Que o mundo está em crise, não há a menor dúvida. Mas muito do que se vê, aqui no Brasil, é uma crise fabricada pelo medo e pela dúvida. Medo do empresariado de produzir e não vender e medo do consumidor de comprar e não poder pagar. Medo do banqueiro de não receber o financiamento concedido, medo do governo em não receber sua parte da bolada.
De todos estes medos, o do governo é fácil de contornar: é só criar um novo imposto ou nova taxa, que tudo fica muito bem. Depois? Bem, depois é depois!
Mas alguns medos são equivocados, completamente. O PoPa tem contatos com empresários e prestadores de serviços e acompanhou um caso bem estranho: uma empresa da região, que cresceu a duras penas e já tem 10 filiais pela região, demitiu 30% de seus funcionários e cortou sua pequena verba publicitária. O PoPa perguntou se ele tinha reduzido as vendas.
- Não, disse o empresário. Estou me preparando para a crise!
- Mas não vais vender menos, com menos empregados?
- Quando a crise chegar ao meu setor, vou vender menos, claro.
- Mas com menos propaganda e com menos funcionários, é claro que vais vender menos!
- É a crise...
Um pouco - ou um muito - desta crise brasileira, é feita por nós mesmos, consumidores e empresários. E, neste caso, a grande imprensa tem uma participação importante, pois alastrou a crise a níveis sem precedentes nestepaís. O PoPa até acredita que Lpt tinha razão, quando dizia que, no Brasil, seria uma "marolinha". Deveria ser, mas algo saiu do controle. Empresários mais acostumados com especulação, estão alimentando a crise com doses cavalares de pessimismo. E a imprensa, que vende apenas más notícias, está a galope, vendendo bem...
5 comentários:
Tirando fora o caso dos automóveis eu acho que o ponto que levantaste é bastante correto. Para nossa sorte o LPT seguiu a cartilha do FHC melhor do que o próprio e a crise poderá ser bem mais leve que na Europa, Japao e Estados Unidos. Isto se não começarmos a agir como o empresário de tua história.
O caso dos automóveis é estranho. O governo retirou o IPI dos carros e as vendas dispararam. Exatamente por que? Por medo que, voltando o IPI, os preços vão subir, ou porque o dinheiro dava para comprar um carro zero? Foi simplesmente um "adiantamento de demanda" ou uma demanda correta? Olhando por este lado, o governo parece ter feito a coisa errada, pois levou a bolha para estourar mais tarde e ainda perdeu a grana do IPI... Ou, pelo menos, deu tempo para as montadoras desovarem seus enormes estoques e demitirem os que precisam ser demitidos, perdendo o menos possível de grana.
O aumento da inadimplência no setor deveu-se, principalmente, ao exagero que fizeram nos prazos de financiamento. 90 meses para pagar um carro é algo simplesmente inacreditável! Com a mania do brasileiro ver apenas o valor da prestação que tem para pagar, se atiraram sem pensar na compra do carro zero.
Depois, com o tempo, sem grana para manutenção correta, vão ficando cada vez mais depreciados, mais difíceis de manter, mas a prestação está lá, firme, impossível de ser transferida, pelo alto valor final.
Não sei. As bolhas provavelmente irão estourar, mas identificar as bolhas em um país que vive de intervenção na economia é muito complicado. Concordo com o Cineman, de que o governo está criando uma nova bolha com o fomento da indústria automobilistica. Pessoas que não iriam torrar dinheiro ali, bombardeadas por propaganda, decidiram que era um bom negócio. Bom, pode não ser o caso. Saberemos em alguns meses.
Não só os automóveis. As motos, que já não pagam IPI em Manaus, tiveram o próprio ICMS retirado pelo governo estadual de lá. Assim, estas promoções que ocorrem agora, vão sumir. Resolve-se o problema das grandes, criam-se novos. A antecipação de demanda, novamente, com a intervenção do estado. Não é um bom negócio, com certeza!
Postar um comentário