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segunda-feira, 18 de abril de 2011

China e Zona Franca de Manaus

Por estes dias, o PoPa vem ouvindo muita gente falando sobre o estrago que a China faz na indústria brasileira. São comentaristas, empresários e até políticos. O que eles não falam, no entanto, é que todo o produto que entra no Brasil paga impostos. E paga muito! Nos portos do "Sul Maravilha", não ficam menos de 100% do valor da mercadoria em taxas e impostos. Paga-se até uma tal de taxa de Marinha Mercante, que são 25% do valor do frete, sobre o qual incidem os outros impostos, IPI, II, Cofins, Pis, taxas e mais taxas... Isso deveria equilibrar o valor dos produtos internos? Talvez não, pois temos um custo de produção ainda muito alto, em função de tecnologias inadequadas, custos sobre a folha de pagamento e por aí vai. Mas a diferença não é tão grande assim.

No entanto, ninguém comenta o que entra pela ZFM, que não paga a tal taxa de Marinha, não paga imposto de importação e não paga IPI. O imposto de renda é subsidiado e até mesmo o ICMS tem alguma vantagem dada pelo Estado. Como os índices de nacionalização do que é produzido por lá é ínfimo, temos uma verdadeira bomba no resto da indústria brasileira. Não se produz mais eletrodomésticos nestepaís, as motocicletas são importadas, televisões e muita quinquilharia.

Quando o Brasil vai perceber que incentivar uma região em plena floresta amazônica pode ser feito sem que o custo seja tão alto? Por que pretender que Manaus seja um polo tecnológico de ponta, quando se permite que sejam importados produtos que arrasam com o resto do mercado?

Além disso, há outro componente importante. As empresas lá localizadas não transferem toda a vantagem auferida para o consumidor. As margens de lucro são compatíveis com o mercado consumidor brasileiro, que está acostumado a pagar muito. Portanto, são muito grandes. É só verificar o que custa uma tv grande em um mercado competitivo como o americano. É o preço que deveria estar por aqui, em função das benesses obtidas por estas empresas.

Antes de culparem a China, olhem para nosso próprio território!

quarta-feira, 30 de março de 2011

Zona Franca de Manaus

Há um vídeo na rede que mostra o então Senador Artur Virgílio, denunciando a Dafra Motos como uma empresa que não agregava nada no processo produtivo, na Zona Franca de Manaus, ao contrário de Honda e Yamaha. O PoPa dirigiu-lhe uma mensagem via Twitter: vi um vídeo no YouTube, onde você fala mal da Dafra. Continua com a mesma posição? Ele respondeu, via mensagem privada, dizendo que "não se trata de falar mal, mas de cobrar um processo produtivo que agregue valor tecnológico, nacional, local e de mão de obra. Honda e Yamaha fazem isso, Dafra e outras começaram a fazer. Quero que o Amazonas prospere e ajude o Brasil a crescer também. Forte abraço (nota: traduzido do Twittês para o português).

Bem, acontece que a ZFM tem uma legislação que abrange o tal "processo produtivo básico", onde as empresas iniciam importando praticamente tudo e vão agregando nacionalização aos poucos (muito aos poucos, na verdade!). Honda e Yamaha começaram assim. Suzuki e Dafra estão no caminho e tem algumas que ainda estão no início, como a Traxx, a Amazonas, a HaoBao e tantas outras. O senador sabe bem disso, pois conhece a lei, logo, a crítica deveria ser feita à lei e não à empresa. O PoPa já escreveu que é contra a distinção deferida à ZFM, que impede que outras regiões possam ter industrialização equivalente, em função das vantagens de quem lá está. Motos, para seguir o exemplo do senador, pagam IPI de 25% no restante do Brasil, enquanto lá, são isentas.

A Dafra é uma empresa séria? Não vem ao caso, já que está fazendo uma pressão, juntamente com as outras, para impedir a entrada de novos atores nesta peça. Quer que outros já iniciem com a nacionalização que eles já alcançaram. Querem mudar a lei para reduzir a concorrência futura. Que coisa feia!

