sábado, 11 de agosto de 2007

Testemunha Ocular

O PoPa ouviu vários relatos sobre o conflito, de moradores da cidade. Estava com um texto preparado para os 20 leitores (estamos crescendo...) do Pobre Pampa, quando leu este testemunho emocionado e verdadeiro, no Diário Popular de hoje. Impressionante!

Em frente ao salão paroquial da cidade de Pedro Osório, aguardávamos a abertura do portão de acesso à audiência pública solicitada pelo ouvidor agrário nacional, com o objetivo de debater a reforma agrária.

Representantes de entidades do comércio, da indústria e do agronegócio, que de maneira alguma são contra esta Reforma Agrária, lá estavam para questionar a forma como ela vem sendo conduzida, onde municípios como Herval, com enorme área desapropriada entre 1994 e 1999, figuram entre os que mais empobreceram no RS, no período de 1994 a 2004.

Há exemplos de reforma agrária bem-sucedida, como a do Banco da Terra (Arapã), ao lado do Assentamento Novo Pedro Osório (MST), que não gera conflitos, trazendo o desenvolvimento socioeconômico, de maneira sustentável.

Embora os portões da audiência ainda estivessem fechados, lá dentro estavam integrantes do MST, gritando que saíssemos dali, que só os seus iriam entrar, pois a “audiência era do povo”. De repente, um outro grupo de sem-terra, que se dirigia para o Fórum, surpreendendo a todos, virou a esquina em direção aos produtores rurais, que aguardavam em frente ao salão paroquial. Numa formação militar em forma de cunha, abriram caminho entre os produtores rurais, empunhando bandeiras e taquaras pontiagudas. Ficamos, eu e outros, prensados entre o portão de ferro e a massa de sem-terras que entrara no meio dos produtores rurais. Eu me segurava no portão, já de frente para o conflito. Lá de dentro, um homem tentava desprender a minha mão, enquanto uma sem-terra me sacudia, gritando que saísse dali. Ao redor, cidadãos eram empurrados, para que não entrassem no recinto da audiência. Quando o presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos fez menção de entrar, foi violentamente jogado de volta. Um integrante do MST atingiu com um tijolo o rosto de um produtor de 73 anos, que estava ao meu lado. O segundo produtor caiu, também com um tijolo no rosto. Um veterinário, atingido por um golpe nas costas, virou-se para reagir e ficou sem ação, quando viu que a arma utilizada era um bebê nas mãos de uma mulher

Seguiu-se um confronto violento, com tijolos jogados de dentro do prédio e mastros de bandeira estocados através das grades. A Brigada Militar interveio, os produtores se afastaram, mas os tijolos continuaram sendo arremessados de dentro do prédio enquanto os militares eram impedidos de controlar a situação, com uma massa tentando fechar os portões.

O ouvidor agrário, protegido pela Polícia Federal, esteve com o MST, mas em nenhum momento procurou os cidadãos e produtores rurais que queriam lhe falar do lado de fora. Aos de fora, ficou a nítida impressão de que o nome de audiência pública acobertava na verdade uma audiência privada onde Incra, MST e Ouvidoria falariam a mesma língua, sem permitir o exercício da democracia. Uma audiência pública de convites direcionados, cujas regras não foram divulgadas, que não respeitava a ordem de chegada, “organizada” sem preocupação com a segurança e com os portões controlados pelo MST.

Ninguém me contou, eu estava lá e vi o tipo de democracia que está se instalando no Brasil.

Marta Fernandes de Sousa Costa - Escritora


Entenderam? A "audiência pública" convocada pelo Incra, não era para ouvir o povo da região, mas apenas o MST! O representante do Incra ainda teve a cara-de-pau de dizer para o povo que ali estava, que poderia fazer uma "audiência pública" para eles. EPA! Sujeito esquisito!

O povo de Pedro Osório não estava esperando um conflito. Aguardavam placidamente o início da audiência. É fácil constatar isto, através das fotos que estão no site www.pedroosorio.net, onde se vêem mulheres e idosos na frente do salão. O PoPa tinha absoluta certeza do conflito, pois conhece os métodos do MST. Eles precisam das manchetes e somente podem consegui-las através de ações que apareçam na mídia, preferencialmente, como vítimas.

