quarta-feira, 27 de agosto de 2008

In vino veritas (???)

O PoPa chegou a pensar em aposentar este blog. Nada do que se diz aqui faz qualquer diferença. Aliás, sequer é lido por mais que dez pessoas!

Mas não deixa de ser uma terapia, também, expor algumas idéias e tentar entender o "serumano" e a história "dessepaís".

Safados existem em qualquer lugar e em qualquer setor. O PoPa descobriu que existem produtos que se fazem passar por vinhos ou compostos de vinhos, que não têm absolutamente nada de vinho, uva ou algo sequer similar. São os "coquetéis", as "sangrias" os "vinhos para sagu"... pura química de corantes artificiais, sabor e aroma artificiais, álcool de cana e água. E apresentam-se em garrafas iguais às de vinho, com rótulos que lembram rótulos de vinho. E com preço para brigar no mercado com as cachaças mais vagabundas.

O PoPa assistiu uma palestra sobre o assunto, em um seminário de vitivinicultura. E perguntou-se o que pode prejudicar o mercado de vinho, se quem bebe vinho não chega nem perto de uma destas garrafas? Mas este produto, de péssima qualidade, pode levar problemas sérios para seus consumidores. E pode ficar a imagem que ele está com estes problemas, por causa do "vinho"...

O que diz a legislação que regulamenta estas barbaridades?

“A sangria deve conter, no mínimo, 50% de vinho de mesa e, no mínimo, 10% de suco natural de uma ou mais frutas cítricas, podendo ser adicionada de outras bebidas alcoólicas em quantidade não superior a 10% do volume total.”

“O Coquetel de Vinho ou Bebida Alcoólica Mista de Vinho deverá conter, no mínimo, 50% de vinho de mesa e, no mínimo, 10% de suco natural de frutas, exceto de uva. (...) As bebidas alcoólicas utilizadas na elaboração (...) não poderão ser aquelas derivadas da uva ou do vinho.”

Um trabalho do Inmetro, que avaliou nove das mais vendidas marcas deste tipo de "bebida", chegou a conclusão que, das 09 marcas analisadas de sangrias e coquetéis de vinho, 07 tiveram amostras consideradas não conformes por não atenderem à legislação. Ou seja, não continham a quantidade que deveriam conter de vinho, não tinham o suco natural de frutas, tinham conservantes em excesso e água demais.

E como a empresa "A" se defendeu da análise do Inmetro? Vejam que preciosidade jurídica:

“(...) Sem dúvida que o trabalho do Inmetro, em todo território nacional, deve ser enaltecido, por defender o consumidor, que mais consciente, conforme Vossa Senhoria afirmou, ele se “torna um indutor de qualidade e contribui para o aumento da competitividade da indústria nacional”. Contudo, em se fazendo a defesa do consumidor, o Inmetro não pode prejudicar a indústria, como no caso que se apresenta, pertinente ao Certificado de Análise n.º 01282/06, porque: O Inmetro não analisou o produto conforme as especificações estabelecidas segundo o seu registro aprovado pelo Ministério da Agricultura e mantido pelo MANDADO DE SEGURANÇA N.º 10.579 perante o Superior Tribunal de Justiça. Desta forma, a empresa A contesta o aludido Certificado de Análise, porque o produto se encontra perfeitamente dentro do padrão de qualidade e identidade para ele estabelecido.

Ou seja, além da legislação ser bastante benevolente com os que fazem bebidas que se passam por vinho, ainda entram na justiça para ter direito de fazer ainda pior!!!

Às alegações dos fabricantes, o Inmetro enfatiza: O rótulo da amostra analisada informa que sua composição Coquetel de vinho tinto suave, com fermentado de maçã e suco de uva”, dando a entender, para o consumidor, que essas matérias–primas compõem a maior parte do produto. No entanto, as análises realizadas em laboratório demonstraram que a amostra ensaiada não continha a quantidade mínima de vinho e era composto, em sua maior, parte, por água, o que está em desacordo com o art. 31 do Código de Proteção e Defesa do Consumidor. O CDC diz que os fabricantes têm que ser claros na oferta de seus produtos. O consumidor precisa saber o que está comprando!

Vinho falso! Mais ou menos como temos tantos falsos democratas por aqui... E, tanto estes como aqueles, fazem muito mal à parca saúde dos brasileiros em geral.

7 comentários:

Costela Gorda disse...

Bom dia, Popa. Tudo bem que cerca de dez pessoas lêem diariamente este blog. Eu, por exemplo, o descobri terça-feira. Boa leitura, assuntos interessantes, enfim.

Peço a você que não desanime. Não tire o blog do ar. O Pampa, assim como Pelotas, precisam urgentemente de canais de comunicação que falem - e pensem - diferente da voz uníssona que domina a pura falta de comunicação em Pelotas.

Obrigado pelo espaço e vida longa ao blog.

Um abraço.

Anônimo disse...

Eu leio o PoPa! é um dos sites que ficam na barrinha de atalhos rápidos do firefox.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Popa, não inventa de aposentar o Blog. Como diz um amigo meu, a vida é muito curta para ficar tomando vinho ruim.

nedelande disse...

O Popa está fazendo charm, claro que não vai aposentar o blog. Mas voltando ao assunto - enganar o consumidor - o pessoal que vende sucos de frutas tem um lance muito bom para nos enganar. Existe uma legislação para o suco, tudo bem, mas eles nos vendem um negócio que, pelo nome, parece que é ainda melhor, mas é uma solene mistura de água com açúcar e um pouco de suco de frutas, o tal néctar de frutas.

Anônimo disse...

Ahhh... Deixe de viadagem, cara! Esses coquetéis são ótimos e dão ótimos drinks. Assim como vinhos "simples". Mas que viadagem...

Anônimo disse...

E outra: vá se foder. Coquetél Cantina Rio Bonito é uma das melhores bebidas já feitas. Barata e boa.

Mas que viadagem a sua, hein, vagabundo?!

Anônimo disse...

Caro Heber, cada um bebe o que gosta. O que eu acho que está errado é enganar o consumidor, com subterfúgios que iludem, fazendo-o pensar que está bebendo uma coisa e o produto é outro. além disso, a química envolvida não é exatamente saudável.
Bem vindo, mas viadagem é a pqp