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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Yoani e as táticas bolivarianas

Meu caro PoPa : Acho difícil ver a realidade desta historia porque os dois lados da notícia são coerentes, mas penso que faltam informações para montar a história real. Muitas das informações são desencontradas o que torna complicado saber exatamente o que rola, mas ...

O PoPa preza muito a opinião de vários blogueiros, entre eles, o Cachorro Louco, que fez o comentário acima, no post sobre Yoani. C.L., o PoPa concorda que pode haver alguma coisa meio inexplicável, mas daí a dizer que Yoani é agente dos Castro, parece ser uma fantasia meio estranha, pois não ajuda em nada a "causa" dos mesmos. Pelo contrário, aumenta a raiva de gente que, como o PoPa, fica sabendo das mazelas daquele pobre povo no seu dia-a-dia. Aumenta a raiva que o PoPa tem dos bolivarianos e seus chegados, que cantam loas ao regime dos Castro. Seriam eles tão burros, assim? O PoPa acha que não.

Por outro lado, desacreditar Yoani é uma boa tática para reduzir as visitas de seu site, para que as pessoas deixem de saber como são as coisas por lá. Prendê-la teria o efeito contrário, de transformá-la em mártir. É bem verdade que o regime dos Castro mantém presos muitas pessoas por crime de opinião, mas Yoani nunca é exatamente uma crítica do sistema de governo, não é uma dissidente que quer derrubar os Castro, nunca escreveu que quer o capitalismo na ilha. E é, infelizmente para o regime, mundialmente muito mais conhecida que qualquer um dos presos cubanos. É uma blogueira que aconteceu com um sucesso vertiginoso, não esperado nem por ela mesma. Não seria possível que os censores da ilha não tenham se dado conta do que acontecia? Afinal, os burocratas cubanos não são exatamente experts no assunto internet. Burocratas, esta é a resposta. Deixaram crescer o que não entendiam, até ser tarde demais. Agora, a melhor tática é tentar desmoralizar a fonte... não parece coisa de bolivariano?

domingo, 7 de junho de 2009

Cuba - "Modelo de resistência política"...

Houve um movimento de blogueiros a favor de mudanças em Cuba, com três tópicos:
  • Liberar os presos políticos em Cuba
  • Levantar as proibições que impedem os cubanos de entrar e sair de seu país
  • Levantar as proibições de acesso à internet para os cubanos.
Os principais blogueiros cubanos (da ilha, mesmo) não gostaram da tal convocação e declararam isto em seus blogs. Yoani (do Generación Y) também disse que não faria parte de pelotões e grupos compactos. "quando lí o chamado para uma cybermobilização que afirmava haver “sido convocada por vários blogs e webs cubanos”, surpreendeu-me que a notícia não fosse sabida entre os radicados no território nacional. Uma idéia assim deveria ser - ao menos - em consenso ou discutida com essa parte frágil e variada que somos os que escrevemos da Ilha. Talvez a convocação fosse enriquecida então, com outras demandas ou com uma ordem diferente de prioridades".

O PoPa acompanhou as discussões nos comentários e a grande maioria não percebeu o que Yoani e Miriam disseram: não gostam de ter sua liberdade cerceada, mesmo pelos que acreditam estar trabalhando a favor dela. Analisando um pouco mais, o PoPa também pensa como elas e até acha que a tal cybermobilização possa ser coisa do regime, para poder silenciá-las mais rapidamente, pois estariam tratando de assuntos de estado em seus blogs. Com um regime daqueles, quem duvida?

Mas chamou a atenção do PoPa um dos comentários, feito por uma brasileira, em português, no site de Yoani: Olá Yoana! Já disse aqui que sou brasileira e que acompanho seu blog. Me preocupa suas afirmações em relação às restrições de liberdade em Cuba. Espero visitar seu país em breve, ainda esse ano. Para muitos de nós brasileiros ligados aos movimentos sociais, Cuba é um modelo de resistência política. Espero que a decisão de hoje da OEA venha trazer benefícios há 47 anos bloqueados aos cubanos. Saudações do Brasil!!

