sábado, 31 de março de 2007
“Luta por Soberania Alimentar, Contra o Agronegócio”
Entenderam? Dia 08 de março, houve um dia de luta contra o agronegócio!
Por mais que eu pense, não consigo entender exatamente o que isto quer dizer. Agronegócio é uma definição do que sustenta nossa região. Significa toda a produção ligada à agropecuária, desde serviços até equipamentos, sementes, insumos... Como ser contra isso?
O que está havendo em nossa sociedade, onde as pessoas que produzem são atacadas, discriminadas, hostilizadas? É pecado ter lucro? É crime produzir com técnica e eficiência?
Para saber mais sobre esta bobagem, copia o título e cola no "professor Google". Vai encher sua tela...
Imagem: Don Quixote (Pablo Picasso)
Reforma Agrária - o que seria isto, realmente?
Um dos alvos prioritários do MST, aqui na Metade Sul, tem sido a Fazenda Southal, em São Gabriel. Improdutiva e com dívidas, seria a área ideal para fazer assentamentos produtivos. Mas o que aconteceu recentemente, coloca em dúvida as reais intenções dos fazedores de reforma que têm passado pelo Governo Federal: a fazenda, segundo peritos nomeados pela Justiça Federal, é produtiva... O INCRA, imediatamente, afirmou que, mesmo sendo produtiva, não estaria cumprindo sua função social, pois, segundo o superintendente do instituto, Mozart Dziedrichi, há utilização de áreas de preservação permanente no local.
Um momento... eles diziam que era improdutiva e isto deve implicar em não utilização das suas áreas para produção agropecuária. Agora, dizem que até mesmo as áreas de preservação estariam sendo utilizadas? Decidam-se!!!
Para registro: áreas de preservação permanente podem ser utilizadas economicamente, desde que não sejam descaracterizadas e aí entra a pastagem nativa, para a produção de carne. As áreas do Pampa devem ser tratadas de maneira muito delicada, realmente. É um sistema frágil, com solo raso e muito sujeito à erosão laminar, em função dos ventos. Esta seria a origem dos desertos do Alegrete, inclusive. Meter um arado nestas áreas, pode ser muito perigoso.
Mas o que mais me inquieta é a origem das famílias que, sistematicamente, têm sido assentadas na Metade Sul. Não são filhos dos colonos que existem aos milhares em nossa região. Não são oriundos da maior concentração de minifúndios da América Latina, que é a região de Canguçú, São Lourenço e interior de Pelotas. Não são colonos calejados e conhecedores do solo e do clima da região, como os de Colônia Nova, em Aceguá, área extremamente produtiva, sem apoio oficial. E os assentamentos que se instalaram por aqui não são mais produtivos que a fazenda Southal. Aliás, muito menos.
Enquanto temos dificuldades enormes de infra-estrutura social na região, agravamos nossos problemas com a importação de pseudo-produtores de outras áreas do Estado. Gente que, enganados com a promessa de uma nova vida, engrossam a fileira dos pobres daqui.
Em tempo: não defendo o latifundiário Southal, cuja dívida com o sistema financeiro seria maior que o valor de suas terras, mas um sistema de reforma agrária sério, que levasse em consideração a produção de alimentos, a dignidade do produtor e a paz no campo e não apenas divulgar o número de famílias assentadas (alguém já viu a divulgação de quantos permaneceram nos seus lotes?).
Uma reforma agrária com filhos de produtores que também precisam de apoio.
Uma reforma agrária com produtores que já estão no campo, mas que não têm condições ideais de produzir para seu próprio sustento e menos ainda para a sociedade.
Uma reforma agrária que não discriminasse os assentados que fizessem agricultura de longo prazo, plantando árvores - O INCRA ameaçou os produtores que estavam plantando eucaliptos com a perda de seus lotes, e a turba do MST arrasou com as pequenas árvores aos gritos de "morre bebedor de água"! Interessante notar que os lotes onde os eucalíptos eram maiores (exigiria o uso de machados e algum esforço físico) não foram depredados...
Imagem: Sachola (enxada) - Instrumento primordial para todo o trabalho manual da terra, como a mobilização, abertura de regos, corte de mato, etc. Foi sendo substítuida por máquinas que aproveitam a força dos animais para realizar as tarefas.
sexta-feira, 23 de março de 2007
Pobre Pampa
Em meio à riqueza, o Pampa Brasileiro está se distanciando das áreas mais favorecidas (ou deveria dizer, menos prejudicadas) do Estado do Rio Grande do Sul. Nesta área, estão localizadas riquezas minerais diversas, como carvão, granito, mármore, cobre, titânio e tantas outras. Mas as maiores riquezas são a extensão de terra e a energia solar disponíveis por aqui. Com estas duas fantásticas riquezas, podemos produzir muito, podemos manter nossa gente por aqui mesmo, podemos gerar emprego, renda e, de quebra, proteger o ambiente terrestre.
