terça-feira, 29 de março de 2011

O lixo e as prefeituras

O PoPa tem ouvido muita coisa dita em nome da preservação da natureza. Mas muito pouco se tem falado do que, realmente, as pessoas podem fazer. Vejam o exemplo das sacolas plásticas. Há uma campanha contra elas, devidamente importada dos países ricos. Esquecem, os nativos daqui, que por lá o lixo orgânico é despejado no esgoto cloacal, através de trituradores e o lixo doméstico resulta mais limpo, colocado em grandes sacos... plásticos. Por lá, não existem catadores fuçando o lixo e espalhando tudo pelo chão ou, pior, levando para terrenos baldios para pegar o aproveitável e esparramar o que não serve.

O PoPa cruza a travessia do Guaíba frequentemente. Observa, nas ilhas da região, a presença de muito lixo descartado pelos catadores. Junto a eles, claro, os sacos plásticos. Mas, e se não houvesse os tais sacos, como o lixo seria acondicionado? Em sacos plásticos para lixo! A única diferença, é que são comprados... Sacos plásticos, ao contrário do que se fala por aí, podem ser reciclados. O real problema, que o pessoal preocupado com a ecologia não aponta, é que eles são retirados do fluxo do lixo por catadores e descartados na natureza. Isso é errado! Mas quem criticaria catadores, entre estes politicamente corretos?

Lixo deveria ser considerado propriedade da prefeitura e ninguém deveria tocar nele, a não ser os recolhedores oficiais. Ao permitir a existência de catadores, estamos permitindo a destinação de lixo em locais não apropriados. E, ao mesmo tempo, impedindo a criação de cooperativas eficientes na catação do lixo em locais designados para isso.

Pense um pouco sobre isso! Na tua casa, alguém se preocupa em separar o lixo adequadamente? No teu condomínio tem containers adequados para isso? E a prefeitura - acontece em Pelotas - quando recolhe coloca tudo junto, eliminando todo teu trabalho? Ou é como Porto Alegre, que tem um estranho calendário de recolhimento do lixo limpo? O problema é complexo mas tem soluções. E todas dependem da prefeitura para ter sucesso. De nada adianta não usar sacolas plásticas, separar o lixo e tudo mais, se não tivermos uma política correta para a destinação do lixo. E um controle ferrenho de quem mete a mão nele (não, o PoPa não está falando de políticos!), impedindo a existência de catadores avulsos. De quebra, isso tiraria as carroças de Porto Alegre. Problema social? Não, se o lixo fosse destinado a instalações adequadas, onde este pessoal poderia trabalhar e tirar seu sustento, em condições menos insalubres.

Antes de orgulhar-se de usar sacolas retornáveis, faça seu prefeito trabalhar decentemente!

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