quarta-feira, 11 de março de 2009

PIB Gaúcho e a Agricultura Familiar

Ninguém mais que o PoPa aprecia a agricultura familiar. Na Zona Sul do RS, a concentração de propriedades abaixo de 50ha é notória e engloba mais de 50.000 unidades, todas elas dedicadas a algum tipo de exploração típica da agricultura familiar. E são notórias, também, a capacidade e a garra destas famílias, quase todas descendentes de alemães e italianos, com algumas pitadas de franceses, portugueses, libaneses...

Bem, é notória, também, a capacidade de distorção de estatísticas por parte de governos (não importa qual seja, desde que sirva à intenção do momento). O problema passa a existir quando estes números tornam-se verdades absolutas e se faz muito barulho em torno deles.

Por exemplo, o PoPa tem ouvido muito - e há muito tempo - da produção familiar ser 27% do PIB gaúcho. Ora, como pode ser assim, se a produção agropecuária TOTAL do RS mal atinge 15% do PIB? Mesmo considerando as commodities como a soja e a carne bovina e o arroz, praticamente todo em médias e grandes propriedades, este é o tamanho da agropecuária gaúcha.

Se considerarmos o agronegócio - palavrão para os neodemocratas - este número será bem maior, pois temos a indústria de máquinas, implementos e insumos, o setor florestal, a pesquisa, etc. Mas, claro, como eles não consideram o agronegócio em suas bravatas, ficamos somente com o PIB efetivo do setor primário.

E onde apareceu este número mágico, em primeiro lugar? Buscando no "tio Google", o PoPa descobriu que, em 2005, o então ministro da agricultura o gaúcho Miguel Rosseto, apresentou um estudo feito pelo professor Joaquim J. Guilhoto, titular da Faculdade de Economia e Administração USP. Neste estudo estava o número mágico: A agricultura familiar representa 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul, e as cadeias produtivas vinculadas ao campo representam metade do PIB do Estado. No Brasil, essa participação é calculada em 31%.

Não há nenhuma dúvida da importância da agricultura familiar na produção gaúcha. O que falta ser dito, é que esta agricultura é composta de pessoas que nasceram, cresceram e se desenvolveram na terra. Não são assentados, em sua esmagadora maioria. Não tem as benesses governamentais que tem os assentados. Não participam de invasões. São campesinos em sua expressão mais pura e honesta e não deveriam ser utilizados como números (errados) para que se dê atenção a uma reforma agrária capenga, sem sentido e sem produção.


O governo do Estado, no site da Secretaria de Planejamento, informa:

O setor agropecuário gaúcho apresentou em 2006 uma participação de 7,1% da estrutura do VAB com forte associação com o setor agroindustrial. De acordo com estudos existentes4, se somadas as atividades agroindustriais, esta participação chega a 30% da estrutura econômica, além de ser o setor econômico mais desconcentrado no território.

Mais um pouco sobre o VAB, com base em dados da FEEE (clica na imagem para conseguir ler):


Há uma pequena discrepância entre os percentuais no texto, pois a tabela é uma previsão (e o PoPa acredita que os números de 2005 estão mais próximos da realidade que os de 2006 - uma previsão pessimista em função da estiagem). Vamos lá! Como pode a agricultura familiar estar com 27% deste bolo? E, convenhamos, se formos passar para o lado dos assentamentos, não passaríamos de um traço nas estatísticas...

2 comentários:

Unknown disse...

Um traço muito fino.

Anônimo disse...

Mais uma falácia exposta.