O Pampa Gaúcho ocupa boa parte da Metade Sul do Estado e tem uma parcela muito pequena da população gaúcha e menor ainda do PIB do Estado. Esta situação gerou uma grave crise que atravessou a metade do século passado e chega ao atual sem solução à vista. Com nosso deserto populacional, não geramos renda suficiente para manter nossos filhos na região, entrando em um círculo vicioso que está sendo alimentado, atualmente, pelo eco-terrorismo.
Uma luz se vislumbrava para ajudar a romper este círculo perverso: a agricultura de médio prazo, com a plantação de eucalíptos. Romperia, pois traria renda aos proprietários rurais. Romperia, porque estes proprietários teriam que contratar pessoas para trabalhar nestas áreas. Romperia, pois técnicos especializados teriam que ser contratados para trabalhar na assistência técnica destas lavouras. Romperia, porque outras atividades agropecuárias surgiriam ou seriam ampliadas no rastro desta. Romperia, pois indústrias seriam instaladas por aqui, com todos os reflexos sociais que trazem as grandes indústrias. Alguns ruins, com certeza, mas com um balanço final extremamente positivo para a região.
De quebra, a produção de eucaliptos para a produção de celulose estaria preservando matas nativas destruídas com este mesmo propósito em algum lugar do mundo. E estaria capturando carbono da atmosfera, ação perseguida mundialmente e que, inclusive, tem valor econômico.
Porque o eco-terrorismo luta contra nossa terra? Porque nenhuma voz se eleva quando se trata de bio-combustível? Plantar cana-de-açúcar, mamona ou sei lá mais o que, para a produção de combustíveis é ecologicamente mais estável que a agricultura de eucaliptos?
Ouvi falar no bioma Pampa. Onde ele está, atualmente? nos desertos do Alegrete? nas pastagens importadas de trevos, azevém, cornichão? Na infeliz e mal-sucedida experiência com o capim Anoni? Nos campos descapitalizados e semi-desertos à espera de desapropriações por serem "improdutivos"? À quem realmente interessa a preservação da pobreza na Metade Sul do Estado?
Os uruguaios devem estar, juntamente com a Bahia, torcendo para que o atraso gaúcho vença mais esta batalha, atraindo as "papeleras" para seu território.
O Pampa Gaúcho ocupa boa parte da Metade Sul do Estado e tem uma parcela muito pequena da população gaúcha e menor ainda do PIB do Estado. Esta situação gerou uma grave crise que atravessou a metade do século passado e chega ao atual sem solução à vista. Com nosso deserto populacional, não geramos renda suficiente para manter nossos filhos na região, entrando em um círculo vicioso que está sendo alimentado, atualmente, pelo eco-terrorismo.
Uma luz se vislumbrava para ajudar a romper este círculo perverso: a agricultura de médio prazo, com a plantação de eucalíptos. Romperia, pois traria renda aos proprietários rurais. Romperia, porque estes proprietários teriam que contratar pessoas para trabalhar nestas áreas. Romperia, pois técnicos especializados teriam que ser contratados para trabalhar na assistência técnica destas lavouras. Romperia, porque outras atividades agropecuárias surgiriam ou seriam ampliadas no rastro desta. Romperia, pois indústrias seriam instaladas por aqui, com todos os reflexos sociais que trazem as grandes indústrias. Alguns ruins, com certeza, mas com um balanço final extremamente positivo para a região.
De quebra, a produção de eucaliptos para a produção de celulose estaria preservando matas nativas destruídas com este mesmo propósito em algum lugar do mundo. E estaria capturando carbono da atmosfera, ação perseguida mundialmente e que, inclusive, tem valor econômico.
Porque o eco-terrorismo luta contra nossa terra? Porque nenhuma voz se eleva quando se trata de bio-combustível? Plantar cana-de-açúcar, mamona ou sei lá mais o que, para a produção de combustíveis é ecologicamente mais estável que a agricultura de eucaliptos?
Ouvi falar no bioma Pampa. Onde ele está, atualmente? nos desertos do Alegrete? nas pastagens importadas de trevos, azevém, cornichão? Na infeliz e mal-sucedida experiência com o capim Anoni? Nos campos descapitalizados e semi-desertos à espera de desapropriações por serem "improdutivos"? À quem realmente interessa a preservação da pobreza na Metade Sul do Estado?
Os uruguaios devem estar, juntamente com a Bahia, torcendo para que o atraso gaúcho vença mais esta batalha, atraindo as "papeleras" para seu território.
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