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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

E o pré-sal ,como fica ?

O Cachorro Louco fez um comentário interessante no post sobre biodiesel: E o pré-sal, como fica? Afinal a redenção do Brasil, segundo afirmou o governo, virá do pré-sal. Passaríamos a viver de brisa só com o lucro do pré-sal. Este dinheiro daria para trezentos milhões de bolsa -familia. Causa estranheza o governo metendo a mão neste assunto. Com certeza tem "coisa" por trás.

Na verdade, só o que sabemos sobre o pré-sal, é o que diz a propaganda do governo. Faltam detalhes técnicos do óleo, do ponto de equilíbrio dos poços, dos investimentos em pesquisa que ainda são necessários e muita coisa mais. O Pré-sal não é algo simples, já que está em profundidade muito grande, com uma parede de rocha ainda maior. O PoPa acha que é algo interessante para ser pesquisado e o governo fez, pelo menos, uma grande bobagem ao limitar a pesquisa e prospecção ao nível público, sem abrir para as grandes empresas. Talvez até tenha sido uma estratégia, pois também não sabemos se estas empresas estariam interessadas no assunto. Afinal, gastar montanhas de dinheiro para tirar óleo em vinte anos, não é uma estratégia muito interessante para quem tem acesso a fontes mais simples, baratas e imediatas.

Para o Brasil, que não é autosuficiente em petróleo (não é, apesar de propaganda em contrário), pois precisa importar petróleo leve para auxiliar no craqueamento do nosso petróleo pesado, pode ser uma boa linha de P&D, mas a cautela manda que não seja investido mais que o razoável neste futuro incerto. O governo está utilizando o pré-sal (tem mesmo este hífen pelas regras novas?) como propaganda política e isso nunca é saudável!

Se o biocombustível é uma opção ao pré-sal? Provavelmente, também depois de muita pesquisa, pois o custo ainda é elevado, em comparação com o diesel craqueado do petróleo. Mas é preciso considerar que no perfil do craqueamento brasileiro, precisamos fazer gasolina em excesso para termos a quantidade de diesel que precisamos, o que resulta em exportações de gasolina a baixo custo (sabia disso?). Somente ano passado, exportamos 1,9 milhão de toneladas de gasolina (pura, sem mistura de álcool) a um preço médio de R$ 1,50/litro (dados aliceweb do MDIC). Este ano, até setembro, a quantidade exportada já chegou perto do ano passado (1,4 milhão de toneladas) mas a um preço ridículo: menos que R$ 0,83! Tá bom assim?

Com o biodiesel, poderemos processar menos petróleo, resultando em menos sobra de gasolina. Isso como regra geral, pois é mais complicado do que parece.

Enquanto isso, mantemos o percentual de 25% na gasolina vendida nos postos, causando um acréscimo do álcool hidratado, pela falta do produto. Não é necessária - economicamente falando - a adição desta quantidade de álcool na gasolina brasileira. A quem interessa? Quem se beneficia de nossa gasolina barata?

O mais estranho desta equação, é que o grande comprador de gasolina brasileira é Antilhas Holandesas (61%). Bem, talvez não seja tão estranho, pois as Antilhas são especializadas em importar petróleo venezuelano e refinar em seus portos, para posterior venda. Deve ser um bom negócio comprar a gasolina brasileira a este preço e revendê-la na Europa... EPA! Bom negócio?

Mas o menor valor pago é para a Venezuela, R$ 0,72/litro e a mais cara, para Angola. Valores FOB, nada a ver com distâncias ou meio de transporte, portanto.

Este assunto valeria uma análise mais profunda, mas o PoPa é um pouco preguiçoso, mesmo.

Imagem: onde fica o pré-sal. Observe que, sem considerar o oceano, existe uma camada de 4 a 5km a ser furada para chegar ao pré-sal.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Biodiesel 1

O PoPa andou ocupado toda a semana passada. Em Curitiba, ouviu muita coisa sobre biodiesel e ficou ainda mais convencido que o sistema precisa ser muito trabalhado, para que seja algo de interesse do País. Afinal, o PoPa não é favorável a nenhuma coisa que seja compulsória, a nenhum produto que tenha seu mercado cativo, independente da capacidade de manter-se sozinho, sem ajuda do governo.

Por exemplo, atualmente, o biodiesel é feito 80% de soja. Com o sistema de leilões, as empresas vendem o biodiesel (a ser fabricado) à Petrobras por um determinado preço. Com a volatilidade do preço internacional da soja, quem garante que esta empresa poderá entregar o produto pelo preço acordado? Ninguém! E aí começam os problemas. E por que a Petrobrás (na verdade, é outra empresa, mas com controle da própria) tem sua própria usina de biodiesel e participa dos leilões? Se fosse para desenvolver tecnologia, até seria interessante, mas não parece ser esta a motivação da estatal.

O governo pretende fazer com que o biodiesel não sofra do problema do álcool, que ficou apenas nas mãos de grandes produtores e criou um "selo social" para o biodiesel, fazendo uma renúncia fiscal para o produto que tiver sua origem em propriedades da agricultura familiar 50%, 10% e 15%, respectivamente para as regiões Nordeste, Norte e Centro Oeste, Sul e Sudeste. Todos lembram da euforia do governo de Da Silva com a mamona. Qual foi o resultado? Zero! Agora, "descobriram" o óleo de palma (dendê) e estão incentivando o povo do Norte a plantar. Esta é uma opção que parece ser interessante mas, novamente, faltam pesquisas adequadas, já que a torta resultante é tóxica e o óleo não pode ser usado puro para a produção de biodiesel, não podendo passar de uns 15% na mistura. Aliás, a lei do Combustível Social, engessou o sistema em apenas duas culturas: palma e mamona, deixando de lado outras opções da agricultura familiar, como o pinhão manso, o girasol e tantas outras.

O PoPa vai voltar ao assunto biodiesel. É um assunto interessante que está sendo utilizado politicamente pelo governo. Não deveria, pois pode transformar um programa interessante em um desastre econômico e até ecológico.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

LPT vs Petróleo

LPT iniciará hoje, uma cruzada contra o que o governo classifica de lobby do setor petroleiro: a inflação mundial causada pelo uso de áreas e produtos aptos à alimentação humana, como fonte de biocombustível. "Lula defenderá, como já fez antes, que a inflação dos alimentos está ligada, essencialmente, ao fato de que mais pessoas estão comprando, especialmente nos países em desenvolvimento como Índia, China e Brasil. E se dirá surpreso pelo fato de o aumento de consumo ter provocado críticas de alguns países". [fonte: Estadão]

Ora, o que LPT está pretendendo é uma bobagem imensa, que servirá - quem diria - para defender... os americanos e sua produção de etanol a partir do milho! O Brasil tem sua produção própria de etanol - em áreas agricultáveis, com certeza - praticamente apenas para consumo interno, dando ganhos estratosféricos para os usineiros. E ele quer aumentar o mercado destes empresários para que o Brasil fique ainda mais à mercê deles?

A verdade é que a produção americana de etanol a partir do milho está provocando a inflação mundial dos alimentos. Aqui no Brasil, esta inflação já é sentida na produção de carne de frango e porco. Nada a ver com aumento de consumo! E LPT está fazendo o trabalho de Bush... legal!