sexta-feira, 22 de março de 2013

Condenado por erro

Pois o PoPa leu, na Veja online, que um sujeito foi condenado a 37 anos de prisão e, após 23 anos cumprindo pena, foi considerado inocente. A história poderia parar por aí, mas o PoPa ficou pensando sobre a mesma situação no Brasil. Este foi um crime de morte após assalto, ou seja, um latrocínio. No Brasil, o latrocínio é considerado um crime menor que um assassinato premeditado e não teria uma sentença tão grande. Talvez uns 20 anos, com o criminoso fora da prisão em uns quatro ou cinco anos, afinal, é uma vítima da sociedade que merece uma nova chance de matar alguém em um assalto...

Assim, um erro como este deve acontecer frequentemente no Brasil, mas nunca chegaria a deixar alguém na prisão por mais de 20 anos! Estranho? Nem tanto. Somos o império da impunidade em todos os níveis.

A notícia:


A justiça de Nova York declarou inocente, nesta quinta-feira, o americano David Ranta, 58 anos, depois de ele ter passado 23 anos na prisão. Ranta foi condenado em 1991 a 37 anos de pelo assassinato de um rabino ortodoxo durante um assalto em fevereiro de 1990. Ao sair da Suprema Corte de Justiça, ele se disse comovido. "Como sempre disse desde o princípio, não tenho nada a ver com este assunto. Estou emocionado".
O caso foi reaberto em 2012 depois de uma reunião na qual os promotores alegaram inconsistência em algumas provas e problemas nas táticas utilizadas pelo detetive que liderou a investigação na época. Segundo o jornal americano New York Daily News, uma testemunha que tinha 13 anos na época contou que o policial pediu para ele “escolher o homem do nariz grande” no reconhecimento de suspeitos.
Retratação - Antes de deixar a Suprema Corte, Ranta recebeu um pedido de desculpas do juiz. “Dizer que eu sinto muito para o que você passou será grosseiramente inadequado, mas eu diria isso mesmo assim. O senhor é um homem livre”.
Segundo o jornal, uma mulher testemunhou depois da condenação de Ranta dizendo que seu marido, um usuário de drogas, confessou o crime dois meses antes de morrer em um acidente de carro quando era perseguido pela polícia. Em uma audiência pós-condenação, em 1996, um juiz julgou a mulher, que também era viciada em drogas, não credível.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Prisão com uniforme?

Pois o PoPa leu, na ZH, que um assalto frustrado em Arroio dos Ratos acabou com os quatro vagabundos mortos. Azar deles, pois em uma penitenciária por perto houve uma rebelião e tinha muito PM na vizinhança. Não foi desta vez que pegaram uma cidade pequena desprevinida.

Mas aí o PoPa ficou lendo sobre a tal rebelião. Trata-se de um presídio novo, com pouco tempo de utilização, sem superlotação e muito bem feito. O motivo da rebelião? Os presos não querem usar uniforme e acham que as regras são muito rígidas... preferem voltar para o presídio superlotado, com esgoto a céu aberto e tudo que alguns bem intencionados vivem reclamando em nome deles, do que... usar uniforme???? Vamos parar com esta bobagem do politicamente correto e tratar vagabundo como vagabundo. Uniformizado, sim. Com regras rígidas, sim. E, se destruírem o patrimônio público, novo processo para ampliar a pena e reduzir vantagens. Chega de ceder terreno às tais facções que nada mais são que alguns imbecis que conseguem espaço na imprensa e nos corações dos bem intencionados, mas mal informados.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Eminência Vermelha

Pois o PoPa andou lendo a última Veja (é, o PoPa refez a assinatura da revistinha!) e constatou que o cara andou dando "dicas" para Hadad, em plena São Paulo. Reuniu-se com o prefeito e seus secretários para dizer o que precisa e como deve ser feito. E prepara-se para uma rodada como esta com a guria presidente. Bueno, ele tem o que dizer para seus afilhados, claro, mas precisava ser tão explícito? Precisava ter a imprensa presente? Precisava humilhar os eleitos?

Em qualquer lugar onde tenhamos políticos, temos o que se chamava antigamente de "eminência parda". Aquele político astuto que não gostava de aparecer e que tecia os arranjos nos bastidores. Todos sabiam da importância dele, mas ele próprio não deixava esta influência ultrapassar algumas fronteiras. O cara, ao contrário, é uma eminência vermelha, detonante, tipo melancia (inteira) em um prato de frutas.

