quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Camelôs, onde estão vocês?

Esta semana, os nobres edis de Pelotas rejeitaram um projeto da prefeitura para construção de um novo camelódromo. Bem, até aí, faz parte do trabalho deles rejeitarem ou aprovarem. No entanto, a construção propriamente dita já estava aprovada e a prefeitura irá fazer o tal do camelódromo. O que o prefeito queria, era garantir a participação, neste projeto, dos camelôs do antigo local e os camelôs que estão atualmente no centro da cidade, ocupando ruas.

Formou-se, no plenário da Câmara de Vereadores, um tumulto geral, com manifestantes atacando o projeto e forçando sua rejeição. Os nobres vereadores cederam à pressão e o rejeitaram. Mas o que o projeto fazia era garantia a presença dos camelôs atuais neste novo espaço. Acontece que este novo espaço será construído e mantido por uma empresa particular, cobrando por estes serviços. Seriam, nos cálculos de um economista local, algo em torno de R$ 480,00 mensais, agregado a um valor ainda não estipulado de condomínio. Em troca, o local terá área de alimentação, postos bancários, estacionamento coberto, segurança 24horas, iluminação, banheiros e outras coisinhas típicas dos negócios corretos.

Aos que acham que os camelôs não possam pagar este valor, a informação de que bancas são alugadas a mil reais no atual espaço. Que são comercializadas por 100 mil reais. Que tem gente que tem várias bancas, com empregados trabalhando e que o proprietário raramente aparece por ali. Estes estão com medo! Sabem que perderam sua boquinha para os verdadeiros camelôs. Uma empresa privada irá controlar este tipo de coisa, para não ter seu contrato denunciado! Então, teremos um espaço para os verdadeiros camelôs; a pirataria será extinta; os produtos sem origem serão banidos... restarão os artesãos e os que fazem a coisa corretamente. Afinal, atualmente já é possível fazer importação correta do Paraguai, pagando impostos e essas coisas do mundo real.

Isso enfurieceu os "donos do pedaço", que fizeram seus empregados tumultuarem a tal "casa do povo". E parece que os nobres edis não se deram conta do que estava acontecendo. Ou se deram, mas sempre é bom ir contra a prefeitura, não importanto o que é melhor para o povo. É a tal oposição pela oposição.

Onde estão os verdadeiros camelôs, que deveriam fazer valer seu direito de participar deste novo projeto? Difícil dizer. Provavelmente são trabalhadores que precisavam estar no batente e não puderam participar do "evento". Provavelmente não queriam expor-se aos tumultuados e barulhentos manifestantes, com medo de futuras represálias.

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