sábado, 11 de outubro de 2008

Generación Y - La guerra más larga

Mais de Yoani Sanchéz:

Quinta feira, estreou, em toda a Ilha, um filme cubano sobre a guerra de Angola. Nos arredores dos cinemas, os casais preferiram mudar o rumo e ir a algum lugar escuro, pois a campanha cubana na África lhes desperta pouco interesse. O filme padece de um atraso de 20 anos e aborda uma história que ainda tem pedaços sem explicações. Kangamba teria provocado grandes filas e apaixonados comentários no final dos anos oitenta; mas, a esta altura, muito poucos querem recordar o ocorrido.

A luta cubana em terras angolanas, foi a guerra mais longa de toda a história de Cuba. Quinze prolongados anos lutando em outro solo, matando ou se deixando matar por gente que não sabia muito bem onde estava esta Ilha. Eram os tempos em que o Kremlin projetava sua sombra sobre Cuba (e dependíamos tanto dele!) que nossos líderes não hesitaram em somar-se à sua campanha contra a UNITA. A geopolítica traça estas duras provas para os pequenos países que orbitam ao redor dos grandes impérios.

Registro que durante três décadas de conflito não aconteceu, em nenhuma praça pública, um protesto de mães cubanas para não enviar seus filhos à frente de batalha. Ninguém lançou, nos meios de difusão, a pergunta que todos sussurrávamos "Que fazemos em Angola?" e muito menos um movimento pacifista encheu de pombas brancas algum ponto de recrutamento. Éramos mais dóceis como cidadãos do que somos hoje, e nos levaram a morrer ou matar sem saber bem o que fazíamos.

Hoje estamos informados de cada baixa que sofre o exército norteamericano no Iraque, mas recordo o segredo sobre o número de soldados cubanos caídos durante a guerra angolana. Nós sabíamos que o vizinho havia perdido um irmão ou que o colega de trabalho retornava sem uma perna, mas a imprensa tocava a sinfonia da vitória. Os mortos foram chorados na privacidade das famílias, que não entendiam muito bem o que faziam seus filhos no outro lado do Atlântico. Restaram os túmulos no cemitério, as fotos emolduradas nas salas das famílias, os vasos de flores repletos em cada aniversário e os longos discursos dos que tinham visto a guerra à distância, mas nada pode responder, com clareza, a pergunta: O que faziam os cubanos em Angola?


Nenhum comentário: