segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Aborto e religião

O PoPa acha que esta discussão não tem absolutamente nada a ver com religião. Pessoas que são contra o aborto apenas porque sua religião diz ser contra, são meros fantoches das idéias e convicções de outros. Pessoas que são favoráveis porque sua orientação políticamente correta informa que a mulher é dona de seu corpo e pode fazer qualquer coisa com ele, também são hipócritas, pois isso não é um fato real e nem sequer legal. Afinal, isso equivaleria a ser liberado o uso de drogas, automedicação, suicídio e outras coisas do gênero.

O PoPa é um neoateu, pois foi católico boa parte de sua vida. Mas isso não significa que dê menos valor à vida que um cristão. Pelo contrário! Por não acreditar em vida após a morte, é que valoriza ainda mais a vida antes da morte...

No Brasil dos dias atuais, onde o povo não abomina um presidente que apóia ditaduras mundo afora, onde ainda temos pessoas sem direito à vida digna, com água potável e esgoto tratado, pelo menos. Onde políticos ficam ricos em poucos anos. Onde a impunidade é a regra e não a excessão. Neste Brasil, parece óbvio que as pessoas considerem o aborto uma simples opção da mulher, como se tratasse de trocar uma roupa, a cor do cabelo ou algo assim.

O PoPa tem uma proposta para a descriminação do aborto: que as mulheres tenham uma opção de fazê-lo legalmente e às custas do Estado e, em troca, seriam - ela e o pai, caso conhecido - esterelizados para não ter outros problemas similares (futuros abortos). Se quiserem filhos mais tarde, que os adotem, após passarem pelo crivo de especialistas para saber se apresentam condições de criá-los. Simples e factível. E uma condenação bem mais leve que a prisão.

6 comentários:

Anônimo disse...

Já passaste por um aborto ?
Sabes do que se trata ?
Me parece que o PoPa discorda da "mulher ser dona de seu corpo", que é um slogan, parte correto, parte incorreto, mas ainda quer castigá-la de alguma forma, para que se arrependa e ainda por cima interferindo no corpo dos outros.
"Deixa aqui comigo tua fertilidade, eu que sou o Estado paternal e poderoso Leviatã decidi que a usas mal."
Todo poder ao Estado autoritário, vingador, o todo-poderoso.
Vão continuar as mulheres a procurar as os "curetinhas-de-ouro" ou as aborteiras e morrer para não se submeter à multa que imaginas.
Um mundo superlotado vai ter de continuar recebendo crianças não desejadas e perdendo pessoas em idade produtiva por um costume medieval.
Pela descrição, até lembra os costumes muçulmanos, não ?
"Que se apedreje pai e mãe abortistas."
Pena de dilapidação.
Dilapidação das funções orgânicas.

PoPa disse...

Caro anônimo, felizmente nunca passei por um aborto, mas sei do que trata, obviamente.

Todavia, há que ter, sim, uma punição para quem fizer isto, pois está simplesmente matando o próprio filho.

Existem métodos contraceptivos baratos, simples e ao alcance de todos. Porque usar o aborto como forma de contracepção? Isso, sem levar em conta que toda a sociedade estará pagando por isso, quem sabe deixando de ter recursos para auxiliar doenças reais?

Pense no que esta mulher vai passar pelo resto da vida, pensando no filho que não teve? Não é qualquer um que tem suporte emocional para isto.

Não é, com efeito, uma escolha simples, que se resolva com uma lei. A sociedade precisa estar preparada para isto. E a nossa não está...

Luciana Carvalho disse...

Acho um tanto radical pensar em esterilização. Todo mundo merece outra chance, repensar as decisões, enfim. Mas, antes de tudo, por ser contra a legalização do aborto, assim como você, entendo que o caminho para evitar essa prática de modo indiscriminado, como se fosse um anticoncepcional, é uma educação sexual que envolva uma política de planejamento familiar.

PoPa disse...

Cara Luciana, o ato de abortar deve deixar marcas muito profundas em quem o faz. Não pode ser tratado como um simples procedimento de saúde pública onde se faça e pronto. Tem que ter a preparação prévia da mulher, como se faz com casais que querem adotar. Mostrar as implicações que isto terá para sua vida toda, quais as reações psíquicas posteriores e tudo mais. É algo do qual ela não poderá se arrepender mais tarde. Quem sabe, permitir a adoção da criança?

Não conheço - ou não sei - de nenhuma mulher que tenha feito aborto. Mas conheço algumas que pensaram nisso e tiveram seus filhos. E são felizes com esta decisão. Seriam igualmente felizes, caso tivessem optado, no calor do momento, por um aborto?

Anônimo disse...

PoPa, não mistura alhos com bugalhos.
Não confunde o plano moral do indivíduo com a administração burocrática da sociedade.
Para a saúde é um procedimento, para o médico, a enfermeira, para o burocrata é um procedimento. Que nem arrancar dente.
Para a mulher é algo gravíssimo, que ela vai carregar para toda a vida. Para a mulher é o filho dela.
Queres te meter no íntimo das pessoas, dar lição de moral para quem não conheces, presumes que quem faz aborto é leviano, descuidado mais do que devia. Presumes que as pessoas devem ser sobre-humanas, não tem o direito a uma via de retomada depois de fazer uma mancada.
Para o burocrata da saúde, se ele não disponibilizar "aborto" nas opções de atendimento, ele não vai conseguir elevar os indicadores de saúde e baixar os de mortalidade.
E outra: possivelmente conheces que fez aborto, só não te disseram.

PoPa disse...

Caro Anônimo, precisamos misturar o plano moral do indivíduo com a adminsitração burocrática. É obrigação do Estado ter cuidado com seus cidadãos e isso se faz com uma saúde pública adequada. Aborto é coisa séria, para quem o faz, talvez não tanto para quem proporciona e nisso concordo contigo. Não é a intenção dar lição de moral a ninguém, apenas colocar uma opinião séria a respeito de um assunto sério. Não há a presunção de que quem o faz é leviano, mas sim que não está em condições de ver todas as opções e implicações de seu ato. Tu mesmo falas em retomar depois de uma mancada. Admites que é um erro cometido - seja ele o sexo inseguro, seja ele o aborto em si. E, claro, devo conhecer alguma mulher que tenha feito aborto, já que estou com 61 anos, como disse, não sei. E, com certeza, não julgaria a mulher que fizesse isso, não cortaria relações e não teceria críticas a sua decisão, depois do fato. Antes, no entanto, tentaria convencê-la do contrário.