Muito se fala em favor da água, do uso adequado e do combate ao disperdício. Correto, mas pouco se fala do que realmente precisamos fazer para que continuamos a viver em paz com a natureza e consumindo seus recursos. Afinal, sem consumir estes recursos, todos morreremos.
A água doce é uma porção mínima da água que existe no Planeta. A grande parte das águas está nos oceanos, devidamente salgada. Mas o que muitos não percebem, é que o estoque que interessa à humanidade, constantemente flui para os oceanos. Como diz o poema, as águas correm para o mar. Inevitável e infalivelmente. E, ao chegar ao mar, deixam de ser doces, deixam de ser passíveis de aproveitamento para o homem e sua agropecuária (bem, pelo menos, não de forma economicamente viável).
Então, é preciso que o homem atrase o mais que puder este caminho inexorável das águas em direção ao leito salgado dos mares (ei, PoPa também é poesia!) e isso só pode ser feito com o armazenamento das águas em açudes, barragens e coisas do gênero. Até mesmo em águas percoladas que irão alimentar aquíferos importantes. E também não devemos emporcalhar as águas nesta viagem em direção aos mares, possibilitando que comunidades rio abaixo tenham acesso à água limpa.
E temos dificuldades de toda ordem. Em Bagé, por exemplo, o abastecimento é feito apenas por barragens, já que não existem rios naquela região. E as barragens - todos sabem - são insuficientes para atender à demanda da cidade quando ocorrem as frequentes estiagens. A solução óbvia, é a contrução de novas barragens, porque existe um regime de chuvas importante mas mal distribuído ao longo do ano. Mas isso não se faz, talvez porque seja interessante colocar-se o município em estado de calamidade praticamente todos os anos.
Em Rio Grande, não há crise no abastecimento de água, apesar da cidade estar cercada pelo mar. E o que acontece? Existe algum poço na região para este abastecimento? Não, e seria bem complicado, já que o lençol freático é salobre. O que existe é um canal de 60km, trazendo água da barragem do canal do São Gonçalo. Água que nunca saliniza porque a barragem eclusa deste canal impede a passagem eventual da água salgada que entra na Lagoa dos Patos.
E Pelotas, que fica ao lado desta barragem? Tem seu abastecimento em uma barragem comum, que também sofre os efeitos de estiagem - este ano já temos um decreto de emergência pelo baixo nível da dita cuja. Um investimento de uns US$8 milhões traria água já tratada do canal do São Gonçalo e colocaria na rede de abastecimento de Pelotas. Menos de oito quilometros! Investimento que já incluiria o tratamento da água na própria área de captação. Vejam a situação, parcos leitores do PoPa: Rio Grande pega sua água a oito quilometros do centro de Pelotas, enquanto minha abnegada cidade enfrenta crises de abastecimento por falta d´água!!! Irônico...
Então, campanhas do tipo "faça pipi no chuveiro" não dizem absolutamente nada a ninguém. Precisamos, isso sim, conscientizar os grandes consumidores a não emporcalharem a água. Precisamos conscientizar as prefeituras a agir com firmeza aos que fizerem isso, eliminando-os do processo de produção ou forçando sua adequação a um uso racional - limpo - da água. Também aqui em Pelotas, temos um canal, gentilmente apelidado de "torpedão", que é um esgoto industrial onde se colocam detritos os mais variados, inclusive combustíveis. Há alguns anos, pegou fogo e até a rodoviária foi interditada por alguns dias, em função da fumaça. Mudou alguma coisa? Não, a empresa responsável não foi multada e continuou seu "trabalho".
3 comentários:
Quem tem filhos ou netos tem que prestar atenção nas bobagens que ensinam para a garotada. A água é um dos temas preferidos. Meu neto, muito espertamente, não quer tomar banho para poupar árvores (não entendi bem a lógica mas ele aprendeu no colégio)
Graças a Deus alguém falou algo útil! Detestava aquela propaganda ridícula que aconselhava mijar no chuveiro para salvar a natureza! Sabe, o que eu acho? Que as pessoas não tem mais senso crítico, elas engolem qualquer baboseira do tipo politicamente correta. Depois o Chavez diz que o capitalismo acabou com a vida em Marte e a patuléia bate palmas.
Nem diria que o enfoque dado ao assunto água seja exagerado. O problema é que o foco está completamente fora do alvo correto. Tens razão, anônimo, o politicamente correto é a praga do século e, em nome dele, se diz as maiores barbaridades e o povo engole sem criticar! Afinal, todos queremos um planeta melhor para nossos filhos e netos. Mas queremos eles de banho tomado... hehehe
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