Recebi uma postagem de um amigo sobre um assunto que o PoPa já falou e eu comentei. A postagem do José Benedito aborda com muita propriedade o embargo europeu e traz um pouco de sanidade para as declarações que o pessoal do governo anda dando por aí. Até pode se desculpar não é? A tchurma já está para lá de atrapalhada com o caso do cartão corporativo.
Vai ai o post do José Benedito:
Freguês, vai carne?
Na quarta-feira 30 de janeiro a União Européia informou a suspensão, por tempo indeterminado, de toda a importação de carne bovina brasileira. A decisão veio depois de os europeus dizerem que aceitariam carne de 300 propriedades e o Brasil remeteu uma lista com 2.861 propriedades.
Em 2 de fevereiro o Presidente do Brasil disse: “Eles têm vaca louca e ficam dando palpite.”
Na mesma ocasião o governador do Mato Grosso do Sul falou que os europeus “não têm competitividade com a gente nem no preço nem na sanidade”. “Que moral têm de vir nos sancionar?”
Dia 13 de fevereiro, na Comissão de Agricultura do Senado, o Ministro da Agricultura admitiu: - “Hoje eu tenho certeza disto: eles (frigoríficos) exportaram para a União Européia carne rastreada e não rastreada.”
Em 14 de fevereiro o Brasil manda uma nova relação, desta vez, com 523 fazendas.
O Estado de São Paulo do dia 15 de fevereiro informa que um diplomata radicado na Europa, declarou: “Isso aqui não é um bazar árabe.” Disse estar cansado da “irresponsabilidade de certos funcionários do governo. Os europeus não dependem da carne nacional.” Continuou ele: “ O Brasil precisa entender que os europeus não dependem da carne nacional. Temos só 6% do mercado da UE e, mesmo que haja alta nos preços do produto, somos nós que perdemos com o embargo. Temos que lembrar que a UE representa 21% de nossas exportações.”
O Correio do Povo, também do dia 15 de fevereiro, em sua página 18, destaca: “Um alto funcionário do Itamaraty classificou o caso como “papelão”.” Este alto funcionário revela que o Ministério da Agricultura sabia que as 2.861 propriedades não seriam aceitas, que a lista inicial tinha dados incompletos e que muitas fazendas apresentavam laudos sanitários inconclusos. Nesta mesma notícia fica-se sabendo que: “... fontes do governo informam que o documento não foi elaborado apenas com critérios técnicos, mas levando em conta pressão política.”
O Jornal Nacional do dia 15 de fevereiro informou que a UE é o maior comprador de carne bovina do Brasil.
Coloque-se na condição de fornecedor. O que você faria pelo seu maior cliente? Você daria declarações, para a imprensa, semelhantes áquelas do Presidente do Brasil e do Governador? Você acha que alguém, interessado em seu cliente, iria deixar de “levar quentinho” as frases para seu cliente? Você deixaria um Ministro seu (no caso, gerente do seu negócio) confessar que houve remessa de produtos certificados e de produtos não certificados? Mesmo depois desta declaração, você deixaria sair uma lista com mais do que os 300 terceirizados que o seu cliente (não se esqueça que ele é seu maior cliente) exigia?
Coloque-se na condição de cliente. Você sabendo que se Eles (no caso nós, Brasil) nos fornecem só 6% do nosso consumo e nós (no caso eles UE) compramos 21% de tudo que eles vendem, pensaria: -ou se enquandram ou vão procurar outros mercados? Como você se sentiria lendo as declarações dos Dirigentes do seu fornecedor? Qual a interpretação que você daria para as tentativas de mandar duas listas inchadas de terceirizados? Você voltaria a comprar deste fornecedor?
Existe um complicador neste caso. O produto não é camisa, roda de carro ou rádio portátil, é comida – envolve aspectos que podem prejudicar a saúde das pessoas.
Não vou aprofundar mais a análise de tudo que se passou. Do ponto de vista da ciência da administração, é uma senhora lição de como não se comportar em mercados competitivos. E o Brasil, na palavra dos seus dirigentes, cada vez é mais competitivo. Que os santos nos protejam.
Para encerrar, uma questão: tomara que desta tentativa de vender carne bovina não surja uma contenda diplomática com o mundo árabe: o que mesmo que o Diplomata quis dizer com – “Isso aqui não é um bazar árabe.”?
Porto Alegre, 15 de fevereiro de 2008 - José Benedito de Oliveira
7 comentários:
Este comentário do diplomata brasileiro se referindo ao bazar árabe vai dar o que falar em outro mercado importante. Quem sabe ofender um pouco a Russia também?
Bom, concordo com o cineman ele não deveria se referir a bazar árabe...Nossos diplomatas vou te contar...
beijos
O cara é um monstro! Mas, voltando às vacas, é óbvio que quem manda no mercado é quem compra. Não queriam rastreada, antigamente? isso nem existia, na verdade! Mas eles já estão indo mais além: querem saber da qualidade de vida dos animais e de quem cuida deles. É um direito de quem compra, exigir o que quiser, oras! E nós, se quisermos vender, temos que acompanhar. De quebra, nosso mercado interno fica melhor, também.
Na verdade, esta situação está muito parecida com a que o Chávez se encontra frente aos gringos. Bate nos caras e vende petróleo. Acha que vai fazer falta por lá... Neste caso, pior ainda, pois os gringos mantém a dependência de Chávez a eles e não o contrário. Quando cortarem a fonte, o bufão vai se atrapalhar demais! Aí, o cumpanhêro vai salvá-lo, claro...
Olá! Muito obrigado!Pois é, grande parte dos vídeos foi nota zero em criatividade neh! Uma pena que não tenha tido um juri! Mas o que importa é que curti o Planeta de graça, hehe! Ahhh,tenho uma novidade para você, que com certeza foi um dos meus maiores apoiadores com os teus comentários no meu blog! Estou lhe escrevendo esse comentário direto da redação de um jornal da minha cidade, estou trbalhando de repórter, ou seja, já começei a minha caminhada! Abraços amigo!
Popa, tem bolo pra ti lá no meu blog!!
beijos
Hehe, o PoPa adorou o bolo da Tita! Apesar de estar com níveis glicêmicos meio altos... :)
Incidente em Antares de Érico Veríssimo - A Missão
Postar um comentário