Não fica bem para a biografia de um político, principalmente um ex-presidente, este tipo de atitude. Logo ele, que dizia que ensinaria a FHC como se comporta um ex-presidente, sempre que o anterior falava alguma coisa sobre política. Mas, pensando bem, honra a biografia dele...


sábado, 12 de janeiro de 2013

Vaga para vagos - 26mil por cabeça???

Pois o PoPa andou lendo uma notícia que nos quatro anos do atual governo seriam criadas 42.000 vagas nos presídios brasileiros, a um custo de 1,1 bilhão de reais. Bueno, fazendo uma continha simples, o PoPa ficou sabendo que cada vaga, para cada vago, custará a bagatela de 26mil reais e uns trocos...

Quem conhece os presídios brasileiros sabe que não tem como gastar 26mil em uma única vaga! Vamos ser realistas, caramba! Podemos ter vários níveis de prisão no país, começando com prisões de segurança mínima, para presos sem periculosidade (os ladrões pequenos, os que devem pensão alimentícia, os que esperam alguma decisão da justiça...) este povo não pode - ou não deveria - ser colocado nos depósitos de gente que são nossos presídios atuais. Não há justificativa para prédios sem instalação decente de esgoto, sem instalação decente elétrica, sem água, sem limpeza. Como chegamos a este ponto?

E prisões de segurança mínima para estes "criminosos" de pequena monta, não podem custar tão caro. Notem que quando o governo fala em investimento, ele não está falando em pessoal para controlar. É investimento puro, cimento, ferro, areia... 26 mil reais por cada um? Se olharmos o que existe hoje, não tem 200 reais de investimento por cada enjaulado!

Mas enquanto não tivermos políticos com culhões, não seremos nada! Buscamos o ótimo, o perfeito, o caro, e deixamos de fazer o necessário, o possível.


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Área Azul - institucionalização do flanelinha...

Uma notícia na ZH que pode ter passado desapercebida por muitos, é que Lajeado, no interior do RS, tem estacionamento rotativo no centro, a famosa "área azul". a reportagem foi feita porque os moradores tiveram uma pequena folga, já que o convênio que permitia a cobrança tinha encerrado.

Pois bem, na reportagem de quarta feira (9), estava a informação de que uma associação de bairro é que faz a cobrança, através de convênio. A reportagem informa, também, que a tal associação usa 90% da arrecadação para pagar os funcionários e os 10% restantes para manutenção da própria entidade. Um promotor público está questionando que um serviço público deveria ser licitado, e não entregue de presente a uma entidade privada.

Então ficamos sabendo que a arrecadação serve apenas e tão somente para pagar os funcionários da tal entidade. Ora, os munícipes estão pagando para manter empregos dos que estão cobrando! Não há nenhum tipo de melhoria, serviço ou o que for! Apenas arrecadação para eles mesmos!!! É a institucionalização do flanelinha!

Agora, consideremos que possa haver (e vai!) alguma ação trabalhista ou mesmo civel, causada por algum acidente ou roubo de veículo. A entidade já declarou que não sobra nada da arrecadação. Quem vai pagar? Ora, a prefeitura, que é a concedente do serviço e, portanto, responsável por quem está lá, "servindo".

O atual prefeito já sancionou a lei que permite que os lajeadenses paguem por estacionar em via pública, sendo que este recurso serve apenas para pagar o salário dos que cobram... Será que eles sabem disso?

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Feliz 2013

O PoPa não se cansa de imaginar que o Brasil tem jeito, que os políticos finalmente entenderão seu importante lugar na sociedade e que não roubarão mais, mas se interessarão pelo bem estar da comunidade. O PoPa fica a imaginar que teremos um presidente que tenha o cuidado de se cercar de pessoas íntegras e competentes e cuja principal meta é fazer o desenvolvimento de toda a nação e de sua gente.

O PoPa acredita que este dia poderá chegar, talvez quando tivermos deputados distritais, votos uniformes para todos os brasileiros (uma pessoa, um voto) e, principalmente, vergonha na cara.

