sábado, 30 de junho de 2007

Eu sou EPA!

Na veja desta semana, Diogo Mainardi faz um belo comentário sobre um texto do Ivan Lessa no Pasquim: "O mundo se divide em dois tipos de pessoas: as que gritam Oba! e as que exclamam Epa!" O Pobre Pampa, sem ler este texto do Lessa, sempre se sentiu meio EPA, explicitamente no post "Grana à Vista!"

Há uma enorme e inexplicável quantidade de OBAS no Brasil. Inexplicável, pois não acho que o brasileiro seja igual aos que se locupletam no Planalto e nas capitais do País. Talvez estes OBAS não tenham se dado conta do tamanho do problema que estamos criando para as futuras gerações. Talvez porque fariam igual se lá estivessem. Talvez porque estejam anestesiados pelas esmolas oficiais. Sei lá...

E nós, os EPAS, estamos em grande desvantagem com os OBAS, pois ao contrário destes, sabemos o que nos espera se o Brasil continuar neste rumo!

Imagem: O Fradinho, no traço do genial Henfil, também colaborador do Pasquim

TERROR NO CAMPO

Ultimas informações de Brasilia dão conta que o INCRA pretende alterar os indices de produtividade para a pecuária. Existe uma tendência muito forte para que sejam usados os indices dos senadores pecuaristas e seus relacionados. Os primeiros trabalhos produzidos pelos burocratas e ativistas do Ministério de Desenvolvimento Agrário fazem uma média entre a produtividade das criações de gado de Renan Calheiros, Roriz e Marcos Valério. Agora a reforma agrária vem.

domingo, 24 de junho de 2007

O Paraíso da Esquerda

Cuba tem sido citada como o paraíso para todos os socialistas. Mas nem tudo são flores no paraíso, como podemos ver em algumas reportagens da maquiavélica direita:

O Jornaleco apresentou uma interessante reportagem, com todas as fontes possíveis, para mostrar como os idosos pobres são tratados no país de Fidel. Talvez os idosos do partido tenham tratamento diferenciado, mas... leiam a reportagem!

Aqui, na Metade Sul, ainda tratamos os idosos como parte de nossa história!

Veja mais sobre Cuba em Cubanet - Prensa Independiente de Cuba. "Sólo la opresión debe temer al pleno ejercicio de la libertad" é seu lema. Querem isto para a Venezuela? Querem isto para a América Latina? Querem isto para o Brasil?

Recomendo a leitura deste post no blog do Cineman. Mostra bem como as coisas acontecem quando se mexe com a liberdade...

sexta-feira, 22 de junho de 2007

O Ataque ao Aquífero Guarani...

O Pobre Pampa leu, em alguns blogs, uma entrevista do nosso velho conhecido, professor Buckup. O biólogo, que parece entender de muita coisa mas quase nada de eucaliptos, apresenta mais alguns motivos para não querer as florestas plantadas na Metade Sul do RS. Utiliza-se das técnicas de Schopenhauer (O Cineman vai ter que explicar isto em um tópico específico), para fazer valer seu ponto de vista. A entrevista foi publicada pela revista ADverso, da ADufrgs (Associação de Docentes da UFRGS), em seu número 147.

A entrevista é longa, mas o Pobre Pampa selecionou os "melhores momentos":

Lamentavelmente, o governo tem mostrado que não está a fim de fazer isso, liberando plantios em qualquer lugar e de qualquer maneira.

Os plantios respeitam os códigos florestais federal e estadual, logo não são plantios de qualquer maneira. O licenciamento está sendo feito sob a legislação em vigor e com cautela técnica pela FEPAM.

O zoneamento é uma exigência da lei, o Código Estadual de Meio Ambiente determina que ninguém pode promover uma atividade agrícola, que implica em profundas modificações ambientais, sem licenciamento. E não pode haver licenciamento sem um trabalho que identifique as zonas do Estado mais ou menos aptas para receber investimentos de natureza silvicultural.