O PoPa foi visitar o blog da menina e viu que ela é uma das deslumbradas do socialismo, com direito a foto do Che e tudo mais. Ela preocupa-se com as restrições de liberdade? Não sabia que o regime dos Castro é cruel, desumano e ditatorial? Ela acha que Cuba resiste a que, exatamente?

Ela também confundiu o embargo norteamericano com a suspensão de Cuba na OEA. E parece não saber que os Castro não estão nem aí para a tal organização.

Claro que o PoPa não vai colocar o endereço da menina aqui. Até para não lembrar mais e não voltar por lá...

Editando e agregando: Um dos comentários mais centrados que o PoPa leu sobre este "movimento blogueiro": En resumen los cubanos tenemos que definir nuestro objetivo en forma muy concreta: queremos una democracia. No aceptamos que nos entreguen derechos aislados y limitados por un régimen que siempre será el que diga la última palabra. Esa es exactamente la estrategia que tienen escondida bajo la manga: negociar con los Estados Unidos algunas libertades a cambio de mantenerse en el poder otro medio siglo. El asunto no es de cambios, ni de derechos aislados, sino del cambio: de dictadura a democracia.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Embargo II - Generación Y

Alertado que Yoani tinha feito um post sobre o assunto, o PoPa foi lê-lo. Na véspera da tal votação na ONU, Yoani refere-se ao embargo interno que a população de Cuba sofre e que não estava na votação da ONU. Na verdade, Yoani refere-se ao embargo desta maneira: * Resisto a chamar-lhe de alguma das formas alcunhadas - já sabem como nós linguistas somos rudes com essas coisas-. Nas minhas conversações cotidianas digo simplesmente “o pretexto”, a torpe “justificativa” que tão bem usam os que nos bloqueiam aqui dentro.

O PoPa tem a mesma opinião, mas não tinha lido - em tão poucas palavras - uma definição tão perfeita. Leia o post de Yoani em http://desdecuba.com/generaciony_pt/?p=97

domingo, 19 de outubro de 2008

Generación Y - em português

O PoPa vinha fazendo tradução de alguns posts de Yoana, em seu blog Generación Y. Mas o blog já tem uma versão em português, cujo link já está lá no lado. Não perca a oportunidade de acompanhar a vida na Ilha e ver que eles, apesar dos problemas que enfrentam, são um povo feliz. Um amigo do PoPa esteve por lá mês passado, e voltou com esta impressão, também: eles são felizes, apesar de todas as dificuldades.

sábado, 11 de outubro de 2008

Generación Y - La guerra más larga

Mais de Yoani Sanchéz:

Quinta feira, estreou, em toda a Ilha, um filme cubano sobre a guerra de Angola. Nos arredores dos cinemas, os casais preferiram mudar o rumo e ir a algum lugar escuro, pois a campanha cubana na África lhes desperta pouco interesse. O filme padece de um atraso de 20 anos e aborda uma história que ainda tem pedaços sem explicações. Kangamba teria provocado grandes filas e apaixonados comentários no final dos anos oitenta; mas, a esta altura, muito poucos querem recordar o ocorrido.

A luta cubana em terras angolanas, foi a guerra mais longa de toda a história de Cuba. Quinze prolongados anos lutando em outro solo, matando ou se deixando matar por gente que não sabia muito bem onde estava esta Ilha. Eram os tempos em que o Kremlin projetava sua sombra sobre Cuba (e dependíamos tanto dele!) que nossos líderes não hesitaram em somar-se à sua campanha contra a UNITA. A geopolítica traça estas duras provas para os pequenos países que orbitam ao redor dos grandes impérios.

Registro que durante três décadas de conflito não aconteceu, em nenhuma praça pública, um protesto de mães cubanas para não enviar seus filhos à frente de batalha. Ninguém lançou, nos meios de difusão, a pergunta que todos sussurrávamos "Que fazemos em Angola?" e muito menos um movimento pacifista encheu de pombas brancas algum ponto de recrutamento. Éramos mais dóceis como cidadãos do que somos hoje, e nos levaram a morrer ou matar sem saber bem o que fazíamos.