Mas o PoPa também acredita que pessoas podem fazer a diferença, desde que conheçam um pouco do que podem fazer. Isso inclui o voto correto, a cobrança devida e a crítica feroz do mau uso da grana pública. Isso só pode vir com educação formal decente, que leve a cidadania para todos os cantos, mesmo que isso signifique reduzir as esmolas públicas, o esvaziamento dos currais eleitorais e, novamente, se tenha vergonha na cara!

Mas não vai ser em 2013...

domingo, 16 de dezembro de 2012

O escândalo da semana - Petrobrás levada a queimar um bilhão de dólares!

Mais um "corta e cola" do PoPa. Desta vez, um novo escândalo envolvendo a Petrobrás. Puxa, não se passa semana sem que estoure algum escândalo nesta república... 

ESCÂNDALO BILIONÁRIO NA PETROBRAS – Resta, agora, saber se, ao fim da apuração, alguém vai para a cadeia! Ou: Quem privatizou a Petrobras mesmo?

É do balacobaco!

Desde que Sérgio Gabrielli, o buliçoso ex-presidente da Petrobras, deixou a empresa, os esqueletos não param de pular do armário. A presidente Dilma Rousseff o pôs para correr. Ele se alojou na Secretaria de Planejamento da Bahia e é tido como o provável candidato do PT à sucessão de Jaques Wagner. Dilma, é verdade, nunca gostou dele, desde quando era ministra. A questão pessoal importa menos. Depois de ler o que segue, é preciso responder outra coisa: o que ela pretende fazer com as lambanças perpetradas na Petrobras na gestão Gabrielli? Uma delas, apenas uma, abriu um rombo na empresa que passa de UM BILHÃO DE DÓLARES. Conto os passos da impressionante reportagem de Malu Gaspar na VEJA desta semana. Prestem atenção!

1: Em janeiro de 2005, a empresa belga Astra Oil comprou uma refinaria americana chamada Pasadena Refining System Inc. por irrisórios US$ 42,5 milhões. Por que tão barata? Porque era considerada ultrapassada e pequena para os padrões americanos.

2: ATENÇÃO PARA A MÁGICA – No ano seguinte, com aquele mico na mão, os belgas encontraram pela frente a generosidade brasileira e venderam 50% das ações para a Petrobras. Sabem por quanto? Por US$ 360 milhões! Vocês entenderam direitinho: aquilo que os belgas haviam comprado por US$ 22,5 milhões (a metade da refinaria velha) foi repassado aos “brasileiros bonzinhos” por US$ 360 milhões. 1500% de valorização em um aninho. A Astra sabia que não é todo dia que se encontram brasileiros tão generosos pela frente e comemorou: “Foi um triunfo financeiro acima de qualquer expectativa razoável”.

3 – Um dado importante: o homem dos belgas que negociou com a Petrobras é Alberto Feilhaber, um brasileiro. Que bom! Mais do que isso: ele havia sido funcionário da Petrobras por 20 anos e se transferiu para o escritório da Astra nos EUA. Quem preparou o papelório para o negócio foi Nestor Cerveró, à frente da área internacional da Petrobras. Veja viu a documentação. Fica evidente o objetivo de privilegiar os belgas em detrimento dos interesses brasileiros. Cerveró é agora diretor financeiro da BR Distribuidora.

Calma! O escândalo mal começou
 
Se você acha que o que aconteceu até agora já dá cadeia, é porque ainda não sabe do resto.

4 – A Pasadena Refining System Inc., cuja metade a Petrobras comprou dos belgas a preço de ouro, vejam vocês!, não tinha capacidade para refinar o petróleo brasileiro, considerado pesado. Para tanto, seria preciso um investimento de mais US$ 1,5 bilhão! Belgas e brasileiros dividiriam a conta, a menos que…

5 – … a menos que se desentendessem! Nesse caso, a Petrobras se comprometia a comprar a metade dos belgas — aos quais havia prometido uma remuneração de 6,9% ao ano, mesmo em um cenário de prejuízo!!!

6 – E não é que o desentendimento aconteceu??? Sem acordo, os belgas decidiram executar o contrato e pediram pela sua parte, prestem atenção, outros US$ 700 milhões. Ulalá! Isso foi em 2008. Lembrem-se que a estrovenga inteira lhes havia custado apenas US$ 45 milhões! Já haviam passado metade do mico adiante por US$ 360 milhões e pediam mais US$ 700 milhões pela outra. Não é todo dia que aparecem ou otários ou malandros, certo?