Correto, professor, mas os técnicos da Fepam não tiveram a preocupação de fazer este zoneamento, apenas restringir o plantio. Por exemplo, não utilizaram as bacias hidrógráficas, mas Unidades de Paisagens Naturais, como deveriam ser há 500 anos e não são mais...

O zoneamento é um excelente documento, foi feito por pessoas qualificadíssimas, baseado em informações altamente confiáveis e referenciais bibliográficos incontestáveis.

A PROPOSTA de zoneamento apresentada pelos técnicos da FEPAM, levou em consideração o índice pluviométrico da Amazônia, a precipitação média de Bagé e outros referenciais absurdos para a configuração do documento. Onde estão as informações altamente confiáveis?

O zoneamento mostra que o Estado possui nove milhões de hectares disponíveis para plantar eucalipto. Sim, nos Campos de Cima da Serra e no Noroeste do Estado. Nada na Metade Sul...

A natureza sabe que, em função dos nutrientes disponíveis, do solo e da quantidade de água, a paisagem (do pampa) deve ser de campo. O eucalipto tem uma enorme taxa evapotranspiratória, ou seja, chupa muita água. Ele vai buscar água no solo e nos arroios, rios e lagos. A secagem completa de fontes de água já foi descrita com detalhes em publicações científicas importantes e aconteceu em lugares como o sul da África, na Península Ibérica e em um lugar próximo daqui, o pampa argentino.

Imaginem que raiz deve ter esta planta para ir até os arroios, rios e lagos! Neste ponto da entrevista, o professor cai em um ato falho, citando: Aliás, nem é preciso apelar para a ciência, qualquer habitante do interior sabe que plantar eucalipto é ótimo para secar banhado.

...depois que a terra das pessoas está cheia de eucalipto, não tem mais serviço. Vai fazer o que durante oito anos até o abate? Ele vai ter que sair do campo.

O professor acredita que as empresas vão plantar eucaliptos apenas um ano! A conta certa é que vão plantar, para cada unidade fabril, 15.000ha/ano, o que vai gerar empregos para a preparação de mudas (muita mão-de-obra especializada, pois não pode ser mecanizada), para o plantio e colheita, mesmo que mecanizado (mão-de-obra qualificada), para os cuidados dos três primeiros anos (mão-de-obra não qualificada), para os motoristas que transportarão, para o pessoal que prepara a alimentação e transporte dos trabalhadores, sem falar na área industrial. Ou seja, muito trabalho para uma região que não oferece emprego para ninguém! Além disso, o zoneamento pretende proibir o plantio próprio das empresas, nas terras delas! Qual o argumento para isto?

As empresas estão buscando apoio científico nas universidades. É muito mais fácil e barato uma empresa alcançar um recurso a um pesquisador, que fica feliz com o dinheiro que recebe. Porque se a empresa for contratar o indivíduo, terá que pagar salário, décimo terceiro, férias, previdência, montar laboratório.

Hehe, essa nem merece comentário...

O Rio Grande do Sul tem 28 milhões de hectares; a metade sul, 14 milhões. Destes 14 milhões, tire a Lagoa dos Patos, a Mirim, toda faixa arenosa onde não se planta nada e as áreas já utilizadas pela agricultura que somam quatro milhões de hectares. No final, 24% da metade sul do Estado ficará coberta de eucalipto, o que é muita coisa.

EPA! que conta maluca, sem a memória de cálculo do nobre professor, não dá para entender o raciocínio!!!!

(na Austrália, onde o professor esteve pesquisando), o eucalipto vive em forma de mata de savana, uma paisagem de campo com arbustos e árvores esparsas que nem sempre tocam suas copas. Na média, são 60 eucaliptos por hectare. Aqui vão plantar 1,7 mil por hectare.

1.700 árvores por hectare? onde foi feita esta conta???? com o espaçamento de 3mx3m, não cabem mais que 1.300 árvores por hectare, sendo que cerca de 50% da área não será plantada, então a conta deve ficar em 650 árvores, em média, por hectare, por propriedade. E lá, apesar de ser nativo, também se faz monocultura deles, nos mesmos moldes do proposto por aqui.

