Semana passada, em uma feira no interior do RS, o PoPa encontrou-se com alguns prefeitos da Metade Sul. Um deles declarou que, em seu primeiro mandato, teve duas propriedades em seu município compradas pelo INCRA para fazer reforma agrária. Até aí, nada de mais, mas este prefeito colocou uma condição para o então responsável pelo GRAC - Gabinete da Reforma Agrária e do Cooperativismo - do governo gaúcho: uma das áreas teria que ser destinada a pessoas do seu município. Frisson no governo! Não, o INCRA não aceitaria isto! Pois o prefeito insistiu e disse que sua prefeitura nada faria para auxiliar o INCRA caso esta demanda não fosse aceita. Depois de muita negociação, finalmente conseguiu o que queria.
Rara e única, esta iniciativa deu tão certo que atualmente, é um dos assentamentos de maior sucesso na região. A outra área? Bem, mais de metade dos assentados originais já "deu no pé" e, provavelmente, estão em algum acampamento em beira de estrada. As áreas foram vendidas para outros nativos e parece que começa a dar certo, também...
O PoPa tenta entender qual o real interesse de mandar pessoas de outras regiões para assentamentos na Metade Sul. Não são produtores rurais que estão trazendo novas tecnologias para cá. Não são especialistas em nenhum tipo de produção, desconhecida por aqui. São pessoas desempregadas, na maioria das vezes, alistadas nos bolsões de miséria das cidades da metade norte do Estado. Se querem reduzir a pobreza na parte rica do Estado, estão fazendo um péssimo trabalho com esta transferência.
Mostrando postagens com marcador reforma agrária. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador reforma agrária. Mostrar todas as postagens
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
sábado, 31 de março de 2007
Reforma Agrária - o que seria isto, realmente?

Um dos alvos prioritários do MST, aqui na Metade Sul, tem sido a Fazenda Southal, em São Gabriel. Improdutiva e com dívidas, seria a área ideal para fazer assentamentos produtivos. Mas o que aconteceu recentemente, coloca em dúvida as reais intenções dos fazedores de reforma que têm passado pelo Governo Federal: a fazenda, segundo peritos nomeados pela Justiça Federal, é produtiva... O INCRA, imediatamente, afirmou que, mesmo sendo produtiva, não estaria cumprindo sua função social, pois, segundo o superintendente do instituto, Mozart Dziedrichi, há utilização de áreas de preservação permanente no local.
Um momento... eles diziam que era improdutiva e isto deve implicar em não utilização das suas áreas para produção agropecuária. Agora, dizem que até mesmo as áreas de preservação estariam sendo utilizadas? Decidam-se!!!
Para registro: áreas de preservação permanente podem ser utilizadas economicamente, desde que não sejam descaracterizadas e aí entra a pastagem nativa, para a produção de carne. As áreas do Pampa devem ser tratadas de maneira muito delicada, realmente. É um sistema frágil, com solo raso e muito sujeito à erosão laminar, em função dos ventos. Esta seria a origem dos desertos do Alegrete, inclusive. Meter um arado nestas áreas, pode ser muito perigoso.
Mas o que mais me inquieta é a origem das famílias que, sistematicamente, têm sido assentadas na Metade Sul. Não são filhos dos colonos que existem aos milhares em nossa região. Não são oriundos da maior concentração de minifúndios da América Latina, que é a região de Canguçú, São Lourenço e interior de Pelotas. Não são colonos calejados e conhecedores do solo e do clima da região, como os de Colônia Nova, em Aceguá, área extremamente produtiva, sem apoio oficial. E os assentamentos que se instalaram por aqui não são mais produtivos que a fazenda Southal. Aliás, muito menos.
Enquanto temos dificuldades enormes de infra-estrutura social na região, agravamos nossos problemas com a importação de pseudo-produtores de outras áreas do Estado. Gente que, enganados com a promessa de uma nova vida, engrossam a fileira dos pobres daqui.
Em tempo: não defendo o latifundiário Southal, cuja dívida com o sistema financeiro seria maior que o valor de suas terras, mas um sistema de reforma agrária sério, que levasse em consideração a produção de alimentos, a dignidade do produtor e a paz no campo e não apenas divulgar o número de famílias assentadas (alguém já viu a divulgação de quantos permaneceram nos seus lotes?).
Uma reforma agrária com filhos de produtores que também precisam de apoio.
Uma reforma agrária com produtores que já estão no campo, mas que não têm condições ideais de produzir para seu próprio sustento e menos ainda para a sociedade.
Uma reforma agrária que não discriminasse os assentados que fizessem agricultura de longo prazo, plantando árvores - O INCRA ameaçou os produtores que estavam plantando eucaliptos com a perda de seus lotes, e a turba do MST arrasou com as pequenas árvores aos gritos de "morre bebedor de água"! Interessante notar que os lotes onde os eucalíptos eram maiores (exigiria o uso de machados e algum esforço físico) não foram depredados...
Imagem: Sachola (enxada) - Instrumento primordial para todo o trabalho manual da terra, como a mobilização, abertura de regos, corte de mato, etc. Foi sendo substítuida por máquinas que aproveitam a força dos animais para realizar as tarefas.
Assinar:
Comentários (Atom)