Hoje estamos informados de cada baixa que sofre o exército norteamericano no Iraque, mas recordo o segredo sobre o número de soldados cubanos caídos durante a guerra angolana. Nós sabíamos que o vizinho havia perdido um irmão ou que o colega de trabalho retornava sem uma perna, mas a imprensa tocava a sinfonia da vitória. Os mortos foram chorados na privacidade das famílias, que não entendiam muito bem o que faziam seus filhos no outro lado do Atlântico. Restaram os túmulos no cemitério, as fotos emolduradas nas salas das famílias, os vasos de flores repletos em cada aniversário e os longos discursos dos que tinham visto a guerra à distância, mas nada pode responder, com clareza, a pergunta: O que faziam os cubanos em Angola?


quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Generación Y - La araña

O PoPa é um fã declarado do blog de Yoani Sanchez, pois mostra muito do cotidiano de Cuba. Mostra a criatividade e a alegria do povo cubano, em que pese todos os problemas que enfrentam. E mostra que não somos assim, tão diferentes deles. Porto Alegre, por exemplo, tem mais de 20 mil carroças nas ruas, nem todas com tração animal... E vejam o belo estado deste cavalo! Causaria inveja a qualquer equino carroceiro de Porto Alegre!

A falta de meios de transporte não nos reduz à imobilidade, mas redunda em mais tempo e criatividade para nos colocarmos em marcha. Assim é, que Havana está cheia de carros remendados que não passariam em uma inspeção técnica razoável e que nas províncias, a tração animal voltou a ser o veículo mais usado.
Em minha viagem a Pinal del Río, fiz uma pequena série fotográfica sobre as chamadas "aranhas". Carroças de duas rodas, a meio caminho entre a biga romana e a rústica carreta. Sem estes artefatos alternativos, seria impossível a mobilidade e o comércio entre muitas pequenas localidades de Cuba. Existem centenas de "espécies" destes aracnídeos sulcando os caminhos e as estradas, levando os mais diversos - e muitas vezes ilegais - produtos. Com rodas de velhos caminhões soviéticos, decoradas com cores chamativas ou cobertas com precários toldos contra a chuva e o sol, todas são fruto da necessidade e do atrevimento. Expressam o desespero de uma população que não pode adquirir veículos em nenhuma concessionária, mas que ainda assim se nega a deter sua marcha.


sábado, 16 de agosto de 2008

Generación Y - Soroa

Do Blog de Yoana:


Face à ausência de empresas de turismo onde um cidadão cubano possa organizar - com moeda nacional - uma excursão por seu próprio país, a criatividade particular ocupou este "nicho de mercado". Durante julho e agosto, é comum encontrar cartazes que anunciam uma viagem às Cuevas de Bellamar, Varadero ou a Ciénaga de Zapata. Os organizadores arrendam o ônibus de um centro de trabalho e vendem a lotação por um preço que oscila entre os 50 e os 120 pesos cubanos. As saídas são na madrugada para evitar os controles e o forte sol na estrada. O retorno é antes que caia a noite.

Ainda que se trate de uma atividade econômica ilícita, a polícia faz vista grossa, pois sabe que em um pote onde se acumula a pressão, é bom deixar mínimas rachaduras abertas. Por isso, exusten aqueles que vivem, há vários anos, de organizar excursões turísticas de maneira alternativa. Os mais ousados chegam a anunciar suas viagens pela internet ou através de correio eletrônico. Outros melhoram suas ofertas e incluem no preço total, um lanche ou um almoço em um restaurante local.

Em uma viagem coordenada por um destes emergentes "operadores de turismo", fui em um final de semana a Soroa. Três décadas nas costas, e ainda existem paisagens de meu país que nunca vi, por culpa do caótico transporte e das limitações para chegar a eles. Somente um par de vezes em minha vida, visitei esta zona montanhosa e suas instalações: na primeira, naqueles idealizados anos 80, em que os cubanos podiam fazer turismo com a moeda que nos pagavam. Esta de agora, graças à inventividade dos cidadãos e suas espontâneas redes de turismo
Um viva ao empreendedorismo privados, que deixa em evidência a inépcia do Estado quando quer organizar tudo!
Imagens: do site de Yoana, imagens que ela coletou nesta viagem.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Que outros soprem as velinhas


Na manhã de 13 de agosto de 2001, liguei o rádio bem cedinho. Um locutor de voz pomposa anunciava "hoje é o aniversário da Pátria" e lia um panegírico [nota: um discurso com intenção de louvação] interminável sobre o Máximo Líder. Recostada na cama, tive um impulso de catapultarme para outra galáxia, de escapar desta ilha onde o aniversário de um nascimento converteu-se em uma data fundacional. Aquele dia tomei a decisão de emigrar de meu pais e onze meses depois, subi em um avião com destino a Europa.

