DENYSE GODOY
da Folha de S. Paulo, em Nova York
Enquanto políticos e artistas surfam na onda verde, o jornalista americano John Berlau é voz dissonante. "Só quero trazer um pouco de razão para o debate", diz, "o ambientalismo é abraçado quase como uma religião."
Em 2006 ele lançou nos EUA o livro "Eco-Freaks: Environmentalism is Hazardous to Your Health!" (ecoloucos: o ambientalismo é perigoso para sua saúde)", no qual critica exageros, classifica como equivocadas algumas bandeiras levantadas pelos ecologistas e os seus métodos. Leia a seguir trechos da entrevista que concedeu à Folha.
Folha - Como surgiu a idéia de escrever esse livro?
John Berlau - Da tristeza que senti ao observar a destruição e o sofrimento causados pelo furacão Katrina em Nova Orleans em 2005. Fiquei chocado ao saber que, por causa dos ambientalistas, o governo foi impedido de construir barragens que poderiam ter controlado um pouco o fluxo de água e diminuído o impacto sobre a cidade. O movimento defende algumas causas erradas e o resultado para a vida humana é pior do que os riscos ecológicos alegados.
Folha - O senhor pode dar mais algum exemplo?
Berlau - A histeria em relação ao [pesticida agrícola] DDT, que causou um gravíssimo problema de saúde pública. O produto foi banido como poluente --embora muitos dos seus efeitos adversos nunca tenham sido comprovados--, mas poucos sabem que ele tem o seu mérito em matar mosquitos que transmitem doenças. A Academia Nacional de Ciência deu a ele o crédito por salvar 500 milhões de vidas entre 1940 e 1970. Agora, diante do grande aumento da malária na África, os especialistas já começam a defender a pulverização controlada do DDT no continente.
Folha - E de onde vêm as interpretações distorcidas do assunto?
Berlau - Creio que, em grande parte, da visão idealizada de que a natureza sempre foi bondosa para com a raça humana e que é a intervenção do homem a explicação para as mudanças no ambiente. Isso não é verdade. A natureza, por milhões de anos, trouxe inundações, doenças e outras formas de devastação. Atualmente, para evitar que o homem acabe com o mundo, estamos eliminando as proteções que nossos ancestrais criaram contra a ira da natureza.
3 comentários:
O DDT é um organo-clorado que se acumula no organismo e não sai nunca mais. Mas é bom ter alguém defendendo o indefensável, para comparar com os que defendem o meio-ambiente como religião, sem considerar mais nada, nem a sobrevivência do homem...
De mais a mais, nas trincheiras da segunda guerra, o DDT salvou muitas vidas, realmente. Mas acho que atualmente já existem maneiras de combater mosquitos bem menos agressivas (e muito mais caras...)
Nem tanto ao mar nem tanto a terra. A posição apresentada pelo Berlau, para mim, é tão absurda quanto a dos neo-ecologistas. Mas, de certa forma, os dois grupos tem pontos de contato. Isto acontece quando desconhecem a evolução do homem. Berlau, por exemplo, volta ao DDT, que foi de extrema importância num determinado período da humanidade, apesar de todos os seus perigos mas que hoje tem substitutos menos tóxicos criados pelo homem. Por favor, mais ciência e menos fanatismo. De ambos os lados
A entrevista dele ficaria no ponto, se ele não tivesse falado no DDT. Só faltou dizer que deveriam combater os piolhos das crianças pobres com BHC (o famoso "pó de gafanhoto")!
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