7 – É aí que entra a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, então presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Ela acusou o absurdo da operação e deu uma esculhambada em Gabrielli numa reunião. DEPOIS NUNCA MAIS TOCOU NO ASSUNTO.

8 – A Petrobras se negou a pagar, e os belgas foram à Justiça americana, que leva a sério a máxima do “pacta sunt servanda”. Execute-se o contrato. A Petrobras teve de pagar, sim, em junho deste ano, não mais US$ 700 milhões, mas US$ 839 milhões!!!

9 – Depois de tomar na cabeça, a Petrobras decidiu se livrar de uma refinaria velha, que, ademais, não serve para processar o petróleo brasileiro. Foi ao mercado. Recebeu uma única proposta, da multinacional americana Valero. O grupo topa pagar pela sucata toda US$ 180 milhões.

10 – Isto mesmo: a Petrobras comprou metade da Pasadena em 2006 por US$ 365 milhões; foi obrigada pela Justiça a ficar com a outra metade por US$ 839 milhões e, agora, se quiser se livrar do prejuízo operacional continuado, terá de se contentar com US$ 180 milhões. Trata-se de um dos milagres da gestão Gabrielli: como transformar US$ 1,199 bilhão em US$ 180 milhões; como reduzir um investimento à sua (quase) sétima parte.

11 – Graça Foster, a atual presidente, não sabe o que fazer. Se realizar o negócio, e só tem uma proposta, terá de incorporar um espeto de mais de US$ 1 bilhão.

12 – Diz o procurador do TCU Marinus Marsico: “Tudo indica que a Petrobras fez concessões atípicas à Astra. Isso aconteceu em pleno ano eleitoral”.

13 Dilma, reitero, botou Gabrielli pra correr. Mas nunca mais tocou no assunto.

Encerro
 
Durante a campanha eleitoral de 2010, o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, fez propaganda de modo explícito, despudorado. Chegou a afirmar, o que é mentira descarada, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante a sua gestão, tinha planos de privatizar a Petrobras.

Leram o que vai acima? Agora respondam: quem privatizou a Petrobras? E noto, meus caros: empresas privadas não são tratadas desse modo porque seus donos ou acionistas não permitem. A Petrobras, como fica claro, foi privatizada, sim, mas por um partido. Por isso, foi tratada como se fosse terra de ninguém.
 
Por Reinaldo Azevedo

domingo, 2 de dezembro de 2012

Phishing, alcova, pescarias...

'Pois o PoPa esteve sob ameaça de um phishing. Como são muito poucos os visitantes, ninguém tinha relatado o problema... O velho PoPa teve um bocado de trabalho até identificar a fonte do mal: o link para o site do voto distrital. Pois até isso acontece nesta república!

O PoPa mandou retirar o link e, de quebra, sairam mais alguns já desnecessários pelo tempo transcorrido. Uma lástima que ainda exista gente no mundo disposta a perturbar a vida dos outros!

Enquanto o PoPa brigava para retirar o link de pesca do site, soube que o cara andava pescando fora de sua própria alcova. Não que isso fosse uma grande novidade, já que o cara é conhecido por sua necessidade primária de sexo, como foi constatado pelo "menino do mep"... (este post do Reinaldo Azevedo fala sobre este incidente). Mas a novidade, ainda mais sórdida que os apelos da carne, é que a guria da vez era também uma lobista engajada nas mais altas esferas do poder. E aprontou bastante... A guria presidente mandou ela embora mas fica a pergunta: Por que só agora, quando estourou o escândalo? Ela não sabia?

Agora, para ficar melhor na foto, a guria presidente deve retirar todo o povo que está na cota pessoal do cara e fazer uma limpeza geral. Afinal, mais um escândalo destes e a reeleição vai ficar complicada! O PoPa não é um fã ardoroso da guria presidente, mas prefere ela ao cara!




sábado, 3 de novembro de 2012

Sem medo de mistificar

Hoje o Estadão publicou este editorial. Diz tudo que o PoPa gostaria de escrever neste momento e, portanto, aí vai um corta e cola...