Passaram-se sete anos deste fato. Fui e voltei, mas sigo escutando frases similares à dita naquela ocasião. Noto as mesmas intenções de associar as questionáveis ações de um homem a algo mais duradouro: a Nação. O que mudou é que este ridículo culto à personalidade já não me da acessos de escapulir, senão de ficar; não me gera confusão, mas claridade entorno do que não devemos consentir. No futuro, nada deverá ser confundido com a pátria. As velinhas de nenhum bolo de aniversário poderão ser sopradas em nome de todos.

Imagem: do blog de Yona, um velho Chevrolet abandonado.

sábado, 9 de agosto de 2008

Pequenos despossuídos

Do Generación Y:

Quando pequena, nunca consegui pronunciar o nome deste círculo infantil, proximo de minha casa. Ainda hoje - com estudos de fonética incluídos - a palavra "proletarinhos" causa-me um enredo na pronúncia. Como farão os pequenos lá de dentro para articular o nome de seu jardim de infância? Eles não prefeririam um conceito mais terno como "Mariposinhas", Raios de sol" ou "Branca de Neve" a esta definição classista e antiquada? O susto maior pode vir depois, quando começam a ler e busquem, em um dicionário, o significado desta palavra tão rara que encima a entrada. Como primeira definição de "proletários", descobrirão que se trata de seres "despossuídos, que não têm bens" e se incomodarão com aqueles que enrolaram sua língua e, acima disso, os condenaram a não ter propriedades.

O PoPa também enrolou a língua, tentando ler o nome do jardim de infância...

Imagem: do blog de Yoani

domingo, 20 de julho de 2008

Gratuidade e outras fantasias


Em tempos de CPMF, CSS, CID e outras tantas "contribuições", o texto de Yoana, do Generación Y, é de boa leitura. Parece ser este o futuro que Lpt quer para o Brasil:

Vou buscar um colírio para meu olho direito, que está irritado há alguns dias. Duas horas de espera no médico da família, me permitem inteirar-me de todas as fofocas do bairro, da boca das vizinhas que vão "passear" no consultório. A doutora queixa-se que tem muita carga de trabalho, porque parte de seus colegas está em missão na Venezuela, e me escreve uma receita enquanto come uma pizza de seis pesos. Na policlínica, o panorama é similar, mas a preocupação com meu olho, faz com que me comporte bem e espere que me atendam. Um senhor, com óculos antediluvianos, me adverte que ele está na fila desde seis da manhã, assim calculo que poderei terminar de ler um romance enquanto aguardo. Com ironia, uma velhinha me insinua - sem que eu tenha aberto a boca -“esto es así porque es gratis, si hubiera que pagarlo, otro gallo cantaría”.

Não me surpreende esta expressão, pois frases como estas aparecem cada vez com mais freqüência em toda a parte, mas fico pensando no raro conceito de gratuidade que influencia a senhora. Ao ouvi-lo, eu imagino que a lâmpada de Aladim, esfregada por onze milhões de cubanos, conseguiu prover-nos destes hospitais, das escolas e outros "subsídios" tão anunciados. Mas a miragem do gênio com seus três desejos dura pouco, percebo que para tudo isso, pagamos um alto preço, todos os dias.
O dinheiro não sai, como a senhora crê, do bolso caridoso dos que nos governam, mas dos altos impostos que nos cobram por cada produto adquirido nas lojas de pesos convertíveis, dos excessivos pagamentos que nos obrigam a fazer nos trâmites migratórios, da humilhação que as moedas estrageiras tem nesta ilha e da subvalorização salarial a que estão sujeitos todos os trabalhadores. Somos nós que pagamos estes serviços que, por ironia, não podemos nos queixar.