Um deputado do PT tentava fechar o portão, para evitar a entrada do povo de Pedro Osório. Dentro do recinto, tinha ficado um ruralista e um brigadiano, que começaram a ser agredidos. Neste momento, para resgatar seu companheiro, a BM forçou a entrada. O deputado do PT ainda tentou intimidar a BM, com um "carteiraço". Felizmente, outros dois deputados chegaram ao local e equilibraram as forças, digamos, democráticas no local.

Também hoje, na Agência Chasque de Notícias, a informação: "A Ouvidoria Agrária do Rio Grande do Sul vai receber na manhã da próxima segunda-feira (13) os integrantes do MST que foram feridos no confronto com ruralistas em Pedro Osório nesta quinta (9). Eles denunciam que foram vítimas da violência dos fazendeiros e da Brigada Militar, momentos antes de uma audiência pública". EPA! Esta Ouvidoria é Agrária ou é uma Ouvidoria do MST? E os feridos entre o povo de Pedro Osório não serão ouvidos? Bem, deve ser mais ou menos como a tal audiência "pública"...

Imagem: uma mulher e sua "arma". Imagem do site pedroosorio.net

10 comentários:

Moita disse...

Pampa

O MST é uma organização de marginais que precisam ser processados e presos por desordem pública. Só isso.

Até quando veremos a ordem jurídica vigente ser desrespeitada?

Abraços

nedelande disse...

A Ouvidoria Agrária é do MST? Claro que é. A ouvidoria agrária (que passo a grafar em minúsculas) é um órgão do Ministério de Desenvolvimento Agrário, um dos poucos redutos do governo Lula onde a esquerda raivosa se instalou e continua, contra a vontade do chefe é claro, querendo implantar uma ditadura do proletariado no Brasil. É a turma do Rosseto e cia. Que ouvidores vocês acham que estão instalados lá? Pessoas que queiram realmente escutar todos os lados?
Se vocês forem ao Portal do Ministério de Desenvolvimento Agrário vão encontrar a ouvidoria agrária e seus textos. Começa com um ultra neo liberal "Missão e Objetivo" dizendo que a missão é garantir os direitos humanos e sociais do homem do campo - leia-se homem do acampamento. Depois de uma conversa mole sobre o histórico ela apresenta o que parece ser sua única produção escrita. Os Relatórios da Ouvidoria Agrária. Leiam os relatórios. São relatórios mensais que a única coisa que dizem é o número de "ocupações" realizadas no Brasil naquele mês. Apresenta depois um pequeno gráfico mostrando a evolução ou involução das "ocupações" por estado e por mês. Se vocês conseguirem entender o objetivo do relatório que é absolutamente igual desde 2004, nenhuma análise crítica portanto, por favor me expliquem. Existe também uma estatística das mortes no campo, divididias em causadas por conflito agrário ou não. Resumindo a ouvidoria é um órgão que não pode de forma alguma ser considerado imparcial, aliás o ouvidor que estava em Pedro Osório já tinha se referido aos companheiros do MST. Comecem a se mexer para conseguir outro tipo de audiência pública coordenada por alguma organização menos parcial senão só vai ser um referendo para as "ocupações"

nedelande disse...

Leiam esta entrevista do Ouvidor Agrário Nacional no Carta Maior e vejam o que dá para esperar dos meninos.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=13870&editoria_id=2

Anônimo disse...

Bandidos e covardes.

Sempre que fazem alguma manifestação pública, qualquer que seja, estão sempre armados com foices, paus, taquaras. Certa vez vi um simpatizante do grupo dizendo que a foice era um símbolo, e que por este motivo esta sempre presente. Bom, que expliquem isso a familia do brigadiano que foi degolado anos atrás em POA, ou aos que são ameaçados por este "símbolo" em suas manifestações.

Outra coisa que, podem reparar, sempre acontece é a presença de crianças pequenas na linha de frente das manifestações deste grupelho de sem-vergonhas. Os pais, irresponsáveis, sabendo que tais ações quase sempre terminam em violência, usam suas próprias crianças pequenas (e as vezes bebes) como escudos (aposto que chegam a torcer para que algo aconteça as criancas para depois acusar violencia policial).

