domingo, 11 de julho de 2010

Governo Brasileiro não se importa com pena de morte a pedradas

O PoPa vem acompanhando algumas discussões sobre o programa de governo do psdb (o PoPa ainda não admite escrever a sigla destes partidos em maiúsculas). Uma proposta chama-se "Ação firme do Brasil para extinguir penas bárbaras contra as mulheres" e conclama um posicionamento oficial do Brasil sobre ações violentas contra mulheres, em especial a pena de morte a pedradas, imposta a uma iraniana por ter tido relações sexuais com dois homens APÓS a morte de seu marido.

O que mais espantou o PoPa, foi algumas vozes que se elevaram para defender o direito dos povos de fazer este tipo de atrocidade, alegando que isso seria ingerência em assuntos internos e nos costumes locais. Inclui-se nisso, a ablação do clitóris, muito praticada nestes lugares e, ao contrário do que se pensa, nada tem a ver com religião.

O PoPa foi buscar no livro "Infiel", de Ayaan Hirsi Ali, uma descrição de como é feita a ablação:

"...fazendo um gesto amplo, vovó disse: 'quando este kintir comprido for retirado, você e sua irmã ficarão puras'. Pelas palavras e gestos dela, concluí que aquele abominável kintir, o meu clitóris, acabaria crescendo tanto que um dia começaria a balançar entre minhas pernas. O homem, que provavelmente era um 'curuncidador' itinerante tradicional do clã dos ferreiros, pegou a tesoura. Com a outra mão, segurou o lugar entre minhas pernas e começou a puxá-lo e espremê-lo, como quando vovó ordenhava uma cabra. 'Aí', disse uma das mulheres, 'aí está o kintir'."

"Então o homem aproximou a tesoura e começou a cortar os meus pequenos lábios e o meu clitóris. Ouvi o barulho, feito o de um açougueiro ao tirar a gordura da carne. Uma dor aguda se espalhou no meu sexo, uma dor indescritível, e soltei um berro. Então veio a sutura, a agulha comprida, rombuda, a transpassar canhestramente os meus grandes lábios ensangüentados, os meus gritos desesperados de protesto, as palavras de conforto e encorajamento de vovó: 'é só uma vez na vida, Ayaan. Seja corajosa, está quase acabando'. Ao terminar a costura, o homem cortou a linha com os dentes".

O relato segue, dizendo do tempo que a criança ficou com as pernas amarradas, enquanto cicatrizava a ferida. E a retirada dos pontos, de maneira tão grosseira como o corte. Não dá para ficar impassível lendo isso, escrito em primeira pessoa. Ayaan é uma mulher extraordinária. Nascida na Somália, foi deputada na Holanda e está condenada à morte pelo fundamentalismo islâmico, por ter criticado Maomé.

Leia o livro! Se você não se indignar com isso, nada mais o fará.

Imagem: O PoPa buscou imagens para ilustrar este post, mas não se animou a colocar nenhuma delas. Fica a capa do livro "Infiel".

Um comentário:

charlie foxtrot disse...

O psdb teria que desmanchar a aliança que o pt construiu com a tirania teocrática do Irã. Não sei se teria coragem de fazer.