O PoPa conhece um pouco - bem pouco - da indústria brasileira, suas fontes de financiamento e lamenta que algumas políticas públicas tenham o condão de amordaçar empresas que querem desenvolver-se.
Confecções é um setor que, majoritariamente, é composto de micro e pequenas empresas. O PoPa tem visto gente reclamar de confecções feitas na China e que as empresas brasileiras não tem condições de competir com isso. Verdade, mas por que não conseguem competir? Não existe equipamento de ponta produzido no Brasil, que seja passível de financiamento via BNDES, já que este exige um nível de nacionalização elevado, o que é impossível, em um mundo globalizado.
Além disso, não é permitida a importação de equipamentos usados. Ora, um equipamento alemão ou italiano, para empresas de confecção e textil, mesmo com cinco anos de uso, já seria um salto tecnológico impressionante.
Assim como o setor de confecções, as gráficas enfrentam exatamente os mesmos problemas, com equipamentos brasileiros que já nem são produzidos em outras partes do mundo e, para a "proteção da indústria brasileira", não é permitido o financiamento com fontes oficiais ou a importação de equipamentos usados.
E temos muitos outros setores com as mesmas características, como rochas ornamentais, que ainda estão na idade da pedra, literalmente. Somos obrigados a exportar pedra bruta para ser processada na Itália ou no Japão, porque não temos condições de fazer um trabalho decente por aqui.
Então, caros leitores do PoPa (existe algum?), todos gritam a favor ou contra o protecionismo rasteiro, que é aquele que pretende impedir a importação de objetos de consumo, mas quase ninguém reclama do protecionismo que é dado para a indústria de bens de capital ou para as indústrias - majoritariamente importadoras - que se encontram na Zona Franca de Manaus. Lá, as empresas podem importar fábricas inteiras, podem importar insumos sem impostos e um monte de benesses, que acabaram com um extenso parque industrial brasileiro, ou impedem sua instalação por concorrência absolutamente desleal.
Para pensar um pouco. Não dói muito, o PoPa garante.
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