Mas o melhor está por vir: Você imagina 1,7 mil tocos de eucalipto no meio do campo? O toco começa a se decompor depois de dez anos. Para arrancar, só com correntes e tratores. E quem paga isso? A Stora Enso não vai pagar e o proprietário da terra não terá dinheiro (provavelmente, as empresas não pagarão pelas árvores...). No plantio de eucalipto, não se faz o destocamento, planta-se outras mudas entre os tocos. Ou seja, em 14 anos, são 3,4 mil tocos de eucalipto no chão.

Árvores de sete anos têm um toco muito fino e que não vão começar a se decompor somente após dez anos. É possível fazer o rebaixamento do toco, com equipamento especial, a um custo aproximado de R$ 400,00/ha. É um custo relativamente alto, mas muito menor que o uso de tratores e correntes, coisa utilizada para arrancar tocos com mais de 30 anos. E, ao final do segundo ciclo, não existirão mais os primeiros tocos. E volto ao ponto inicial: e porque impedir o plantio em áreas próprias das empresas?

E, finalizando: A última coisa que deveria ser investigada pelos órgãos públicos, até pelo Conselho de Segurança Nacional, é que estas empresas estão comprando terras exatamente sobre o Aqüífero Guarani. Em dez anos, água será mais importante que celulose. Será que queremos comprar água potável destas empresas? Como se pode ver, são muitas lâmpadas vermelhas acesas no painel do cuidado ambiental.

Estas sórdidas empresas estão utilizando o eucalipto para tomar conta do Aquífero Guarani!!!

Chega! Sem mais comentários...

Imagem: O Pampa visto pela Nasa

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Às vezes, vale à pena...

O Pobre Pampa ficou emocionado com o teor do texto da Ecoagência sobre as audiência públicas da PROPOSTA de Zoneamento Florestal: Audiência Pública pra quê? Depois de três horas esta é a dúvida que surge sem que se apresente uma resposta objetiva durante a audiência pública do Zoneamento Ambiental para a Atividade da Silvicultura no Rio Grande do Sul. A quarta e última, sem que Porto Alegre fosse contemplada com uma, apesar dos apelos de ambientalistas.
Esta, realmente, é ótima! O Governo do Estado não ouviu Porto Alegre sobre o plantio de eucaliptos na Metade Sul do RS!
Sobre a reunião em Santa Maria: Os estudantes críticos das plantações de eucalipto, ao entrarem com nariz de palhaço, foram fortemente vaiados e tiveram que retirar seus narizes por ordem do condutor da audiência. Os ambientalistas pediram, então, que os bonés brancos com a frase ‘A Força traz o verde’ fossem retirados também, o que não foi acatado.
Os estudantes de Santa Maria, preocupados com o plantio de eucaliptos na Metade Sul? Será que eram do curso de engenharia florestal?
O Pobre Pampa é contrário ao tipo de manifestação desenvolvido pela Força Sindical. Mas a Metade Sul conhece bem este sistema de pressão, pois vivenciamos isto durante o OP do Governo Olívio. É difícil provar do próprio veneno...
O que não está na matéria e ninguém diz, é que a proposta de zoneamento é falha em termos legais e técnicos. Dito por um grupo técnico da SEMA, nomeado ainda pela antiga secretária e cujo parecer está no site da SEMA. Incrivelmente, a FEPAM, com seu excelente quadro técnico, utilizou dados de evapotranspiração da Amazônia para calcular a demanda hídrica das florestas plantadas de eucaliptos. Usou a precipitação média de Bagé, sabidamente a cidade com maiores problemas hídricos da Metade Sul, extrapolando estes dados para toda a Metade Sul. Ou seja, utilizou-se de dados errados conscientemente. Dá para confiar neste trabalho?
Imagem: Skrik (O Grito) de Edvard Munch, pintura de 1893, que retrata a suprema angústia, com todo o cenário distorcido, à exceção da ponte de concreto. Genial!

terça-feira, 19 de junho de 2007

Porto Alegre é Demais!

