Por estes dias, o PoPa vem ouvindo muita gente falando sobre o estrago que a China faz na indústria brasileira. São comentaristas, empresários e até políticos. O que eles não falam, no entanto, é que todo o produto que entra no Brasil paga impostos. E paga muito! Nos portos do "Sul Maravilha", não ficam menos de 100% do valor da mercadoria em taxas e impostos. Paga-se até uma tal de taxa de Marinha Mercante, que são 25% do valor do frete, sobre o qual incidem os outros impostos, IPI, II, Cofins, Pis, taxas e mais taxas... Isso deveria equilibrar o valor dos produtos internos? Talvez não, pois temos um custo de produção ainda muito alto, em função de tecnologias inadequadas, custos sobre a folha de pagamento e por aí vai. Mas a diferença não é tão grande assim.
No entanto, ninguém comenta o que entra pela ZFM, que não paga a tal taxa de Marinha, não paga imposto de importação e não paga IPI. O imposto de renda é subsidiado e até mesmo o ICMS tem alguma vantagem dada pelo Estado. Como os índices de nacionalização do que é produzido por lá é ínfimo, temos uma verdadeira bomba no resto da indústria brasileira. Não se produz mais eletrodomésticos nestepaís, as motocicletas são importadas, televisões e muita quinquilharia.
Quando o Brasil vai perceber que incentivar uma região em plena floresta amazônica pode ser feito sem que o custo seja tão alto? Por que pretender que Manaus seja um polo tecnológico de ponta, quando se permite que sejam importados produtos que arrasam com o resto do mercado?
Além disso, há outro componente importante. As empresas lá localizadas não transferem toda a vantagem auferida para o consumidor. As margens de lucro são compatíveis com o mercado consumidor brasileiro, que está acostumado a pagar muito. Portanto, são muito grandes. É só verificar o que custa uma tv grande em um mercado competitivo como o americano. É o preço que deveria estar por aqui, em função das benesses obtidas por estas empresas.
Antes de culparem a China, olhem para nosso próprio território!