EM NOME DO RIO GRANDE DO SUL
Em toda minha vida jamais
achei que fosse escrever um texto com esse título. Sempre me senti,
em primeiro lugar, brasileiro. Jamais frequentei nenhum tipo de
movimento tradicionalista gaúcho e quero dizer, logo no início, que
não penso fazer parte de uma elite entre os demais cidadãos do
país. Nasci e cresci no Rio Grande e tenho Porto Alegre como a
cidade do meu coração. É aqui que vivo e aqui que quero morrer,
aqui me formei em medicina, me casei e tive meus filhos, servi à
Força Aérea e me tornei funcionário público. Hoje chegou a minha
vez de escrever um pouco sobre esse protagonismo do Sul na política
nacional. É com essa sensação desagradável de quem não quer ser
porta-voz de coisa alguma, mas não sabe como evitar o clichê, que
inicio esse pequeno artigo.
Para minha vergonha, e
para de todos os gaúchos que considero pessoas de bem, a chegada do
PT ao governo federal em 2003 colocou uma série de conterrâneos
nossos em evidência. Ministras histéricas que tem mais respeito por
bandidos do que por policiais, poetas do sêmen derramado,
governadores que recebem as FARC com honras de chefe de estado,
colunistas de jornais de circulação nacional que gastariam muito
melhor seu tempo tentando tocar saxofone, enfim...são vários os
gaúchos despontando no cenário nacional e tomando decisões que vem
levando o Brasil a um caminho sem saída. Governado por uma
ex-guerrilheira nascida em Minas Gerais, o Brasil teve no Rio Grande
do Sul o início da carreira política da atual presidente.
Não me declaro admirador
de Getúlio Vargas, Leonel Brizola ou Pedro Simon. Jamais defenderia
João Goulart ou qualquer outro governante gaúcho que tenha surgido
na cena brasileira, mas não vou deixar de dizer, sem meias palavras
– nós nunca estivemos tão mal representados! Despencou o nível
dos nossos homens públicos, calaram-se os nossos pensadores, e
vendeu-se a nossa imprensa! Os chamados “intelectuais” do Rio
Grande do Sul celebram em coro dentro das universidades a apologia do
aquecimento global, do casamento gay, das cotas raciais e da
liberação da maconha. No estado que tem fama de ser o mais
“machista” do Brasil os “gayuchos de bombichas” e a marcha
das vadias são recebidos como heróis. Se esses são os nossos
valores, se essa é a nossa virilidade, que vergonha ser gaúcho!
O Rio Grande tem na sua
história uma tradição de luta e de oposição que chegaram
inclusive ao conflito armado no século XIX mas hoje, independente
do alinhamento com o governo federal, duvido que exista um estado
mais acovardado em toda nação brasileira. Isto aconteceu porque uma
aberração política nascida em São Paulo foi amamentada com
carinho e com leite do rebanho do Sul. O meu estado, foi na sua
tradição de bipolaridade, a incubadora ideal dessa organização
criminosa chamada Partido dos Trabalhadores. Aqui ela teve espaço
para se expressar nas formas mais radicais possíveis e para fazer o
chamado “ajuste de tiro”, procedimento conhecido daqueles que,
atuando na artilharia, precisam conhecer bem a posição e as
capacidades do inimigo. Longe do centro do país, conhecido pela sua
história belicosa, e culturalmente distante do resto Brasil, nós
organizamos o Foro Social Mundial, recebemos terroristas do resto da
América Latina, implantamos políticas radicais de controle social e
adestramos uma imprensa medíocre num plano que, uma vez executado no
Rio de Janeiro ou São Paulo, impediria que a serpente chocasse seu
ovo em paz e o MST se sentisse “em casa”.
De tudo isso sobra uma
lição a ser deixada para o resto dessa nação continental – não
esqueçam mais do nosso Rio Grande, não lembrem desse estado só na
hora do churrasco e do Grenal, das suas mulheres bonitas e da sua
geografia, às vezes, europeia. Daqui sai também muita coisa
perigosa, aqui se escreve muita porcaria e se canta com um orgulho
ridículo um tempo de honestidade e coragem que há muito já vai
longe.
Tudo isso pode não
passar do desabafo de um gaúcho simples e com vergonha daquilo que
viu seu estado fazer com a política, mas vem de alguém que
pretende, talvez uma única vez, escrever de todo coração - em nome
do Rio Grande do Sul.
Dr.Milton Pires
Porto Alegre, 29 de maio
de 2013
Um comentário:
Texto primoroso. Mesmo não sendo gaúcho, o seu texto é admirável e serve para os outros estados que sustentam a bagunça generalizada deste país.
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