O Pobre Pampa morou por mais de 10 anos em Porto Alegre, tem três filhos nascidos lá e, ainda hoje, vai várias vezes por mês à capital. E, depois de muito estudo e observação, chegou à conclusão que o portoalegrense tem muitas razões para detestar a Metade Sul do Estado.

O trânsito, por exemplo: quem dirige em Porto Alegre, está qualificado para dirigir em qualquer lugar do mundo, até em Bagdá. Pistas de rolamento não são respeitadas nunca. Experimente entrar no túnel da Conceição e fazer o trajeto sinuoso DENTRO das faixas respectivas. Se for à noite, sem trânsito, isto é perfeitamente possível. Durante o dia, não vais chegar ao outro lado inteiro, com certeza! A Prefeitura precisou colocar obstáculos em algumas das curvas mais perigosas, como a volta do Gasômetro e o final da Beira-Rio, para manter os portoalegrenses "na linha". Buzinas: parece que existe um dispositivo ligando diretamente as sinaleiras da cidade às buzinas dos carros que estão atrás. Deu verde, o carro de trás buzina, imediatamente! E faixas de segurança (o que é isso???) para pedrestes? Se não tiver um sinal vermelho bem explícito, não arrisque! Motoboys são um problema em qualquer cidade brasileira, mas em Porto Alegre, eles atingiram o grau de estado da arte. Sua própria vida não tem valor algum para eles!

Junte tudo isso e poderás encontrar um chefe mal encarado, um atendente com bronca da vida, um serviço público de péssima qualidade e uma grande angústia geral. Não vais encontrar pessoas sorrindo no centro de Porto Alegre, nem no carro ao seu lado! Mas reconheço que é estressante viver em uma cidade muito grande e mal distribuída, e perder duas horas ou mais por dia para ir ao trabalho. E enfrentar pessoas de mau-humor e estressadas, no trânsito ou fora dele. Viver com medo de assalto, entre grades. Com flanelinhas, crianças malabaristas, esmoleiros e panfleteiros em cada parada.

Na Metade Sul, estes problemas são muito menores, talvez por falta de carros, por falta de dinheiro ou por falta de gente. Mas também podemos chamar isso de qualidade de vida. Aqui, ainda paramos nas sinaleiras à noite, com vidros abertos e portas destravadas. Muitas das nossas cidades ainda não conhecem grades em suas casas.

Em que a plantação de eucaliptos poderia mudar isso? Talvez aconteça de ter um pouco mais de dinheiro circulando, para fazer com que nossos jovens permaneçam por aqui e não precisem aventurar-se na grande Porto Alegre. Porque hoje exportamos nosso maior capital, que é nossa gente, que precisa deixar esta terra por absoluta falta de oportunidade.

Enquanto doutores de plantão e falsos ecologistas bradam contra algo que poderá modificar - para melhor - esta região, todos sairemos perdendo. Nós, da Metade Sul, que vamos perder uma grande chance de desenvolvimento e Porto Alegre, que continuará a receber o fluxo migratório em busca das oportunidades que não ainda não existem por aqui.

Mas não pense o leitor que o Pobre Pampa detesta Porto Alegre, pelo contrário! A vida em Porto Alegre tem muitas compensações: cinemas, teatros, restaurantes e muita expressão artística. Alguns dos melhores amigos do Pobre Pampa vivem por lá. E gostam! O que preocupa o Pobre Pampa é que, quando o assunto é polêmico, as paixões são mais fortes que a razão. Quantos dos que criticam o plantio de eucaliptos visitaram nossa região? Quantos sabem o que resta do Pampa Gaúcho? Quantos sabem o que é uma vossoroca ou o capim anoni ou a arenificação? E o que causou isto? O Pobre Pampa também é movido à paixão, como todo ser humano. Mas tem consciência do que é possível e do que é necessário para preservar o bem mais importante que existe: a vida humana. Com dignidade!