O PoPa acredita no mercado. Se é necessária uma ação governamental de incentivos eternos para manter um polo industrial naquela região, algo está errado, muito errado.

sábado, 25 de outubro de 2008

Concorrência predatória

Trechos de notícia que saiu no G1:

Para o proprietário do grupo que representa as marcas Harley-Davidson, Buell, Malaguti, Husqvarna, Triumph, MV Agusta, Polaris e Benelli no Brasil, Paulo Izzo, o mercado de motos de luxo no Brasil não será afetado nem pela restrição de crédito e nem pelo aumento do dólar.

De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), as vendas no mercado interno vão subir 20,6% neste ano em relação ao ano passado. A previsão inicial era de crescimento de 13,8%.

Segundo o diretor executivo da Abraciclo, Moacyr Alberto Paes, no mês de setembro foram comercializadas 186.355 unidades, 4,1% a mais do que as vendas de agosto, o que renova a perspectiva de desenvolvimento gradual e constante do setor. O patamar menor de crescimento para este semestre já era previsto pela indústria de motos desde o início do ano, devido a um acomodamento natural do mercado.

Na opinião de Paulo Izzo a crise só afetará um segmento, o dos oportunistas. Segundo ele, quem se beneficiou da valorização do real para se aventurar na importação de motos ou motopeças pode ser muito prejudicado pelo câmbio. “Haverá uma seleção natural de quem atua no mercado de motos no Brasil”, ressalta.

A empresa deste senhor Paulo Izzo, está localizada na Zona Franca de Manaus, que não paga o IPI, de 25% devido pelos empresários de outros estados, tendo o Imposto de Importação reduzido a quase zero e ainda podendo remeter lucros ao exterior na forma de custo de peças. Fica muito fácil chamar os que pagam tudo isto de oportunistas. Deveria chamar de heróis por continuarem sobrevivendo à concorrência com esta inacreditável sonegação oficial praticada na Zona Franca de Manaus.

Fica o desafio: Monte sua fábrica no Rio Grande do Sul, pague os mesmos impostos e vamos ver se aguenta mais de um mês com as portas abertas. Oportunista, sr. Paulo, é quem mama nas tetas oficiais por tanto tempo e ainda declara que seus produtos - de alto luxo - não sofrerão com a crise. Declaração feia de se fazer em um país pobre, que precisa de um meio de transporte barato.

Um dia alguém com coragem vai acabar com esta farra com o dinheiro público e esta indecência contra a livre concorrência.

Responda Sr. Izzo, responda sr. Lula: Porque um automóvel de luxo paga menos da metade do IPI que uma moto popular (produzida fora da ZFM)?

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Dá pra concorrer?

O PoPa leu um relatório em que a empresa divulgava - com orgulho - das benesses recebidas por estar na Zona Franca de Manaus. É justo? Sabe-se que praticamente tudo que por lá entra, é importado e sofre pouca - ou muito pouca - interferência de tecnologia ou mão-de-obra brasileira. Vejam:

Em comparação com as empresas localizadas em outras regiões do Brasil, a Companhia possui vantagens com relação aos seguintes tributos federais:

Impostos Federais

Zona Franca

Brasil

PIS/COFINS

3,65%

9,25%

IPI

0%

10% (bicicletas) até 25% (motocicletas)

Imposto sobre Importação

88% de redução na alíquota

Conforme o produto

Imposto de Renda

Isenção de parte do IR

15%

Além dos benefícios relativos aos impostos federais, a Companhia possui um programa de incentivo fiscal no Estado do Amazonas que consiste na restituição parcial do ICMS.


Entenderam? Produzir fora da ZFM é quase que proibitivo, pois os custos acrescem-se vertiginosamente, alcançando, no caso das motos, mais de 70% de diferença. Mas nossas motos são mais baratas que na Europa ou nos EUA? Ou, pelo menos, mais baratas que no Uruguai? Esta diferença, que todo brasileiro paga, através dos impostos, vai para o bolso dos empresários, nada para os consumidores...

O relatório segue com muita história para convencer eventuais investidores, mas é interessante que ele refere: Eventuais mudanças regulatórias, eliminando os benefícios fiscais da Companhia, trariam um grande impacto negativo em seus resultados. A Companhia acredita que os riscos de eventuais mudanças regulatórias são pequenos, haja vista que os benefícios fiscais são garantidos pela Constituição da República Federativa do Brasil. Isto quer dizer que a companhia somente é viável com incentivos fortes. Incompetência ou ganância?