sábado, 26 de julho de 2008

O que é revolução - Sin EVAsión

O PoPa gosta de muitos blogs estrangeiros e especialmente dois cubanos: Generación Y e Sin EVAsion. Neste último, alguns posts interessantes, como este:

Um jovem colega brasileiro me perguntou o que é, para mim, "revolução" e descobri, atônita, que dificilmente saberia responder. Balbuciei algumas palavras meio ocas, alguns termos que somente definem o significado gramatical do vocábulo: revolução social é uma mudança súbita, de caracter violento, ruptura, substituição do poder de uma classe por outra, surgimento de novas classes de proprietários e despossuídos, transformação... Mas fiquei pensando nisso porque "revolução", ao menos para os cubanos, é algo praticamente indefinível. De fato, a revolução cubana há muito tempo deixou de sê-lo. Ou seja, aqui as coisas não mudam há décadas e também por décadas, o poder tem estado nas mãos de uma mesma classe: a nova burgesia socialista formada por alguns dos mesmos burgueses de antigamente, apoiados por um nutrido grupo de medíocres representantes da meritocracia "proletária". A transformação mais significativa que segue ocorrendo, é o contínuo aumento dos despossuídos; que agora não o são somente em relação aos bens materiais, mas também aos direitos.

Enfim, o jovem colega brasileiro colocou-me em uma situação difícil, involuntariamente. Pessoas como eu não gostam de pensar em revolução; rechaçamos o termo de maneira natural e quase incondicional. Chegamos a perceber, como sinônimos, os vocábulos revolução e involução.

Por outro lado, ao nível subconsciente, renunciamos há muito tempo tentar defini-la. Como explicar com palavras, o fenômeno que durante 50 anos absorveu nossas vidas e marcou nosso destino como indivíduos, como povo e como nação? Como conceitualizar meio século de ditadura de mentiras, de destruição, de falsa ideologia, de um mito fabricado sobre o sacrifício de várias gerações de cubanos? Como se poderia explicar com palavras a generalização da pobreza e da corrupção, da institucionalização da mentira, o medo, a delação, a deterioração moral e material, a incerteza, a fratura, a perda dos valores, a desesperança? Revolução é uma velha enferma, magra, pálida e fria; um triste fantasma que mancha a premonição de um holocausto. Ninguém a vê, poucos a escutam, alguns oportunistas ainda prosperam em sua sombra e também são muitos (incluindo estes e outros oportunistas) os que aguardam ansiosos que, finalmente, a caduca anciã repouse em paz para sempre.

2 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Ela escreve bem e a tua tradução é muito boa, Popa.

Anônimo disse...

Ela, realmente escreve bem. E agora, resolveu mostrar sua verdadeira identidade, o que é algo muito sério em uma sociedade como a cubana! A tradução, como um índio fronteiriço, pelo duro, é quase automática, mas as vezes, é preciso uma consulta a um dicionário...
Saludos!