Sem medo de mistificar

É inacreditável a capacidade que o PT tem de mistificar quando a situação lhe é adversa, e de jogar abertamente com dois pesos e duas medidas quando se trata de defender seus próprios interesses. Nos últimos dias, os companheiros de Lula deram pelo menos dois magníficos exemplos de como não se encabulam de subestimar a inteligência do distinto público e fazer pouco do senso comum. O primeiro, ao avaliar o resultado das eleições municipais paulistanas. O segundo, ao afrontar mais uma vez a Suprema Corte a propósito do mensalão.

A executiva estadual do PT, reunida para fazer uma avaliação do pleito, emitiu nota oficial em que afirma: "A sociedade falou em alto e bom tom que o PT não está e nunca esteve no banco dos réus", porque o resultado das urnas "abafou as vozes daqueles que tentaram fazer do julgamento do Supremo Tribunal Federal - STF - (mensalão) um instrumento de desgaste e de destruição da sigla". De fato, a Ação Penal 470 jamais colocou no banco dos réus o PT, mas apenas seus dirigentes máximos, pelo menos do número dois para baixo, durante o primeiro mandato presidencial de Lula. E condenou-os um colegiado constituído, na maior parte, de ministros nomeados por dois presidentes da República petistas. Esses juízes consideraram procedente a peça acusatória apresentada por dois chefes do Ministério Público Federal colocados no cargo por Lula: Antonio Fernando de Souza, que iniciou as investigações, e Roberto Gurgel, que formalizou a denúncia.

Se, como quer o PT, sua vitória em São Paulo significa uma clara manifestação de desaprovação dos paulistanos às condenações do STF e um atestado de inocência conferido aos acusados petistas, isso quer dizer também, contrario sensu, que as derrotas do PT em Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, Manaus, Belém, Campinas e outras centenas de municípios significam apoio às decisões da Suprema Corte. Por esse critério, as coisas vão muito mal para o PT, que afinal venceu as eleições com candidato próprio em apenas 635 cidades, que equivalem a uma população de 58 milhões dos 190 milhões de brasileiros. Fica combinado, então, que mais de 130 milhões de brasileiros condenam José Dirceu & Cia.

Por outro lado, o presidente nacional do PT, o iracundo Rui Falcão, anunciou que o partido divulgaria um manifesto contendo críticas ao que classifica de "politização" do julgamento do mensalão pelo Supremo, que, pressionado pela mídia "de direita", estaria ameaçando as liberdades individuais consagradas pela lei penal e pela Constituição. Os petistas estavam esperando apenas a realização do segundo turno do pleito municipal para saírem em defesa de seus dirigentes condenados por corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e outros delitos. E Falcão deixou claro, ao arrepio do Estatuto do PT, que os apenados não serão expulsos. Afinal, os petistas consideram Dirceu, Genoino, Delúbio e João Paulo Cunha "prisioneiros políticos" julgados por um "tribunal de exceção" - todos eles cidadãos que têm "serviços prestados ao País".

Na verdade, é o PT quem está politizando o debate sobre o mensalão. Insistem os seguidores de Lula que os ministros da Suprema Corte estão julgando sob pressão da mídia e de uma opinião pública por ela manipulada. É quase um insulto à biografia dos ministros, a maioria dos quais passou pelo crivo do comando petista no processo de escolha para compor o STF. Além disso, o argumento tropeça em outra incongruência. Se a opinião pública está pressionando a favor da condenação do mensalão, por que teria colocado nas urnas, "em alto e bom tom", um voto de absolvição dos mensaleiros?

Persistindo nas incongruências, afirmam os petistas que o mensalão é "uma farsa", ou seja, nunca existiu, mas asseguram que foi inventado, em Minas Gerais, em 1998, pelo mesmíssimo Marcos Valério, a serviço da campanha de reeleição do tucano Eduardo Azeredo. Esse escândalo já foi denunciado ao STF pelo Ministério Público e está entregue à relatoria do ministro Joaquim Barbosa. Só falta o PT - para manter-se coerente com sua incoerência - sair também em defesa dos mensaleiros tucanos, acusados das mesmas práticas criminosas que estão levando a cúpula petista à cadeia.

o original: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,sem-medo-de-mistificar-,955001,0.htm

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Piada de salão

O PoPa anda um pouco desanimado com a política nacional. Por isso não dita mais seus próprios textos. Mas, de vez em quando, depara com um texto muito bom que gostaria de repartir com seus dez fiéis leitores. Vamos a mais um deles, de Ferreira Gullar.

