sábado, 22 de setembro de 2007

Esperando Pagot

Este é um país realmente estranho. O governo federal está cooptando senadores do DEM para suas hostes. Segundo o Estadão, Até a semana passada, o governo estava de olho em seis insatisfeitos do DEM, mas um dirigente do partido avalia que a lista dos cooptáveis ganhou mais dois nomes esta semana: os senadores Jayme Campos e Jonas Pinheiro, ambos de Mato Grosso. Segundo esse dirigente, eles estão contrariados por causa da obstrução à indicação de Luiz Antonio Pagot para o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte (DNIT), comandada pelo DEM e pelo PSDB.

Porque há esta obstrução ao nome de Pagot? A explicação está no mesmo Estadão:

Campeão de operações irregulares detectadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o Departamento Nacional de Infra-Estrutura dos Transportes (DNIT) está prestes a ficar nacionalmente conhecido por outro feito inédito. Com R$ 12 bilhões no Orçamento deste ano, o órgão será comandado por Luiz Antônio Pagot que, entre as competências comprovadas, tem a capacidade de ocupar duas funções administrativas, em Estados e cidades diferentes, e ainda exibir em ambos os postos uma assiduidade de humilhar o mais espartano dos funcionários públicos.

Documentos obtidos pelo Estado demonstram que Pagot, durante o período de 1995 a junho de 2002, exerceu o cargo de secretário parlamentar no gabinete do senador Jonas Pinheiro (DEM-MT). Ali, segundo atesta a ficha funcional do servidor, ele teve freqüência regular. A Secretaria de Recursos Humanos do Senado acrescenta ainda que em nenhuma ocasião "recebeu comunicado de incongruências ou irregularidades, quanto a sua freqüência no Senado ou em relação a sua eficiência na execução e no desenvolvimento de suas funções como servidor".

O problema é que, nesse mesmo período, o funcionário público Pagot ocupou a Superintendência da Hermasa Navegação da Amazônia S.A., na localidade de Itacoatiara, no Estado do Amazonas, a aproximadamente 3.300 quilômetros do gabinete em Brasília, onde era secretário parlamentar. Apesar da longa distância, Pagot supostamente comparecia todos os dias aos dois empregos.

NO LEBLON

De acordo com a sua declaração de Imposto de Renda de 1996, Pagot não só confirmou a Hermasa e o Senado como suas duas fontes pagadoras como adicionou um intrigante elemento em sua ficha. Declarou que morava na Rua Capitão Cezar Andrade, no abastado bairro do Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro. Portanto, além de trabalhar ao mesmo tempo no Amazonas e em Brasília, Pagot ainda poderia ser encontrado, de manhã, em alguma praia carioca.

"Ele é um fantasma e tem que devolver o dinheiro que recebeu, cerca de R$ 425 mil, ao erário", protestou o senador Mário Couto (PSDB-PA). O parlamentar tucano disse ter ouvido do próprio funcionário a informação de que realmente acumulara os dois cargos.

Procurado pela reportagem, o senador Jayme Campos (DEM-MT), um dos padrinhos da indicação, disse que não há impedimento para que Pagot assuma o posto no DNIT. De acordo com o parlamentar, o funcionário já forneceu ao Senado as informações sobre o fato de ter trabalhado em dois lugares no mesmo período e em Estados diferentes
(essa é muito boa. Não precisa investigar, pois as explicações dele são suficientes! Quais foram, mesmo?).

Jonas Pinheiro, outro padrinho de Pagot, ponderou que existe uma discussão em torno do fato de seu funcionário ter trabalhado ao mesmo tempo na Hermasa, no Amazonas, e no Senado, em Brasília. Na opinião do senador, não houve nenhuma irregularidade. "Ele era meu funcionário e executou bem as tarefas. A Hermasa, apesar de ficar no Amazonas, é uma empresa mato-grossense", justificou (e daí? também não fica em Brasília...). Pagot não retornou as ligações feitas pela reportagem na quinta e ontem.

Aí está! Um suposto corrupto indicado para comandar um órgão acusado de corrupção... Qual o verdadeiro interesse do Planalto em manter esta indicação? E não deixa de ser estranha a indicação de alguém tão umbelicalmente ligado a um sendador do DEM...

2 comentários:

PoPa disse...

Provavelmente, estes dois são votos do Renan - aqueles que mentiram seus votos.

Anônimo disse...

Caro amigo! Estou de volta! Sabe, juro que tento ser otimista, mas a falta de caráter desse povo me revolta demasiadamente. Mas, talvez a esperança seja sim a última que morre...Abraço!