Mais, pagamos também a gigantesca infra-estrutura militar, que, em seus delírios de guerra, consomem uma boa parte da produção nacional. De nossos bolsos furados,k saem as campanhas políticas, as marchas de solidariedade e os excessos que nosso governo se permite ter por todo o mundo. Somos nós que financiamos nossas próprias mordaças, os microfones que nos escutam, os informantes que nos delatam e até a tranquila parcimônia de nossos parlamentares.

De gratuidade, nada. Cada dia pagamos um alto preço por todas estas coisas. Não somente em dinheiro, tempo e energia, mas também em liberdades. Somos nós mesmos os que pagamos a gaiola, o alpiste e as tesouras que nos cortam as asas.

Imagem: do Generación Y: "criatividade ou necessidade?"

segunda-feira, 14 de julho de 2008

O bosque de Sherwood

Do Generación Y:

Robin Hood repartiu todas as riquezas apreendidas. No princípio, os pobres estavam felizes e gritavam de felicidade em cada esquina do bosque. Pouco tempo depois, compreenderam que o grande bandoleiro de Sherwood somente sabia distribuir a riqueza, mas não criá-la.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Generación Y - Un diploma y mucha confusión

Do texto original do Yoana Sanchez (http://desdecuba.com/generaciony/?p=345):

Termina o período escolar e já vejo meu pão de racionamento em perigo. Meu filho estará durante dois meses sem ir à escola e, na ansiedade por férias, poderia comer até as dobradiças das portas. Não se conformará com o farinhento exemplar de 80 gramas que recebe pelo libreto e, seguramente, arremete contra minha quota de pão ou de seu pai.

Preparo-me, desde agora, para perguntas do tipo: Mamãe, vamos visitar a família de Camagüey? E eu tentando explicar que a fila para os ônibus interprovinciais demora três dias e já estão vendendo as passagens para a segunda quinzena de julho. Tampouco se acalmará ao saber que os preços de mover-se nos estreitos Yutong [n.t. ônibus chinês], até o centro da Ilha, vem a ser metade do salário de qualquer trabalhador.

Mas tratarei de agradá-lo e cederei meu pão, dormirei três dias na fila por uma passagem a Camagüey e até pode ser que alugue, por um par de horas, o Play Station de um vizinho. Tudo isso porque terminou o sétimo grau com boas notas e é preciso agradá-lo. sábado passado, foi ao ato de fim de curso e regressou a casa com seu diploma e laçou seu grito de guerra, desde a porta "Estou de férias"!

Mas não sei bem em que se graduou meu filho, se no sétimo grau ou na Escola do Partido Comunista "Nico López". A confusão começou quando olhei seu diploma, que aqui lhes deixo para que possam comprovar de onde vem meu desconcerto. Acreditam nisso?

Imagem: Diploma do filho de Yoana

domingo, 22 de junho de 2008

Los Buzos


Do Generación Y, de Cuba:

Creio ser um dos poucos habitantes de Cuba – menores de 40 anos – que lêem a imprensa nacional todo dia. Meus amigos, ao verem hobby tão excêntrico, advertem-me que esta pode ser a via mais curta para conseguir uma úlcera gástrica. Todavia, gosto de pesquisar na imprensa, o aumento do perfil de uma ou outra figura política, as notícias que passam a um primeiro plano ou ao esquecimento e, sobretudo, aquelas missões tão reiterativas que ostentam nossos diários.

Não passou por alto, por exemplo, que os jornais insistem que as dificuldades econômicas e nos serviços são fruto da indisciplina social, o vandalismo e o descontrole. Afirmação esta que deixa isenta de responsabilidade toda a alta hierarquia do país ou ao modelo econômico e político imperante. Os problemas existem, esclarecem, porque não sabemos aplicar o guia, não pela inviabilidade da “obra” no cenário atual.

