurgar os maus publicitários, os que não tem criatividade. O que ninguém está dizendo, é que durante a Copa do Mundo, Porto Alegre estará cheia - o PoPa espera - de gente de todo o mundo. Correspondentes internacionais que coloquem seu material a disposição do público, terão de fazê-lo com tradução, já que os textos estarão sendo gerados no território gaúcho... Exagero? Ora, caros amigos, lei é lei. Se aprovada, vale para todos! Esqueçam a "Parada do Orgulho Gay", a Cow Parede, o Big Mac, o Subway. Carros como o Pajero, por exemplo, terão que ter uma plaqueta abaixo do nome com a tradução? Por favor, não usem a tradução de Pajero válida para o Uruguai! O programa "Patrola" da RBS vai precisar de um sobrenome - com mesmo destaque e tamanho - chamando-o de "motoniveladora", já que é um estrangeirismo... galeterias terão que colocar no cardápio "franguinho de primeiro cantar", ao invéz de "galeto ao primo canto"... oktoberfest, nem pensar! No máximo, "festival de outubro". Empresas não poderão anunciar jetski, terão que inventar alguma descrição para isso. Estrangeirismos não se limitam a anglicismos, como parece pensar o nobre deputado.

O Rio Grande do Sul, principalmente a metade sul, vive uma identidade cultural muito grande com os países do Prata. Por aqui, muitas expressões espanholas estão no dia a dia das pessoas. Privar desta riqueza cultural é um atraso sem precedentes. O alvo óbvio do comunista, é a língua inglesa, mas atinge a alma campera, pampeana, indissolúvel da identidade espanhola e portuguesa.

Outros exemplos importantes, nos levam à serra gaúcha, que tem uma grande identidade com a língua italiana, ao centro do Estado, com a alemã. Negar isto, é negar a própria história do RS. Mas esta, como muitas, será uma lei inaplicável, sem fundamento, que, o PoPa espera, não seja sancionada pelo governador.

Uma lástima que o deputado não se empenhe para trazer desenvolvimento para nossa terra, para proporcionar melhores condições de ensino básico, para melhorar a segurança das pessoas. No site da AL, as propostas dele se destinam a saudar fulanos, sicranos, homenagear sindicatos, bla, bla, bla...

Aí está a preciosidade:

Projeto de Lei nº 156 /2009
Deputado(a) xxxxxx

Institui a obrigatoriedade da tradução de expressões ou
palavras estrangeiras para a língua portuguesa, sempre que
houver em nosso idioma palavra ou expressão equivalente, no
âmbito do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras
providências.

Art. 1º Institui a obrigatoriedade da tradução de expressões ou palavras estrangeiras para a língua portuguesa, em todo documento, material informativo, propaganda, publicidade ou meio de comunicação através da palavra escrita no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul, sempre que houver em nosso idioma palavra ou expressão equivalente.

§ 1º – Nos casos excepcionais, em que não houver na língua portuguesa palavra ou expressão equivalente, o significado ou tradução da palavra ou expressão estrangeira deverá estar escrito, com o mesmo destaque, subseqüentemente a sua utilização no texto.

§ 2º - A tradução a que se refere o caput deste artigo deve ser do mesmo tamanho que as palavras em outro idioma expostas no documento, material informativo, propaganda, publicidade ou meio de comunicação em questão.

Art. 2o Todos os órgãos, instituições, empresas e fundações públicas deverão priorizar na redação de seus documentos oficiais, sítios virtuais, materiais de propaganda e publicidade, ou qualquer outra forma de relação institucional através da palavra escrita, a utilização da língua portuguesa, nos termos desta lei.

Art. 3º Esta Lei poderá ser regulamentada para garantir sua execução e fiscalização e para definir as sanções administrativas a serem aplicadas àquele, pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que descumprir qualquer disposição desta lei

Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Porto Alegre, 03 de agosto de 2009.

Deputado(a) xxxxx

O título deste post (postagem em um pequeno diário eletrônico na rede mundial de computadores) faz referência a uma música de Dante Ramon Ledesma, ele também uma vítima destes que não querem "estrangeirismos". Diz tudo! Assista ao vídeo. Além de uma bela música, uma aula de integração!

4 comentários:

PoPa disse...

Agora à noite, o programa Conversas Cruzadas fez um debate sobre o assunto. O deputado diretamente responsável pelo projeto não apareceu e mandou seu chefe de gabinete, menino esforçado, mas que não conseguiu dizer coisa com coisa.

Ele falou, por exemplo, na questão de nomes próprios. Isso não está no projeto que consta no sistema da AL. Pode ser que tenham incluído isso durante a votação.

Mas o povo que foi ouvido, alguns falaram em anglicismo, o que o projeto não trata. De acordo com o projeto, até mesmo latim estaria dentro das proibições, pois não é português... Como ficarão os despachos jurídicos que adoram este tipo de citação?

Enfim, deputado há vários anos, citem dois, três artigos que tenham algum fundamento, além daquela história do hip hop (é, ele tem um projeto sobre isso, com estas palavras...)

nedelande disse...

A própria lei tem um "caput" ilegal.
Quanto aos nomes próprios consta que foi uma emenda apresentada por outro deputado. Desta forma o Cineman poderá continuar a usar seu nome e não precisará chamar o velho cowboy (opss) de João Wayne.

Anônimo disse...

O cara não tem nenhum assessor decente para ver que o texto não previa nomes próprios? E as outras excessões que deveriam existir, como as citações latinas, como ficarão? Afinal, latim não é português...

E ficamos com a "parada gay", pois seria este um "nome próprio"?

nedelande disse...

Minha sugestão para a palavra "gay", ilegal se a lei não for vetada pelo governador, sem trazer de volta o preconceituoso "bicha", seria reviver o antigo termo pelotense - fresco, muito mais simpático.