Ferreira Gullar - Folha de São Paulo Ilustrada

Quando o escândalo do mensalão abalou a vida política do país e, particularmente, o governo Lula e seu partido, alguns dos petistas mais ingênuos choraram em plena Câmara dos Deputados, desapontados com o que era, para eles, uma traição. Lula, assustado, declarou que havia sido traído, mas logo acertou, com seus comparsas, um modo de safar-se do desastre.


Escolheram o pobre do Delúbio Soares para assumir sozinho a culpa da falcatrua. Para convencê-lo, creio eu, asseguraram-lhe que nada lhe aconteceria, porque o Supremo estava nas mãos deles. Delúbio acreditou nisso a tal ponto que chegou a dizer, na ocasião, que o mensalão em breve se tornaria piada de salão.
Certo disso, assumiu a responsabilidade por toda a tramoia, que envolveu muitos milhões de reais na compra de deputados dos partidos que constituíam a base parlamentar do governo.

Embora fosse ele apenas um tesoureiro, afirmou que sozinho articulara os empréstimos fajutos, numa operação que envolvia do Banco do Brasil (Visanet), o Banco Rural e o Banco de Minas Gerais, e sem nada dizer a ninguém: não disse a Lula, com que privava nos churrascos dominicais, não disse a Genoino, presidente do PT, nem a José Dirceu, o ministro político do governo.

Era ele, como se vê, um tesoureiro e tanto, como jamais houve igual. Claro, tudo mentira, mas estava convencido da impunidade. A esta altura, condenado pelo STF, deve maldizer a esperteza de seus comparsas. Mas os comparsas, por sua vez, devem amaldiçoar o único que, pelo menos até agora, escapou ileso do desastre -o Lula.

Pois bem, como o tiro saiu pela culatra e o partido da ética na política consagrou-se como um exemplo de corrupção, Lula e sua turma já começaram a inventar uma versão que, se não os limpará de todo, pelo menos vai lhes permitir continuar mentindo com arrogância. O truque é velho, mas é o único que resta em situações semelhantes: posar de vítima.

E se o cara se faz de vítima, tem o direito de se indignar, já que foi injustiçado. Por isso mesmo, vimos José Genoino vir a público denunciar a punição que sofreu, muito embora tenha sido condenado por nove dos dez ministros do STF, quase por unanimidade.
A única hipótese seria, neste caso, que se trata de um complô dos ministros contra os petistas. Mas mesmo essa não se sustenta, uma vez que dos dez membros do Supremo, oito foram nomeados por Lula e Dilma.

Reação como a de Genoino era de se esperar, mesmo porque, alguns dias antes, a direção do PT publicara aquele lamentável manifesto em que afirmava ser o processo do mensalão um golpe semelhante aos que derrubaram Getúlio Vargas e João Goulart. Também a nota posterior à condenação de José Dirceu repete a mesma versão, segundo a qual os mensaleiros estão sendo condenados porque lutam por um Brasil mais justo. O STF, como se sabe, é contra isso.

Não por acaso, Lula -que reside num apartamento duplex de cobertura e veste ternos Armani- voltou a usar o mesmo vocabulário dos velhos tempos: "A burguesia não pode voltar ao poder". Sim, não pode, porque agora quem nos governa é a classe operária, aquela que já chegou ao paraíso.

Não tenho nenhum prazer em assistir a esse espetáculo degradante, quando políticos de prestígio popular, que durante algum tempo encarnaram a defesa da democracia e da justiça social em nosso país, são condenados por graves atentados à ética e aos interesses da nação. As condenações ocorreram porque não havia como o STF furtar-se às evidências: dinheiro público foi entregue ao PT, mediante empréstimos fictícios, que tornaram possível a compra de deputados para votarem com o governo. Tudo conforme a ética petista, antiburguesa.
Mas não tenhamos ilusões. Apesar de todo esse escândalo, apesar das condenações pela mais alta corte de Justiça, o PT cresceu nas últimas eleições. Tem agora mais prefeituras do que antes e talvez ganhe a de São Paulo. Nisso certamente influiu sua capacidade de mascarar a verdade, mas não só. Com a mesma falta de escrúpulos, tendo o poder nas mãos, manipula igualmente as carências dos mais necessitados e dos ressentidos.

Não vai ser fácil acharmos o rumo certo.   Texto original aqui: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/73079-piada-de-salao.shtml