Os órgãos policiais se lançaram na busca por estes “indisciplinados” e vândalos, e em uma das investidas levaram os “papeleiros (buzos)” que coletam matéria prima, comida e objetos no lixo. Sem estes que recolhem as garrafas de plástico, os papelões e os dejetos metálicos dos lixões, estes objetos recicláveis se perderiam em um desperdício que não concorda com nossos limitados recursos. Estas mãos que se fundem nos latões pestilentos fazem, de forma independente, o que as instruções não conseguiram organizar em seu centralismo.

Mas os “papeleiros”, segundo esta nova ofensiva, dão uma má imagem à cidade. Podem ser capturados pela máquina fotográfica de um turista e romper o imaginário argumento de que “em Cuba ninguém revira o lixo”. Sua existência fala de sem teto, de paupérrimas condições, de ilegais que preferem “buscar lixo na grande cidade, que trabalhar por um salário simbólico no campo”.

O jornal Granma fala assim do castigo para “... os que recolhiam dejetos sólidos”, ao mesmo tempo em que ameaça com a expulsão da capital para aqueles que ostentam a dupla categoria de “papeleiro” e “ilegal”.

O PoPa acha que é normal a presença de papeleiros em qualquer cidade do mundo. Talvez Tókio esteja livre deste problema, mais por conta de sua organização que por falta de miseráveis. Mas o que surpreende, é que o sistema cubano está a perseguir este tipo de pessoas. Não é a única fonte sobre este assunto. Outros blogs cubanos já vinham falando do problema causado pela falta dos "buzos", que é o acúmulo de lixo, cuja competência do governo em retirá-lo não estaria sendo suficiente, uma vez que seu volume aumentou desde a proibição da ação dos "buzos". Outro aspecto interessante que muitos não sabem à respeito de Cuba, fala dos "ilegais". São ilegais os imigrantes de outras partes da ilha para Havana. Cubanos do interior não podem morar na sua capital... estranho isso, não?

Imagem: 1. fragmento do Granma sobre a reportagem. 2. Um container de lixo, em Havana (do site "sin EVAsion)

terça-feira, 10 de junho de 2008

Fatos & Fatos

O PoPa tem andado muito ocupado com a própria sobrevivência e não tem tido tempo de falar sobre política, mas os fatos... ah, os fatos não ajudam! Sobre a questão Busatto:
  1. O PoPa leu o que foi transcrito na mídia sobre a gravação e não encontrou nenhum tipo de declaração que possa transformar Busatto em um político corrupto;
  2. O PoPa soube, hoje, que havia mais uma hora de conversa, que o vice não mostrou. Portanto, a conversa foi editada. Por que?
  3. Onix disse, na ZH de hoje, que "o povo" apóia a ação do vice. Onde ele viu isto? O povo gaúcho não apóia este tipo de política, com certeza! Mas o PoPa ficaria satisfeito se ele apresentasse algum tipo de pesquisa de opinião sobre o assunto. Pelo contrário, a coragem de Busatto em enfrentar a CPI, imediatamente após o fato, demonstra claramente que ele é um político sério, que declarou - em uma conversa privada - que existem esquemas políticos desde muito tempo. Alguma novidade nisso?
  4. O pt, que está mergulhado num mar de lama há tanto tempo, é quem mais bate no Busatto. Estranho isso...
  5. O psol agora quer dar um golpe no Governo do Estado. Onde estão os arautos da democracia que denunciam golpes - inexistentes - contra Lpt a todo momento?
Não precisam responder. O PoPa conhece todas as respostas. Até as golpistas...

Sobre a história de que "o povo" apoia esta baboseira, o PoPa cita Yoana, do Generacion Y:

Alguien habla en mi nombre. Me suman a una primera persona del plural que al decir “nosotros los cubanos no permitiremos (…) nuestro pueblo no transigirá…” nos incluye a todos sin consultarnos a ninguno. De esa esquizofrenia de la primera persona del plural, está lleno el discurso político cubano. [Alguém fala em meu nome. Colocam-me em uma primeira pessoa do plural porque ao dizer: "nós, cubanos, não permitiremos... nosso povo não transigirá..." incluem todos sem consultar ninguém. Desta esquizofrenia da primeira pessoa do plural, o discurso cubano está cheio.]

