Semana passada, o PoPa leu, no Diário Popular, uma reportagem sobre o trem urbano que poderá ligar Pelotas à Rio Grande. E, no corpo da reportagem, a informação de que o projeto original tinha sido feito durante o governo Lula. Bem, o PoPa não sabe o que levou o repórter a tal afirmação, pois no mesmo exemplar do jornal, em outra página, está a informação de que o projeto foi iniciado em 2002, informação também errada, pois foi iniciado em 1997, com a contratação, pelo BNDES, da UFRJ (detalhes neste link)... O PoPa acompanhou este projeto bem de perto e o trecho de Pelotas e Rio Grande foi bem discutido aqui na região e, apesar de não estar no documento inicial, a pressão regional fez com que ele fosse considerado em um segundo momento. O BNDES contratou a Universidade do Rio de Janeiro para a elaboração dos primeiros estudos, incluindo pesquisa de campo. Na ocasião das reuniões em Pelotas e Rio Grande, muitas restrições foram apresentadas pelos locais, principalmente as empresas de ônibus, obviamente.
O projeto previa a utilização da ferrovia atual, com reforma no trecho entre a Vila da Quinta e a cidade de Rio Grande, sem uso pela concessionária ALL, já que neste ponto, os trens de carga desviam-se para o porto. Quase imediatamente à divulgação do projeto, a ALL retirou os trilhos deste trecho. O PoPa leu o contrato de concessão, disponível no site da ANTT, e não encontrou nenhuma cláusula que dá à ALL o direito de retirar trilhos de qualquer parte da ferrovia. Isso inclui, também, os trilhos de manobra da estação de Pelotas, totalmente retirada pela ALL. Eram tantos trilhos, que a empresa demorou quase dez anos para retirar tudo. Para onde foram, ninguém sabe.
Mas, retornando ao projeto original, que não foi feito durante o governo Lula, podemos afirmar que foi sepultado no governo Lula, já que as coisas não andaram por aqui. A universidade de Santa Catarina recebeu 800 mil reais para fazer novamente o projeto de dois dos três trechos localizados na Região Sul. Qual ficou de fora? Sim, exatamente o de Rio Grande/Pelotas! Agora, parece que liberaram mais alguma grana para a tal universidade fazer seus estudos também neste trecho. O resultado, o PoPa já sabe: sem trilhos, sem projeto. Vão concluir o que está posto para todos que cruzam pela 392. E vão ser pagos para isso.
Mas por que colocar o governo Lula como iniciante do tal projeto? Quem plantou esta informação - quase subliminar - na reportagem? Com qual intenção?
A informação real, que vale é que o projeto foi feito ANTES do governo Lula e ENTERRADO no governo Lula. Isso é fato!
Um comentário:
Planejar trens de alta velocidade -TAV antes de trem regional de passageiros é colocar a carroça na frente dos bois, e se governar é definir prioridades, entendo ser as prioridades no Brasil para o sistema ferroviário pela ordem;
1º Trens suburbanos e metrôs domésticos;
2º Ferroanel com rodoanel integrados com ligação Parelheiros Itanhaém, para cargas e passageiros;
3º Trens de passageiros regionais;
4º TAV.
E com relação ao cenário mundial seria;
1º Integração Nacional;
2º Integração Sul Americana;
3º Integração com o Hemisfério Norte.
Trens de passageiros regionais são complementares ao futuro TAV, e não concorrentes, pois servem a cidades não contempladas, inclusive Campinas com mais de 1,2 milhões de habitantes e potencial maior do que alguns estados, e muitas capitais do Brasil, portanto comporta as duas opções.
Pelo proposto as mesmas composições atenderiam de imediato aos trens regionais planejados nas maiores cidades brasileiras ~150 km/h utilizando alimentação elétrica existente em 3,0 kVcc, a curto prazo, já dando a diretriz do Plano Diretor quando fossem utilizadas no TAV, aí utilizando a tensão e corrente elétrica de 25 kVca, com velocidade max. de 250 km/h, uma vez que já foi determinado pela “Halcrow” velocidade média de 209km/h para o percurso Campinas Rio previsto para após o ano de 2020, se não atrasar como a maioria das obras do PAC, ou seja longo prazo, este modelo é inédito no Brasil, porém comum na Europa.
Para esclarecer; Não se deve confundir os trens regionais de até 150 km/h com os que existiam antigamente no Brasil, que chegavam a no máximo aos 90 km/h por varias razões operacionais, e o fato de trens regionais e TAV serem de operações distintas não justifica que não tenham que se integrar, sendo que para a estação em SP o local sairá em locais paralelo a CPTM entre Mooca e Barra Funda, podendo ser criada a estação Nova Luz, no lado oposto em que se encontra a Júlio Prestes.
No mínimo três das montadoras instaladas no Brasil além da Embraer tem tecnologia para fornecimento nesta configuração, inclusive os pendulares Acela e Pendolino que possuem uma tecnologia de compensação de suspenção que permite trafegar em curvas mais fechadas com altíssima porcentagem de nacionalização.
Fala-se de integração ferroviária Sul Americana, e as principais economias após o Brasil são a Argentina, e Chile, e ambos, possuem a bitola de 1,67 m, (Indiana),sendo que só a Argentina possui mais de 23 mil km, o que corresponde, a ~4 vezes mais km que a correspondente brasileira, e km praticamente igual a métrica, e em consulta a técnicos argentinos e chilenos, os mesmos informaram serem infundadas as informações de que circulam no Brasil de que está sendo substituída por 1,43m, e se um dia esta integração ocorrer, ela será feita com a bitola métrica, que já são existentes em outros países, como Bolívia, Colômbia e Uruguai, além dos mencionados, tratando-se portanto de premissas equivocadas plantadas pelos defensores da bitola de 1,43 m.
Mas, quanto ao TAV (Trem de alta velocidade), hum, este não sei não, teve um ex ministro de nome Bernardo, que no início do ano de 2011, deu a seguinte declaração à mídia; ”Trens regionais de passageiros poderão trafegar nas futuras linhas exclusivas do TAV”, assim como acontece na Europa. Ufa, até que enfim o bom senso prevaleceu! Esta era uma noticia que sempre esperava ouvir, e desde a década de 70 se fala dele e agora a previsão é para após 2020, e poucas coisas estão definidas, como estações, trajeto etc, e o modelo projetado é independente, e bitola divergente dos trens regionais existentes 1,6m e que trafega tanto como Trem regional, ou como TAV, portanto pode se afirmar que embora a intenção seja louvável, existe uma contradição do que se falou, e o que esta sendo planejado, além disto aqui, e as obras deste porte tem até data para começar, mas a sua conclusão, nem a futurologa mãe Dinah consegue prever!
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