E por aí vai. O que aconteceu na cidade de Pedro Osório, tenho certeza, eh o que acontece em todas as cidades e regioes que sofrem com essa calamidade que eh o MST e o PT. Orfaos de Mao, Stalin, Lenin, Guevara suas conviccoes democraticas sao tao sinceras quanto sao autenticas suas origens campesinas.

PoPa disse...

Impressionante! Ouvidor, imagina-se, é alguém que escuta as partes e faz mediação, sem tomar partido. Ter uma ouvidoria que é totalmente partidária (em todos os sentidos) é algo que assusta qualquer um que pense em democracia.

PoPa disse...

Pedro Osório tem um histórico de cidade pacata, de vida simples. Não há o que esta esquerda chama de elite, pejorativamente, por lá. Sim, há uma elite, no sentido apropriado, gente que gosta da vida simples, das amizades locais, dos CTGs, dos bailes. Gente que não gosta de arruaça, que não colocaria os filhos em situação de perigo, nunca! Arruaceiros estão transtornando esta pequena cidade!

PoPa disse...

Moita, parece que não existe leis para este tipo de movimento. A "ouvidoria" do Incra ouve somente eles, o governo incentiva, através do MDA, as invasões, chamadas por eles de "ocupações". Acho que só no Brasil, arruaceiros invadem, quebram, roubam e só saem com decisão judicial e, mesmo assim, é preciso ação policial.

E ganham rios de dinheiro para poder sustentar este tipo de atividade. É um movimento clandestino, com o apoio institucional do governo e de várias entidades. A eles não interessa a produção primária, até porque não existe nestepaís, nenhum assentamento emancipado (que viva com seus próprios recursos).

nedelande disse...

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=13870&editoria_id=2
Este é o endereço completo que tem a entrevista do ouvidor agrário nacional, desenbargador Gercino da Silva, que eu colei mal lá em cima. Ai vocês vão ver diversas coisas interessantes:
1. Temos notificado os movimentos sociais que nós (governo) apoiamos integralmente as mobilizações, desde que sejam dentro da legalidade.(?)
2. Com referência as área improdutivas (?) e griladas, nós entendemos que as ocupações destes imóveis são legitimas.
3.O desempate entre o que os fazendeiros falam e o que os movimentos sociais entendem (vejam a sutileza) é feito pelo Incra. (beleza não é?)
4. Onde não há (vara agrária especializada)o juiz aplica o direito civil a estas questões, e ai entendemos que eles não agem da melhor maneira (claro, aplicam a lei)
5. A CM pergunta: nestes casos então a justiça estaria contribuindo para o acirramento dos conflitos? (pergunta combinada claro). A reposta do ouvidor: Sem dúvida. ...uma liminar de despejo concedida sem a verificação do cumprimento da função social ou produtividade da propriedade não encontra respaldo entre os trabalhadores (claro que não, assim como a prisão de um ladrão não encontra respaldo entre os ladrões, a destituição do Calheiros não encontra respaldo entre seus pares)Continua a resposta: trabalhadores que na maioria das vezes já sabem, quando ocupam uma propriedade, se ela é grilada, improdutiva ou tem trabalho escravo.(Quem será que informa eles que a propriedade é improdutiva pelos indices do Incra?)
6. E aqui uma perigosa, respondendo sobre a Medida Provisória 202227-36 que proibe a desapropriação de áreas ocupadas..
Se a ocupação do imóvel ocorreu em uma pequena parte (defina pequena parte), não atrapalhando a atividade produtiva e o direito de propriedade do dono do imóvel (claro que tudo na interpretação do Incra e da ouvidoria), o Incra pode vistoria e desapropriar.
Tem mais. Merecia um comentário detalhado para cada ponto da entrevista mas eu não estou com vontade. Por sinal.. Cansei.
Mas sugiro que o PoPa faça uma postagem que merece.

PoPa disse...

Atendendo à recomendação, um post sobre o "ouvidor". Quantazoreias esse cara tem?

nedelande disse...

Provavelmente só a esquerda.