Imagem: O Laçador, obra do pelotense Antônio Caringi, eleito símbolo de Porto Alegre, com um poncho multicolorido, colocado pelo também pelotense Cattaneo (Capitão Gay). A demonstração de bom humor foi reprovada pelos que passavam no local, na oportunidade que, inclusive, chamaram a polícia. Não poderia ser diferente, afinal é Porto Alegre, capital... da intolerância.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Mighty Mouse vs. The Wolves

Ovelhas e Lobos... Este daí não é um Guará e pode muito bem representar os "Lobos" que atormentam a Metade Sul.

Lobo-guará e florestas de eucaliptos

Hoje, dia 15, procurei no jornal A Razão, de Santa Maria, informações sobre a audiência pública sobre o zoneamento florestal. Acho que foi muito boa, pois não tinha uma linha sobre o assunto no jornal da RBS. Mas tinha um interessante texto, escrito pelo professor de história, Vitor Biasoli:
Recebi e-mail de um amigo, informando que a situação do lobo-guará no Rio Grande do Sul é preocupante. O lobo-guará ainda não é um animal em extinção, mas está em declínio. Sua população diminuiu 50% nos últimos dez anos e existem pouco mais de 10 mil exemplares da espécie. Os dados foram retirados de uma publicação do IBGE e meu amigo comentou que a extinção de animais não causa grande comoção na sociedade rio-grandense e é encarado apenas como mais um índice das mudanças ambientais inevitáveis...

...Aproximando essa discussão para perto de nós, a questão ambiental que se coloca não é a emissão de gases poluentes, pois não constituímos uma área industrial. No momento, o assunto mais relevante quanto ao meio ambiente é a expansão das florestas de eucaliptos. Um cultivo que altera a paisagem do pampa e, em especial, o lençol freático da região. Isto é, os eucaliptos consomem bastante água e, ao se expandir na Campanha, consumirão boa parte da água existente. As florestas de eucaliptos parecem ser uma boa alternativa econômica para os proprietários de terra da região, mas, seguramente, não é a melhor alternativa para o conjunto da população, pois vai faltar água para o consumo humano. Em Bagé, onde o problema da água é sério, vai ficar pior.
Qualquer coisa como o que acontece com o lobo-guará acontece com a paisagem do pampa. A Campanha não está em vias de alteração drástica, mas está perto disso. Só que, nesse caso, felizmente, provoca grande comoção social e intensas polêmicas. O que permite ter esperanças de que, ao contrário do lobo-guará, o pampa será preservado.

Duas coisas me chamaram atenção no texto do professor: a de que seria uma boa alternativa para os proprietários de terras da região e que vai faltar água para consumo humano. Cita, inclusive, que Bagé ficará pior do que está, se plantarmos eucaliptos. Fico constrangido em ver que professores têm um posicionamento contra algo que, obviamente, desconhecem totalmente. Não vou falar de consumo de água, pois isto é ridículo, mas que é uma boa alternativa para os proprietários de terras? E para os milhares que conseguirão emprego? e para o Estado que vai arrecadar divisas de onde hoje nada sai? Estes recursos não irão beneficiar o "conjunto da população"? Provavelmente da metade norte, sim...

E Bagé tem o abastecimento através de barragens defasadas, que governantes não resolvem pois não investem nisso nunca. Não é abastecida com águas subterrâneas (deveria e poderia, mas não é) mas por barragens que precisam ser ampliadas ou multiplicadas há várias décadas. Não tem nada a ver com o assunto, mas o professor de história parece não saber disso. E seu jornal não noticia o que deve ser contrário a interesses outros que não o desenvolvimento da região. Ou tem medo da patrulha...

Aliás, por falar em patrulha, no site do PTSul está esclarecido que a audiência foi positiva, pois eles só reclamaram! Bom ver que a região aprendeu muito com o sistema do PT de fazer política. Leiam e entendam porque.

