terça-feira, 25 de setembro de 2012

Somos mais realistas que o rei?

Em suas leituras matinais, o PoPa ficou sabendo que a tentativa de um deputado estadual em libarar alguns agrotóxicos para venda no Estado tinha pifado. Tudo porque as tais redes sociais fizeram um barulhão e própria RBS andou fazendo uma campanhazinha. Muito bem, se existem produtos que fazem mal à saúde, que sejam proibidos, mesmo!

Mas, é o que acontece, realmente? Vamos ver... o Brasil não é uma federação de verdade, com seus estados legislando separadamente. Proibem a venda de alguns produtos por aqui. Certo. Mas estes produtos são utilizados em outros estados, inclusive aqui do lado, em Santa Catarina. E, claro, o que eles produzem vem para cá... Estamos falando de rações animais, óleos vegetais, legumes, leite e derivados, patês e a conta é grande. Nossa legislação estadual não pode interferir no que eles produzem e não pode proibir que sejam comercializados aqui.

Quem ganha e quem perde em uma situação como esta? Os consumidores brasileiros - gaúchos inclusive - seguem comendo os produtos que nós, gaúchos, entendemos que não podem ser utilizados na produção. Ou seja, não usamos, mas comemos!

Como é bom ser o joãozinho do passo certo!

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Eleições em Pelotas

Por provocação do Maia, o PoPa tentou colocar idéia dele sobre o que rola na eleição pelotense.
Em primeiro lugar, os vereadores. Pressentindo que a mamata o importante serviço público oferecido por eles poderia acabar, os atuais edis resolveram aumentar as vagas de 15 para 21. E isso sem consultar ninguém, além dos cupinchas  colegas partidários. Assim, claro, as chances de continuar por lá, mamando trabalhando, são maiores. E o presidente da casa da mãe joana do povo ainda teve a cara de pau de ir para a imprensa e dizer que isso não aumentaria os gastos de manutenção da dita casa!!!! Analisando friamente os atuais candidatos, o PoPa resolveu que não vai votar em nenhum deles. Afinal, o menos ruim, na opinião do PoPa, é ruim demais. E tem aqueles candidatos: a empreguete, a santinha, o fonfon, o banha...

 Mas... e os prefeituráveis? Temos, novamente, o deputado Marroni querendo retornar à prefeitura. Se é para fazer o que fez quando aqui esteve, o problema é sério! Mas e os outros? O PoPa resolveu ler as propostas enviadas à justiça eleitoral (isso tem valor para ser cobrado depois?)

Marroni tem algumas preciosidades no seu projeto de governo. Na parte de meio ambiente, por exemplo, começa assim: A implementação do projeto neoliberal aprofundou os problemas ambientais no planeta. É mesmo? Isso quer dizer que o meio ambiente na China está perfeito, já que lá não existe um projeto "neoliberal"? A neosocialista Venezuela está com todos os seus problemas resolvidos nesta área, ou aumentaram com o socialismo bolivariano? O PoPa lembra de um caso, durante o governo Marroni, onde um condomínio de terrenos foi transformado em loteamento pois um secretário dele afirmava que se tratava de uma ação excludente, um gueto da "classe média". Aliás, recomendo a leitura do documento por eleitores potenciais de Marroni, pois estão colocadas todas as suas idéias ali. Com o uso excessivo das palavras "cidadã" e "transversalidade".

Eduardo Leite parece ser o menos ruim, mas não sabemos o que poderia fazer com um partido fraco na cidade, que é o psdb. Seu programa é muito enxuto, pequeno demais para ser avaliado. É um dos candidatos da base de apoio do Fetter (atual prefeito, que não deixou se criar nenhuma liderança no próprio partido, o pp, que vai ter candidato...)

Catarina Paladini do psb. O PoPa conhece pessoalmente o guri e sabe que tem boa intenção. Resta saber se vai ter gente à altura para tocar uma prefeitura como a de Pelotas. O programa dele é o mais bem elaborado, técnico e sem firulas. Se a leitura fosse motivo de decisão, seria o candidato do PoPa.

Jurandir Silva do psol, é agrônomo como o PoPa. Seu programa de governo faz uma excelente análise da situação atual da economia pelotense. Mas sua solução é aterradora: Nossa proposta é integrar indústria, comércio, serviços e agricultura em uma nova perspectiva, sob controle da população, fomentando a economia solidária, as cooperativas de trabalhadores, os investimentos públicos para geração de emprego e distribuição de renda.

