sexta-feira, 2 de maio de 2008

Nem tudo é Pampa

A Metade Sul do RS é pouco conhecida pela maioria dos gaúchos, principalmente aquela estreita faixa de terra que fica espremida entre o mar e a Lagoa dos Patos. Lá, isolados do mundo pela precariedade da infraestrutura, vivem muitos gaúchos. Para se ter acesso a esta região, somente através da "estrada do inferno" ou das balsas que partem de Rio Grande. Mas vale a pena o esforço de conhecer este pedaço de Rio Grande! A foto acima, é de um trecho próximo da Lagoa do Peixe, em Tavares.

Aternativamente à "estrada do inferno", pode-se curtir esta região viajando pela orla marítima. Muitos restos de embarcações podem ser vistos por ali, demonstrando que esta não é uma costa pacífica, apesar da aparente mansidão do mar.

Infelizmente, também é comum encontrar animais marinhos mortos por barcos pesqueiros (vejam na foto ao lado o quão perto eles chegam da margem - o que é proibido), como tartarugas marinhas, baleias e golfinhos. Estes animais causam estragos nas redes e são abatidos a marretadas...

Vejam na foto abaixo, uma tartaruga marinha adulta. Como estava muito próxima do local onde os barcos pesqueiros catarinenses costumam estar, provavelmente foi abatida por um deles. Um magnífico animal. Este tipo de ação, muito mais danosa que o plantio tecnicamente correto de eucaliptos, não consegue ser controlado, pois a patrulha ambiental não dispõe de recursos suficientes para tanto.
As fotos acima foram tiradas pelo PoPa em 2005. O PoPa esteve lá outras vezes e, em 2004, ouviu alguns pescadores residentes na Lagoa do Peixe. Foi um ano de grande estiagem e a lagoa estava secando. Fiscais do Ibama permaneceram no local impedindo que os pescadores pescassem seu camarão antes do período ditado pelas regras escritas - mas que nada tem a ver com a realidade. Esperaram até a lagoa secar completamente, matando - obviamente - todos os peixes e crustáceos que lá se encontravam. E foram embora em suas LX200, deixando a pobreza por conta de quem sempre viveu por ali... A imagem abaixo não é de um deserto, mas da Lagoa do Peixe, totalmente seca. Uma das ações sugeridas pelos pescadores e que teria viabilidade técnica e apoio de arrozeiros locais, seria bombear água do mar para dentro da lagoa. Isto foi impedido pelos bioburocratas, alegando que iria chover...

A Lagoa do Peixe, na verdade, é um grande "banhado" de água salgada. Durante o inverno, a água do mar entra na lagoa, trazendo nutrientes, peixes, alevinos e larvas de camarão e outros crustáceos. Esta lagoa não passa de 50cm de profundidade, o que mantém as águas quentes durante o verão. Depois, eventualmente, esta ligação com o mar pode ser cortada e a Lagoa pode até secar, como aconteceu naquele ano. É um ponto importante no trajeto das aves migratórias que fazem um festival todos os anos. Mas estes pescadores sempre viveram por ali, respeitando a "sua" lagoa. Ocorre que muitas empresas de peixes vinham com caminhões e pescavam o que queriam. Isto, claro, tinha que ser contido, mas os locais?

Imagens: acervo pessoal do PoPa. Usem, mas citem a fonte

2 comentários:

Ricardo Rayol disse...

falou tudo bio burocratas, me espanta a gauchada não ter dado uma corrida nos caras.

Letícia Losekann Coelho disse...

adoro a metade sul do Estado Popa! Bom tu escrever sobre ela no blog!! Voltei querido!!
beijos meus