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Generación Y - a confidencialidade nos correios cubanos

Do blog Generacion Y:

Desde que me mudei - já fazem quinze anos - a este enorme bloco estilo socialista, não recebi nenhuma carta pelo serviço regular. A razão não é que meus amigos tenham se esquecido de mim, ou que o email tenha derrotado as formas tradicionais de enviar uma carta; mas sim que os cubanos não confiam nos correios.

Tantos tramites, solicitações e pagamentos que poderiam realizar-se através do correio, estão ainda na etapa de irmos pessoalmente nos lugares e entrar em filas para sermos atendidos. Parece uma ilusão futurista, chegar o dia em que possamos receber a fatura da luz, da água ou do gás através do correio e nem o próprio Azimov poderia fazer crer que um pacote pode chegar - sem ter sido aberto - a suas mãos.

Na metade das suspeitas do vazio de minha caixa de correio, o Granma divulgou um artigo em 28 de maio, com o tema "inviolabilidade da correspondência", consagrado na Constituição da República. A jornalista que redigiu o texto assegura que "a Lei de Defesa Nacional estipula que, frente a situações excepcionais - guerra ou estado de guerra, mobilização geral e estado de emergência - alguns direitos e garantias constitucionais, entre eles a inviolabilidade da correspondência, podem ser regulados de maneira diferente".

Durante anos em Cuba, se fomentou a idéia de que ninguém poderia guardar segredos para o estado e a correspondência pessoal foi uma das expressões de privacidade mais vulneráveis. Tenho mil e um exemplos de cartas abertas, lidas e usadas contra seus destinatários, sem justificar-se esta ação pela gravidade de um conflito bélico. Uma amiga, que se correspondia com um colega exilado nos Estados Unidos, foi repreendida pelos seus chefes, quando um vizinho indiscreto interceptou uma das cartas e a remeteu, de imediato, à "segurança" do seu local de trabalho.

A volta à privacidade, a esta zona exclusiva onde um governo não pode entrar, porque pertence ao cidadão, demorará anos. Não somente necessitamos que a carta expedida chegue a tempo e sem danos, mas também ter a confirmação de que o que está escrito nela, é patrimônio exclusivo do remetente e do destinatário. Algum dia, a correspondência será como palavras ditas ao ouvido e as agências dos correios farão com que estes sussurros não possam ser "escutados" por outras pessoas.

sábado, 3 de maio de 2008

Uma blogueira nas 100 mais da Time

Yoani Sanchéz está entre as cem pessoas mais influentes de 2007, segundo a revista Time. Mas o que mais impressionou o PoPa foram os comentários colocados em seu post. Yoani não faz nenhum tipo de contra-argumentação aos comentários e não faz moderação. É fácil entender porque.

Entre estes, um escrito em português diz: "Yoani, a revista Time não está a seviço dos excluídos do mundo. A Time é o Grama do Império Americano. Cuidado para não estar sendo usada contra o povo cubano. Viva a revolução cubana, viva Che, Viva Fidel, viva Raul". Entenderam? Compara o Granma (que ele não sabe direito o nome...) à Time - mas não cita que é o único da ilha - e dá vivas à revolução, que deve conhecer só de longe... Faz lembrar outro post de Yoani, onde ela diz que pessoas de outras nações querem que ela viva a utopia deles.

Brava Yoani, mereces estas distinções, por fazer o que muita gente grande não tem coragem!

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Generación Y


Como qualquer um que viva próximo da fronteira, o PoPa conhece um pouco de espanhol e lê, com uma certa facilidade, os blogs na língua de Cervantes. Mas sabe que isto não é exatamente verdade para o pessoal que não tem esta vivência. Então, traduz alguma coisa deste fabuloso blog Generación Y, da cubana Yoani Sanchez. Hoje, ela escreveu:

Este domingo, no noticiário, o presidente da Central de Trabalhadores de Cuba, anunciou um primeiro de maio onde se evidenciará a "criação inventiva" do nosso povo. Suas palavras foram acompanhadas pelas conhecidas imágens de milhares de pessoas desfilando em uma praça cheia de cartazes, bandeiras e roupas multicoloridas. Ao ver tanta exuberância, voltou minha velha dúvida de onde se confeccionam todos estes elementos vistosos que resplandecem sob o sol de maio.

