segunda-feira, 7 de maio de 2007

O PAMPA E O INCRA II

Na publicação anterior falamos da preservação do pampa unicamente do ponto de vista ambiental sem levar em conta o ponto de vista econômico. É possível desenvolver qualquer proposta sem levar em consideração o ponto de vista econômico? Eu acho muito dificil.
Então cabe perguntar se existe viabilidade econômica da produção pecuária consideradas as baixas lotações que o pampa permite? Vamos supor, apenas supor, que os indices de lotação passem a ser determinados pela EMBRAPA, utilizando portanto critérios técnicos. O produtor não precisa mais se preocupar com o INCRA, com invasões, com desapropriação. Mesmo neste cenário idealizado, se considerado o preço do boi vivo, a atividade ainda continua sem viabilidade econômica.
Quais seriam as sugestões?

Sugestão 1
O Governo do Estado criaria o Fundo de Preservação do Pampa o qual subsidiaria os pecuaristas que atendessem as recomendações da EMBRAPA. Este fundo poderia ser formado com recursos do próprio estado e com recursos internacionais oriundos de governos e ONGS que tenham interesse na preservação do pampa.

Sugestão 2
Permitir que, dentro de limites estabelecidos por lei e mediante projetos elaborados por técnicos com formação agronômica e/ou veterinária, com experiência no sistema de exploração pecuário do pampa, fossem admitidas alterações das pastagens naturais ou a implantação de outras explorações. Nestes casos se incluiriam a formação de pastagens cultivadas e florestamento.

Sugestão 3
Aproveitando a condição única do pampa, de ter gado de origem européia em pastagem nativa, criar um sistema de certificação de produto que estabeleça para o consumidor a qualidade única da carne do pampa. Neste caso a presença do governo na divulgação deste produto é fundamental.

Fico nestas três sugestões mas evidentemente existe um espaço enorme para serem apresentadas outras sugestões viáveis. Porem para qualquer proposta ser viável há necessidade de tranquilidade no campo. Segurança para o empreendedor. Aliás nada diferente de qualquer outro empreendimento.

Até a próxima postagem.

4 comentários:

Anônimo disse...

Com relação a sugestão 1 achei interessante porque devem existir ONGs que tenham interesse na preservação do pampa, sua flora e fauna. Agora mesmo descobriu-se em Alegrete a presença de uma espécie desconhecida do tuco-tuco que é um roedor normalmente encontrado na Lagoa do Peixe e que corre perigo de extinção. A UFRGS tem um projeto específico para pesquisa do tuco-tuco com financiamento da Fundação O Boticário de Proteção a Natureza, mais CAPES E CNPQ.
O site do projeto é www.ufrgs.br/projetotucotuco .

Carlos Silva disse...

Há uma espécie em extinção no Pampa: o ser humano! exportamos o que temos de melhor, por absoluta falta de oportunidades de trabalho.

Diz-se que a culpa é dos latifúndios, mas esta explicação já não mais convence quem conhece a realidade local.

Diz-se que não há emprendedorismo na região, mas como explicar o sucesso de tantos que saem de lá para tentar a sorte em outro pagos?

A explicação, não tão obvia, pode ser que não tenhamos nada para oferecer aos que nascem por aqui, forçando-os a procurarem a sobrevivência fora da região. Somos exportadores de cérebros! E, quando aparece alguma coisa interessante, as cabeças privilegiadas de Porto Alegre, em uníssono, bradam contra. E as nossas, permanecem caladas...

Anônimo disse...

Caro Buggyman não concordo que seja uma posição de Porto Alegre contra a Metade Sul, até porque boa parte dos portoalegrenses de hoje, como eu, são da Metade Sul. É a velha intelectualidade de esquerda, com dificuldade de encontrar bandeiras, que escolheu os eucaliptos apenas pelo fato de no epicentro do projeto estarem tres grandes empresas. Ontem foi a Ford que eles conseguiram mandar para a Bahia agora são a Votorantin e as outras que eles querem mandar para o Uruguai.

Carlos Silva disse...

Não gostaria de pensar assim, mas realmente acho que há um grande preconceito contra a região nos escalões inferiores do Governo do Estado. A idéia de que a Metade Sul é pobre, desleixada e cheia de latifundiários, está arraigada no seio dos burocratas. E o pior, a própria região começou a pensar assim, de uns tempos para cá. O marasmo somente poderá ser quebrado por ações externas, como os investimentos das papeleiras. A Ford já foi, vamos ficar quietos, enquanto mandam o equivalente a mais de quatro montadoras?