Matteo Chiarelli do Dem, apresentou o programa mais sintético que o PoPa já viu até hoje. Em cinco itens, com não mais de 11 linhas no total, o candidato coloca suas idéias apenas superficialmente, usando os termos "comprometer-se", "aprimorar", "contribuir"... Fala sério! Este candidato também é da base de apoio do Fetter.

Cinco candidatos, no máximo duas opções "menos piores". O PoPa ficaria entre Catarina e Eduardo, mas não está disposto a apostar nisso no primeiro turno. No segundo, dependendo de quem estiver por lá, talvez o PoPa vote, afinal.


domingo, 23 de setembro de 2012

Na base do desespero

texto de opinião do Estadão, no dia de hoje.

Lula sente-se ameaçado. De fato, está. Seu governo corre o risco de receber diploma de improbidade com o julgamento da Ação Penal 470 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). E seu partido pode levar uma surra histórica nas urnas de 7 de outubro - como mostra o último Datafolha. São as razões do desespero que levou o ex-presidente a pedir socorro a alguns dos partidos da base do governo, constrangendo-os a subscrever uma nota dirigida "à sociedade brasileira" na qual se tenta colocar o chefão do PT a salvo das suspeitas a respeito de seu verdadeiro papel no escândalo do mensalão.
Como não pegaria bem atacar diretamente o STF injusto ou o eleitorado ingrato, a nota volta-se contra os partidos da oposição, que tiveram a ousadia de sugerir ampla investigação sobre quem esteve de fato por detrás da trama criminosa do mensalão, conforme informações atribuídas ao publicitário Marcos Valério pela revista Veja.

A propósito dessa suspeita natural que a oposição não teve interesse ou coragem de levantar em 2004, o comportamento do ex-presidente no episódio merece, de fato, algum "refresco de memória". Quando o escândalo estourou, Lula declarou que se sentia traído e que o PT devia pedir desculpas ao País; depois, em entrevista à televisão em Paris, garantiu, cinicamente, que seu partido havia feito apenas o que todos fazem - caixa 2; finalmente, já ungido pelas urnas, em 2006, lançou a tese que até hoje sustenta: tudo não passou de uma "farsa" urdida pelas "elites" para "barrar e reverter o processo de mudanças" por ele iniciado, como afirma a nota.

Por ordem do chefão essa manifestação de desagravo a si próprio foi apresentada pelo presidente do PT, o iracundo Rui Falcão, a um grupo selecionado de aliados. Da chamada base de apoio ficaram de fora o PP de Valdemar Costa Neto e o PTB de Roberto Jefferson, ambos sendo julgados pelo STF. O documento leva a assinatura dos presidentes do PT e de cinco outras legendas: PSB, PMDB, PC do B, PDT e PRB. Seus termos obedecem ao mais rigoroso figurino da hipocrisia política. Iniciam por repudiar a nota em que PSDB, DEM e PPS, "forças conservadoras", "tentaram comprometer a honra e a dignidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva". E a classificam como "fruto do desespero diante das derrotas seguidamente infligidas a eles pelo eleitorado brasileiro".

Para PT e aliados, numa velada referência ao processo do mensalão, as oposições "tentam fazer política à margem do processo eleitoral, base e fundamento da democracia representativa, que não hesitam em golpear sempre que seus interesses são contrariados". Nenhuma referência, é claro, ao fato de que, no momento, os interesses que estão sendo contrariados são exatamente os de Lula e do PT. Mas, em matéria de fazer o jogo de espelho, acusando os adversários exatamente daquilo que ele próprio faz, o lulopetismo superou-se em alusão explícita ao julgamento do mensalão: "Os partidos da oposição tentam apenas confundir a opinião pública. Quando pressionam o STF, estão preocupados em fazer da Ação Penal 470 um julgamento político, para golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula".

Nos últimos dias, os sintomas de desespero nas hostes lulopetistas traduziram-se em despautérios de importantes personalidades do partido. O presidente da Câmara dos Deputados acusou o ministro Joaquim Barbosa de ser falacioso ao denunciar a compra de apoio parlamentar pela quadrilha que, segundo a denúncia da Ação Penal 470, era chefiada por José Dirceu. O senador Jorge Viana (PT-AC), ex-governador do Acre, ele próprio investigado pela suspeita de compra de votos, voltou ao tema do "golpe contra o PT". E o deputado federal André Vargas (PT-PR), chefe da equipe nacional de Comunicação do partido, revelou sua peculiar concepção de transparência da vida pública ao condenar a transmissão ao vivo das sessões plenárias do STF como "uma ameaça à democracia". São esses os combatentes da "batalha do tamanho do Brasil" convocada pelo desespero de Lula&Cia. Convocação atendida também pelo cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, em esfuziante entrevista no jornal Valor de sexta-feira.