Se nos guiarmos pelas palavras de Salvador Valdés Mesa, se trata da iniciativa cidadã, a que desenha, pinta e colore os posters e as roupas. Todavia, todos sabemos que não é possível comprar em pesos cubanos - a moeda na qual se recebe os salários - nem uma bandeira cubana, nem tinta óleo ou acrílica e, muito menos, camisetas ou bonés. Tampouco se pode adquirir, legalmente, uma impressora para conseguir as letras perfeitas que exibem os cartazes das mobilizações. De onde, então, saem estes cartazes que predentem ser fruto da espontaneidade popular?

Conheço a resposta e saibam que pouco tem de ousadia de um operário que escreve suas demandas em um lenço. Tampouco se parece com a decisão de um sindicato autônomo, que organiza faixas para que seus membros exijam melhoras no trabalho. A maioria destes cartazes são orientados e desenhados por aqueles que os miram "enlevados" desde a tribuna. Eles sabem que se deixarem que os trabalhadores - por eles mesmos - façam os cartazes, provavelmente diriam outras coisas.

Finalmente, a transparência está chegando à Cuba. A ilha está no caminho oposto ao que os bolivarianos estão pretendendo, por absoluta falta de ter como segurar seu próprio povo.

Imagem: do site "Generación Y", bandeiras de Cuba.

domingo, 20 de abril de 2008

Enquanto isso, na ilha sequestrada...

Yoana (do Generación Y), que quer ir para a Espanha receber seu merecido prêmio, vai ter que pegar seu visto de saída e pagar 150 pesos convertibles para poder viajar, ao contrário do que tem sido noticiado pelo mundo todo. Bem, pelo menos, ela poderá ir receber o prêmio...

Mas a ilha, realmente, está vendo coisas diferentes por estes dias. No Estadão, o PoPa leu que a TV estatal irá passar enlatados americanos! Começa com "Os Sopranos", que terminou em 2007, e "Grey's Anatomy". Os cubanos compraram os DVDs e vão transmitir, certamente, sem pagar os direitos autorais. Pirataria oficial em Cuba!!! Se bem que, graças ao embargo imbecil dos gringos, eles não poderiam sequer pagar estes direitos.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Utopia Imposta

Vivo em uma utopia que não é minha. Diante dela, meus avós se ajoelharam e meus pais entregaram seus melhores anos. Eu, a levo sobre os ombros sem poder tirá-la.

Alguns que não a vivem, tentam convencer-me - à distância - que devo conservá-la. Todavia, resulta alienante viver uma ilusão alheia, carregar o peso do que os outros sonharam.


Aos que me impuseram - sem consultar-me - esta miragem, quero advertir-lhes, desde agora, que não penso em repassá-la aos meus filhos.


Não bate um certo remorso em quem quer que isto continue?



sexta-feira, 4 de abril de 2008

Generación Y

A valorosa cubana Yoani, ganhou recentemente o prêmio Premio Ortega y Gasset de Periodismo, outorgado pelo jornal El Pais, da Espanha. O final de seu post, é genial:

Lectores, yo sólo soy el rostro en la barra lateral de este sitio. Ustedes, polemistas, incendiarios, censores y boicoteadores, son, en fin de cuentas, los que hacen el Blog. [Leitores, eu sou somente o rosto na barra lateral deste site. Vocês, polemistas, incendiários, censores e boicotadores são, ao final das contas, os que fazem este blog].

Visitem o "Generación". Vale a pena conhecer Yoani e seu relato sobre a vida na ilha sequestrada! E vejam, no site da Reuters, em espanhol, a notícia do prêmio: http://es.reuters.com/article/entertainmentNews/idESCAR46404320080404

Claro que pode aparecer algum imbecil para dizer que, se ela escreve tudo isso, de cara limpa, é por que existe liberdade na ilha... Agora, para receber o prêmio, ela precisa ir à Espanha. O regime não terá coragem de negar o visto e ela terá a merecida fama e alguma segurança para permanecer morando na ilha.