domingo, 6 de maio de 2007
Chafarizes
Pelotas tem três chafarizes fantásticos. Vieram da França em meados do século XIX para funcionarem como o primeiro sistema de abastecimento de água da população pelotense. Eram quatro, mas um, que estaria em frente à Catedral, desapareceu, misteriosamente.
Bem, não estou pretendendo ensinar nada sobre a história pelotense, mas apenas fazer um registro mais que necessário para que se entenda um pouco a mentalidade do povo da Metade Sul. Parece que apenas a Fonte das Nereidas, que está na Praça Coronel Pedro Osório está em seu local original. Os outros dois já foram remanejados algumas vezes estando a fonte das três meninas (acho que tem um menino ali no meio, mas isso não é assunto para se discutir em Pelotas) no calçadão central.
Um prefeito municipal, ao realizar obras na praia do Laranjal, tentou levar um dos chafarizes para a orla da Lagoa dos Patos. Em lugar de grande movimentação, esta peça de ferro fundido teria o destaque e a segurança merecidos. Pois houve praticamente um levante popular para que o chafariz permanecesse onde está, em uma praça abandonada, perigosa e desleixada, servindo de abrigo a desocupados, traficantes e prostitutas. A intenção de quem defendia a permanência do chafariz no local era preservar a história, como se ali algo houvesse para ser preservado. Faltou pulso ao prefeito e o chafariz ficou na "Praça dos Enforcados".
Por que estou escrevendo sobre este chafariz? Porque esta semana ele sofreu um atentado de vândalos que praticamente o destruiu. Peças enormes foram quebradas e furtadas, o restante pixado. Talvez não seja possível sua recuperação (pelo menos não com as finanças da prefeitura do jeito que estão). As mesmas vozes que se ergueram para impedir que ele fosse para um lugar mais seguro e visível nada fizeram para protegê-lo.
Assim são muitos dos assuntos da Metade Sul. Se há a possibilidade de qualquer alteração no status quo, as primeiras vozes que se ouvem são contrárias, mesmo que carregadas de boas intenções. E faltam vozes ponderadas para levar a razão aos conservadores. O pior, é que as novas gerações estão impregnadas deste conservadorismo, mesmo que não se dêem conta disso.
Imagem: Fonte das Nereidas desenhada por Samanta Flôor
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4 comentários:
Gostei do comentário e, principalmente, do desenho da Samanta. E viajei no tempo. Lá pelo final da década de 50 ou inicio da de 60, quando ainda estava em Pelotas, junto com outro amigo resolvemos defender a retirada dos jacarandás da Rua Osório. Os jacarandás estavam praticamente secos mas os mesmos conservadores do teu artigo os defendiam com unhas e dentes. Quando preparamos um artigo sobre o assunto para o jornal local - O Diário Popular- o artigo foi recusado porque não atendia a "linha editorial" do mesmo. Mas, com aquela persistência da juventude, acabamos conseguindo publicar uma série de três artigos num jornalzinho de distribuição gratuita nos cinemas. Claro que a opinião de dois guris não contava. Muito tempo depois volto a Pelotas e encontro a rua Osório como uma das grandes vias da cidade. Um dia destes num bate papo com este meu amigo rediscutimos nossa posição. Depois de bastante conversa e algum chopp concluimos que nossa posição fora acertada. Há muita coisa a ser preservada em Pelotas mas isto tem que ser feito com inteligência que foi o que faltou no caso do chafariz da Praça dos Enforcados.
E o assunto Banrisul? Vamos nos lembrar que o Banrisul cresceu em cima da liquidação do Banco Pelotense por Getúlio Vargas. O Banco Pelotense era o maior banco do Rio Grande do Sul (ou era o único?). Tirou-se um forte instrumento de desenvolvimento da Metade Sul para criar um banco que tem sido, no mínimo, preguiçoso em financiar o desenvolvimento da região.
A "quebra" do Pelotense foi o início da bancarrota do Pampa. A agência central do Banrisul em Pelotas ainda está no nome do Banco Pelotense... é Mole?
Agora, a indisposição do Banrisul em financiar o desenvolvimento gaúcho é notória pois, como todo banco múltiplo, não quer correr riscos no longo prazo. O mesmo vale para o Banco do Brasil. A pergunta que fica é: público para que?
Muito simples. Como na maioria dos casos para sustentar a corporação.
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