Imagem: Bad Wolf de Walt Disney e Lobo Guará. Na Metade Sul, há uma grave ameaça aos Lobos Guarás: uma espécie exótica que se espalha rapidamente e sem controle e, com apoio governamental, abate ovelhas (que também alimentam o Lobo Guará), matos, cultura, o que estiver na sua frente. Eucaliptos parecem ter atraído a ira desta espécie pois podem proteger áreas importantes para o Lobo Guará. Esta espécie odeia áreas produtivas.

terça-feira, 12 de junho de 2007

CONSULTA PÚBLICA EM PELOTAS

A Consulta Pública sobre o zoneamento ambiental lotou o teatro Guarani em Pelotas. O Pobre Pampa, viajando pelo rico Nordeste não pode participar, eu também não. Mas nas noticias que colhi junto ao Diário Popular tudo ocorreu dentro da mais perfeita normalidade e a grande maioria dos presentes defendeu o desenvolvimento com responsabilidade ambiental, que no final é o que todos queremos. Houve poucas manifestações contra o plantio de eucaliptos, sendo uma das mais destacadas a do MTD, Movimento dos Trabalhadores Desempregados, que, não sei por que razão, são contra uma ação que, entre outras coisas, vai trazer emprego. Eles devem ter sido favoráveis a expulsão da Ford também. Outra manifestação contrária foi da ong CEA, Centro de Estudos Ambientais, que acusou as fábricas de celulose de iniciarem os plantio sem respeitar as leis ambientais. Como já foi muitas vezes discutido aqui o que não se respeitou foi um zoneamento capenga, sem poder de lei, que agora está sendo transformado no grande vilão da Metade Sul

Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

Quando falamos de qualquer coisa que envolva tecnologia, é preciso ouvir quem entende do assunto e fez estudos, análises e trabalhos sobre o assunto, sem a paixão dos dogmas.

E o IPEF (está no site deles), mediante forte parceria com o Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo, há quase quatro décadas, oferece condições para o desenvolvimento de pesquisa e tecnologia, na direção da melhoria da qualidade, produtividade e utilização das florestas, contribuindo para o desenvolvimento do setor florestal, de forma economicamente viável, ambientalmente adequada e socialmente justa (o grifo é do Pobre Pampa). Claro que este instituto é mantido pelas empresas de celulose, mas é importante salientar a parceria que mantém com a ESALQ, uma das mais importantes entidades de ensino e pesquisa deste País.

O Pobre Pampa conheceu este site através de um amigo portoalegrense, também preocupado com os rumos que este assunto tem tomado, aqui no RS. O texto a seguir foi selecionado para os leitores do PP:

O eucalipto precisa de muita água?

Fibra - Jornal da Cenibra - Nº 217 - Novembro de 2003

Uma das críticas que se costuma fazer ao eucalipto é que ele precisa de muita água durante a fase de crescimento. Isto é desmentido por estudos recentes, que têm mostrado não haver muita diferença entre o consumo de água de diversas espécie florestais e o eucalipto.

Isso também é verdade em comparação com a agricultura: ele apresenta consumo parecido com o do café e menor do que o da cana-de-açucar. Em países com pouca disponibilidade de água, como Espanha, Itália, Israel e Marrocos, grandes áreas estão sendo usadas para o plantio de eucaliptos, sem problemas. No caso de Israel, inclusive áreas de deserto estão sendo usadas para agricultura, depois do cultivo do eucalipto por períodos entre 20 e 30 anos.


Cultura Consumo de água (mm)
Cana-de-açúcar 100-2000
Café 800-1200
Citrus 600-1200
Milho 400-800
Feijão 300-600
Eucalipto 800-1200

Obs: 1 mm (milímetros) corresponde a 1 litro por metro quadrado.
Fonte: CALDER, et al, 1992 e LIMA, W. De P., 1992

Pelo fim do preconceito

Falar de eucalipto é uma coisa que, como se diz “dá pano pra manga”. Uns defendem, outros ainda atacam. Mas esta discussão parece estar chegando ao fim, já que, hoje, o eucalipto vem sendo visto com outros olhos. Isso porque, muitas acusações contra ele vêm sendo sistematicamente desmentidas por pesquisadores que o estudam em todo o mundo. É justamente para aprofundar essa discussão que o Fibra passa a publicar, a partir dessa edição, uma série de matérias sobre o eucalipto, esperando contribuir para o esclarecimento de dúvidas e para acabar de vez com o preconceito que se costuma ter contra ele.

Imagem: capa do folder do IPEF