Muito se fala do Bolsonaro e suas declarações estapafúrdias. Mas, analisando mais profundamente, ele tem razão em algumas destas aparentes bobagens, embora não ataque o cerne da questão. Em entrevista à Gaúcha, em dezembro de 2014, ele fez declarações à respeito dos direitos das mulheres nas relações trabalhistas. O que vemos, nas redes sociais, é que ele teria dito que mulheres DEVEM ganhar menos que os homens porque engravidam. Vamos ver:
O corte abaixo foi retirado desta entrevista (https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2014/12/Bolsonaro-diz-que-nao-teme-processos-e-faz-nova-ofensa-Nao-merece-ser-estuprada-porque-e-muito-feia-4660531.html). Embora o assunto fosse o processo da Maria do Rosário, o jornalista foi mais adiante e fez estas perguntas:
O senhor, como deputado progressista, não tem o papel de trazer a discussão sobre os direitos das mulheres à tona?
Eu sou liberal. Defendo a propriedade privada. Se você tem um comércio que emprega 30 pessoas, eu não posso obrigá-lo a empregar 15 mulheres. A mulher luta muito por direitos iguais, legal, tudo bem. Mas eu tenho pena do empresário no Brasil, porque é uma desgraça você ser patrão no nosso país, com tantos direitos trabalhistas. Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? "Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade..." Bonito pra c..., pra c...! Quem que vai pagar a conta? O empregador. No final, ele abate no INSS, mas quebrou o ritmo de trabalho. Quando ela voltar, vai ter mais um mês de férias, ou seja, ela trabalhou cinco meses em um ano.
Mas qual seria a solução?
Por isso que o cara paga menos para a mulher! É muito fácil eu, que sou empregado, falar que é injusto, que tem que pagar salário igual. Só que o cara que está produzindo, com todos os encargos trabalhistas, perde produtividade. O produto dele vai ser posto mais caro na rua, ele vai ser quebrado pelo cara da esquina. Eu sou um liberal, se eu quero empregar você na minha empresa ganhando R$ 2 mil por mês e a Dona Maria ganhando R$ 1,5 mil, se a Dona Maria não quiser ganhar isso, que procure outro emprego! O patrão sou eu.
Analisando:
Ele realmente não disse que a mulher TEM que ganhar menos, mas que uma pequena empresa teria dificuldades tendo a maioria das trabalhadoras em idade fértil, porque a legislação é muito protecionista. E toda a proteção acaba gerando algum tipo de reação contrária.
Mas ele não deu soluções, que estariam ao alcance dele, como deputado federal. Com as novas regras da legislação trabalhista, ficou mais fácil contratar pessoas temporariamente, mas a legislação deveria ir adiante, dar, à empresa, alguma vantagem comparativa para que fosse interessante contratar mulheres em idade fértil. Quem sabe, reduzir o custo da folha, os encargos, para quem contratar mulheres. Ou, quem sabe, reduzir a zero todos os custos (exceto INSS e FGTS) dos temporários contratados para suprir uma vaga de gestante. Há possibilidades interessantes para se trabalhar, sem retirar os direitos das mulheres e sem pesar no orçamento de uma pequena empresa. As grandes não se importam com isso.
Por outro lado, o PoPa sempre esteve perto de empresas, em sua atividade profissional. E percebeu que algumas preferem mulheres, pela qualidade do serviço, como colheita de uvas, poda de frutíferas e confecções. Recentemente, durante a duplicação da BR116, conheceu um empresário que estava procurando mulheres para dirigir suas caçambas. Ele tinha duas e estava maravilhado com a qualidade do trabalho delas e com a manutenção do seu patrimônio. Neste caso, dizia ele, os caminhões que estavam com elas tinham uma despesa muito menor que os operados por homens. O recolhimento do lixo, na área central de Pelotas, é feito por equipes femininas, tanto a motorista quanto as que arrastam os containeres para o caminhão. Certamente, a empresa responsável não fez isto por gostar de mulheres, mas porque é interessante, economicamente. Também não deve estar pagando menos que para os homens, embora esta informação o PoPa não saiba.
Enfim, um assunto para ser considerado e discutido, sem os humores de defensores e difamadores do candidato.
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